O 2º turno já começou, isto se a Dilma não levar já no primeiro turno.
O ingresso de Marina Silva no PSB tem implicações sobre o conjunto da campanha presidencial para 2014. Na prática, o segundo turno já começou.
Vamos entender o que aconteceu. Ao oferecer o PSB para Marina Silva, Eduardo Campos trouxe, para dentro de sua legenda, a candidata que é segunda nas pesquisas de intenção de voto. O próprio Eduardo Campos está em quarto lugar, não sái do chão e acaba de sofrer uma derrota interna importante. O governador do Ceará, Cid Gomes, deixou o PSB. Em matéria de dissidência, seria equivalente, no PSDB, a Geraldo Alckmin romper com Aécio Neves e abandonar o partido, levando embora os votos de São Paulo.
Acabo de ouvir um líder importante do PSB. Ele me garante que
Campos e Marina vão formar uma chapa e que o governador de Pernambuco
será o titular, deixando para a nova aliada o cargo de vice. Por mais
respeito que tenha por este cidadão, sei que os segredos fazem parte da
política. Duvido e dou risada. Não acho que Marina foi ao PSB para ser
vice de um candidato que tem 20% de suas intenções de voto. Se fosse
para isso seria melhor ficar em casa em nome dos princípios de que era
Rede de Sustentabilidade e pronto.
Essa composição resolve muitos problemas para as partes. Assegura
uma legenda a candidatura de Marina. E pode abrir uma saída para seu
novo parceiro. Enfraquecido e seu perspectivas de crescimento na
eleição presidencial, Eduardo Campos fica liberado para disputar uma
eleição que pode vencer, para senador, em vez de correr o risco de ficar
sem um único mandato para chamar de seu depois de 2014.
Mas não é só isso. Se Marina era a única candidata da oposição que
não fazia água, um eventual crescimento de sua candidatura nos próximos
meses pode provocar outra mudança. Estou falando de Aécio Neves.
Até março de 2014 será preciso definir, oficialmente, quem concorre
a qual posto eleitoral. Imagine se, até lá, Aécio estiver no mesmo
lugar de hoje, em terceiro, mas a uma boa distancia do segundo lugar.
Estará diante do mesmo cenário de Eduardo Campos: sofrer uma derrota e
ficar sem mandato.
O apoio a Marina, em nome do conhecido discurso de “unidade das
oposições”, pode ser uma excelente oportunidade para Aécio mudar o rumo
de sua campanha. Teria a benção de boa parte dos empresários e, com
certeza, dos meios de comunicação.
Basta olhar para a disputa pelo governo de Minas, onde o PT
apresenta-se com um ministro e um dos maiores empresários do Estado,
para constatar que, pela primeira vez em sua história, o PSDB
encontra-se sob o risco real de uma derrota por falta de candidato a
altura. Se ficar sem chance na luta presidencial, Aécio poderia ser
levado a salvar os móveis do PSDB na disputa estadual. Essa
possibilidade, que parece muito remota agora, explica a permanência do
eterno candidato a presidente José Serra no PSDB.
Por trás de tantas mudanças, encontra-se uma situação real, que é o
temor da oposição, que pode sofrer uma quarta derrota consecutiva para o
condomínio Lula-Dilma desde 2002. Com 38% das intenções de voto, contra
32% para a soma dos adversários, Dilma ameaça os concorrentes com uma
possível vitória no primeiro turno. É essa musica adversa que provoca
tantos movimentos, rápidos e surpreendentes pela coreografia, entre
seus adversários.
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