Pesquisa mostra que apenas um quinto dos casos de infecção pela ‘Clostridium difficile’ acontece nos hospitais. Segundo os cientistas, para diminuir sua transmissão, é mais importante reduzir o uso de antibióticos do que controlar o ambiente hospitalar
A bactéria 'Clostridium difficile' tem adquirido uma
resistência cada vez maior aos antibióticos. Isso permite que ela se
dissemine quando o paciente passa por um tratamento com esse tipo de
medicamento, pois as outras bactérias de seu corpo são mortas
(Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos)
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Diverse Sources of C. difficile Infection Identified on Whole-Genome Sequencing
Onde foi divulgada: periódico New England Journal of Medicine
Quem fez: David Eyre, entre outros pesquisadores
Instituição: Universidade de Oxford, entre outras
Dados de amostragem: 1250 pacientes britânicos infectados com a Clostridium difficile
Resultado: Os pesquisadores realizaram análises genéticas das bactérias em todos esses pacientes e descobriram que apenas 19% delas haviam sido transmitidas dentro dos hospitais. Ao mesmo tempo, constataram uma queda na transmissão da bactéria durante o período do estudo — tanto entre os indivíduos infectados nos hospitais quanto fora. Assim, concluíram que, mais importante do que o controle do ambiente hospitalar, foi uma redução no uso de antibióticos para controlar a bactéria.
A Clostridium difficile infecta o intestino, liberando
toxinas capazes de lesionar o órgão - o que causa diarreias e colites.
Nos últimos anos, os pesquisadores têm constatado um aumento na
resistência da bactéria aos antibióticos, o que dificulta mais ainda o
tratamento contra a infecção.Título original: Diverse Sources of C. difficile Infection Identified on Whole-Genome Sequencing
Onde foi divulgada: periódico New England Journal of Medicine
Quem fez: David Eyre, entre outros pesquisadores
Instituição: Universidade de Oxford, entre outras
Dados de amostragem: 1250 pacientes britânicos infectados com a Clostridium difficile
Resultado: Os pesquisadores realizaram análises genéticas das bactérias em todos esses pacientes e descobriram que apenas 19% delas haviam sido transmitidas dentro dos hospitais. Ao mesmo tempo, constataram uma queda na transmissão da bactéria durante o período do estudo — tanto entre os indivíduos infectados nos hospitais quanto fora. Assim, concluíram que, mais importante do que o controle do ambiente hospitalar, foi uma redução no uso de antibióticos para controlar a bactéria.
Para mapear a origem e a disseminação da Clostridium difficile, os pesquisadores verificaram todos os casos de infecção documentados na cidade de Oxfordshire, na Inglaterra, entre 2008 a 2011. Eles analisaram geneticamente as bactérias envolvidas em todos os 1250 casos da doença, em busca de semelhanças que pudessem usar para traçar a transmissão do micróbio de um paciente para outro. Também foram verificados registros hospitalares, para saber se a transmissão poderia ter acontecido dentro do hospital.
Ao analisar o DNA das bactérias, descobriu-se que 35% dos casos eram tão geneticamente parecidos que poderiam ser causados pela transmissão direta entre os pacientes. Desse grupo, pouco mais da metade (55%) pode ter sido infectado dentro do ambiente hospitalar. No total, apenas 19% de todos os casos da doença poderiam ser claramente associados à transmissão no hospital.
Resistência bacteriana — Os pesquisadores também descobriram que o número total de casos da doença caiu durante os três anos de estudo — não importando se o paciente foi infectado no hospital ou fora dele. Isso sugeria que algum outro fator estava envolvido no combate à bactéria, não só o controle do ambiente hospitalar. "Temos de ser claros: boas medidas de controle da infecção têm ajudado a minimizar as taxas de transmissão nos hospitais. No entanto, nossa pesquisa sugere que algum outro fator deve estar agindo para essa redução. A Clostridium difficile é resistente aos antibióticos, e essa pode ser a chave”, afirma Tim Peto, autor do estudo e pesquisador da Universidade de Oxford.
Os pesquisadores dizem que, no mesmo período em que a pesquisa foi feita e o número de infecções caiu, houve uma diminuição no uso de antibióticos nos hospitais estudados. "As pessoas costumam ficar doente com a Clostridium difficile depois de tomar antibióticos, porque esses medicamentos não matam apenas as bactérias ruins, mas também as boas que se alojam no intestino humano. Assim, a destruição das outras bactérias permite que a resistente Clostridium difficile assuma o controle”, afirma David Eyre, pesquisador da Universidade de Oxford que também participou da pesquisa.
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Assim, segundo os cientistas, uma explicação para a queda de todos os tipos de infecção com a bactéria é o uso mais cuidadoso de antibióticos nos hospitais, o que impediria as pessoas de adoecerem com a Clostridium difficile, mesmo que já a tragam em seus intestinos. "Nosso estudo indica que a restrição do uso de antibióticos pode ser mais eficaz na redução do número de pessoas que adoecem com a bactéria do que controlar as taxas de transmissão no hospital", diz David Eyre.
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