Bem-sucedidas, ricas, poderosas... antes dos 30! Cada vez elas chegam cedo ao topo das empresas - ou criam as suas próprias. Você também pode ser uma delas
Marina Oliveira
Pew Research Center: 66% das mulheres de 18 a 34 anos colocam a carreira entre as coisas mais importantes da vida
Foto: Fernando Louza
Foto: Fernando Louza
NÃO RESPEITAR AS REGRAS
Estar com 20 e poucos anos não garante o reconhecimento profissional e a conta bancária de seis dígitos. Numa mesma geração Y, onde todos cresceram com a internet, há pessoas de todos os tipos. Sendo que os bem-sucedidos são aqueles que conseguiram se desvencilhar dos estereótipos de falta de atenção, ansiedade em querer queimar etapas, desrespeito à hierarquia e descontrole emocional. Mas mantiveram a ousadia. Não é que rasguem o manual de conduta das empresas. Apenas não param no primeiro obstáculo, como mostra a escalada meteórica da paulistana Bel Pesce. Aos 25 anos, ela construiu uma carreira admirável. É fundadora de uma startup no Vale do Silício, na Califórnia, autora de dois livros, entres eles, o best-seller de carreira A Menina do Vale (Casa da Palavra), e criadora da FazInova, uma escola de empreendedorismo no Brasil.
Tudo começou quando, aos 17 anos, ela quis estudar no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), uma das instituições mais prestigiadas do mundo e que é supercriteriosa para selecionar seus alunos. Mas Bel havia perdido a data para se inscrever na prova e ser entrevistada por um ex-aluno da instituição, um pré-requisito. Decidida a transformar o "não" em "sim", como gosta de dizer, ela descobriu o endereço de um antigo estudante do MIT em São Paulo e bateu à porta dele em busca das referências. Com elas em mãos, foi até o local do teste, mesmo sabendo que não havia prova para ela, já que a instituição envia exatamente uma avaliação por aluno inscrito. "Vai que alguém desiste", pensou. E não é que aconteceu?
No ano seguinte, Bel era provavelmente a aluna com mais disposição do MIT. Em quatro anos, se formou em engenharia elétrica e ciência da computação, matemática, economia e administração - ufa! Durante os sete anos em que morou fora, trabalhou na Microsoft e no Google até descobrir sua vocação para empreender. "Eu nunca me importei com a minha idade, nunca pensei que era muito nova para fazer alguma coisa. Ia a eventos e palestras para conhecer pessoas diferentes, compartilhar minhas dificuldades e aprender mais", afirma.
MUDAR. E MUDAR DE NOVO
É verdade que pessoas mais jovens têm mais energia, espontaneidade e não se amedrontam diante dos riscos. Por isso tudo, são mais flexíveis às mudanças. E até gostam delas. As competências técnicas levaram a catarinense Natália Boeira, 29 anos, a ocupar a presidência de uma tradicional indústria de bombas e motores hidráulicos do país, a Hybel, ainda aos 27 anos. Mas ela sabia que, para enfrentar novos desafios, deveria buscar novos conhecimentos. Formada em administração com habilitação em comércio exterior, partiu para um mestrado em estratégias organizacionais, ministrou aulas e atuou como pesquisadora. Ter um bom repertório teórico deu a ela estrutura para superar algumas barreiras profissionais, inclusive a cultura machista. Meu conhecimento em mecânica é fundamental para que eu possa comandar uma empresa do setor, além de me garantir segurança nas decisões, conta. Desde sua contratação, a empresa cresceu mais de 40%, triplicou a capacidade produtiva e expandiu o número de suas unidades de sete para 13. Saio da minha zona de conforto. Mesmo quando tudo vai bem. Dizem que em time que está ganhando não se mexe. Eu acho que se mexe, sim, afinal o mundo, o mercado, as pessoas estão em constante mudança.
PENSAR FORA DA CAIXA
Ousar, arriscar, fugir de fórmulas prontas. Para se destacar, tem que agir diferente. E só consegue fugir do senso comum quem se dedica ao máximo sai menos com as amigas e com o gato e vê surgirem algumas olheiras por falta de sono. A paulista Gina Gotthilf, 27 anos, que se tornou diretora de desenvolvimento internacional do Tumblr aos 25, sabe desde o começo da carreira que, num mercado competitivo, o básico não sustenta. Fazer apenas o que lhe é proposto e colocar a bolsa no ombro quando o relógio bater 18 horas vai manter seu emprego, e olhe lá! Quando trabalhava como babá nos EUA para pagar a faculdade, eu já fazia questão de ser a melhor. Não bastava manter a criança comportada, eu queria ensiná-la a nadar. Responsável pelo crescimento da plataforma no Brasil durante o ano de 2012, quando recebeu a primeira proposta da Tumblr, Gina já tinha passado por três agências de mídia digital e aprendido a negociar o próprio valor. Em seu primeiro estágio, ouviu do gestor que não receberia nada pelo trabalho. Argumentou. Me ofereceram 10 dólares por hora, porque tive a coragem de pedir, diferentemente dos outros, diz. Anos mais tarde, ao receber o convite do Tumblr, Gina a princípio recusou, tinha planos de fazer um mochilão pelo mundo. A passagem estava comprada. A empresa propôs que ela integrasse um time que percorreria diversos países onde a plataforma pretendia ter mais presença, assim poderia unir as duas coisas. Com as habilidades adquiridas nessa última experiência, hoje ela coordena sua própria empresa, a Ginga Global, focada em assessorar companhias internacionais que buscam expandir seu negócio no Brasil.
DICAS VALIOSAS
Encontre alguém que a inspire.
Pode ser uma pessoa com quem já trabalha ou mesmo uma famosa executiva do mercado. Isso vai fazê-la perceber o que tem valor para você e o que tornará mais fácil o seu desenvolvimento na direção que escolheu seguir.
Descubra suas qualidades.
Cada uma de nós tem características próprias que, se bem trabalhadas, podem levar ao destaque profissional. Pergunte a seus colegas de trabalho e a seus gestores (atuais e antigos) no que eles a consideram mais eficiente. Essa pode ser a primeira pista para conhecer quais são as suas maiores forças.
Alie aptidão e área de atuação.
De nada adianta ser boa em gerir pessoas, quando na verdade você trabalha sozinha. Se por acaso não estiver em uma área em que possa exercitar suas melhores habilidades, aja para mudar de posição. Um curso de especialização pode dar um empurrão e torná-la referência em algo na equipe.
Busque a empresa certa para você.
Se no seu atual emprego você não consegue visualizar um crescimento profissional definido, pesquise e converse com outras pessoas para chegar ao nome de uma corporação que possa lhe dar o cargo que você deseja. Movimente-se, garota!
Tenha um mentor.
Um profissional mais experiente, que pode ser um chefe (mas nunca o direto) ou outro executivo com cargo mais alto do que o seu, não só vai ensiná-la muito como pode abrir portas profissionais no futuro.
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