Pesquisa relaciona baixo nível de hormônio a diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares
Estudo mostrou que quanto menor a quantidade do hormônio andropina no organismo de uma pessoa, maior o número de fatores de risco para doenças associadas à síndrome metabólica, como hipertensão e colesterol alto
Diabetes: baixos níveis do hormônio andropina podem
influenciar na resistência à insulina, levando à diabetes tipo 2
(Thinkstock)
CONHEÇA A PESQUISAO hormônio em questão é a adropina (adropin, em inglês), descoberto recentemente. Acredita-se que a substância tenha um papel importante na regulação do metabolismo e dos níveis de glicose no sangue. Em estudos feitos anteriormente pela mesma equipe, os pesquisadores mostraram que camundongos que foram induzidos à deficiência desse hormônio desenvolveram resistência à insulina e, consequentemente, apresentaram um maior risco de diabetes tipo 2.
Título original: Low Circulating Adropin Concentrations with Obesity and Aging Correlate with Risk Factors for Metabolic Disease and Increase after Gastric Bypass Surgery in Humans
Onde foi divulgada: periódico The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism
Quem fez: Andrew Butler, Charmaine Tam, Kimber Stanhope, Bruce Wolfe, Mohamed Ali, Majella O’Keeffe, Marie-Pierre St-Onge, Eric Ravussin e Peter Havel
Instituição: Instituto de Pesquisas Scripps, Estados Unidos
Dados de amostragem: 120 pessoas de 18 a 70 anos
Resultado: Baixos níveis do hormônio adropina estão associados à incidência de fatores de risco para a síndrome metabólica.
Os autores também observaram que animais obesos tinham níveis extremamente baixos da substância, e que a aplicação de injeções contendo adropina foi capaz de reverter a resistência à insulina.
Dessa vez, a pesquisa foi feita com seres humanos e envolveu, ao todo, 120 homens e mulheres de 18 a 70 anos de idade. Segundo os autores, os menores níveis de adropina foram observados nos participantes que apresentavam o maior número de fatores de risco para síndrome metabólica — hipertensão, açúcar elevado no sangue, excesso de gordura abdominal, baixo nível de bom colesterol e índices elevados de ácidos graxos.
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Saiba mais
SÍNDROME METABÓLICAÉ caracterizada por um grupo de fatores que predispõem às doenças cardiovasculares, ao diabetes e - quando as doenças ocorrem associadamente - à morte prematura. Para ser diagnosticado com síndrome metabólica, o paciente deve se enquadrar em três ou mais das seguintes características: hipertensão, açúcar elevado no sangue, excesso de gordura abdominal, baixo nível de bom colesterol e índices elevados de ácidos graxos.
O trabalho também indicou que os níveis desse hormônio tendem a diminuir com a idade, especialmente após os 30 anos. "Os dados desse estudo fornece fortes evidências de que baixos níveis de adropina podem ser indicadores de risco para a resistência à insulina e, consequentemente, um risco aumentado para doenças metabólicas, incluindo diabetes tipo 2", disse Andrew Butler, coordenador da pesquisa.
Opinião do especialista
Claudia Cozer
Endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso)
Endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso)
"Esse
hormônio ao qual o estudo se refere é produzido pela gordura abdominal.
Na verdade, o tecido adiposo abdominal produz diversos hormônios. Parte
deles é prejudicial à saúde, e, entre outros efeitos, aumenta o apetite
e diminui a atividade do metabolismo. Outros, no entanto, são
benéficos, responsáveis por um metabolismo mais saudável, por provocar
maior saciedade, entre outras coisas.
A adropina é um
desses hormônios 'do bem', e é mais uma substância envolvida na
obesidade e na síndrome metabólica. É o mais novo hormônio desse tipo
que foi descrito, mas não é o único que está associado a esses
problemas. Assim como os outros já conhecidos, atua nos níveis de
colesterol e de glicose no sangue.
Se, por um lado,
a redução da gordura abdominal é capaz de diminuir a produção desses
hormônios ruins, não sabemos o que pode aumentar ou reduzir a produção
dos bons hormônios, como a adropina.
Como as
mulheres e as pessoas mais velhas têm maior tendência à obesidade e a
síndrome metabólica, faz sentido o resultado que apontou menores níveis
da adropina entre mulheres com peso normal.
Esses hormônios
são estudados para que encontremos algum que seja especial, que atue de
maneira mais intensa na síndrome metabólica e que possa vir a ser alvo
de novos tratamentos contra obesidade e doenças associadas."
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