Ação visa cumprir 30 mandados de prisão contra fiscais que cometem, desde 2010, extorsão contra comerciantes
Rio - Uma ação, denominada Operação
Parasitas, realizada pela Secretaria de Segurança Pública, Polícia
Civil e pelo Ministério Público, foi realizada na manhã desta
quinta-feira em combate a um esquema de corrupção de fiscais sanitários.
A ação visava cumprir 30 mandados de
prisão contra fiscais da Vigilância Sanitária que cometem, desde 2010,
extorsão contra comerciantes e profissionais de diversos gêneros para
não aplicar multas.Vinte e três pessoas já foram detidas e vasto
material foi apreendido. Também foram expedidos 52 mandados de busca e
apreensão.
Policiais estiveram em um condomínio
de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, a procura do fiscal da
Vigilância Sanitária e médico veterinário Eduardo De Nigris, de 48 anos,
que, segundo a investigação, é o articulador e chefe da quadrilha. Ele
não foi encontrado e de acordo com informações não aparece no local há
pelo menos três dias. Para o delegado da Draco, Alexandre Capote, a
prisão do fiscal é questão de tempo. "De Nigris pode ter viajado, mas
vai ser preso", garantiu.
O nível de organização da quadrilha é
tão grande que a presença de novos servidores na repartição preocupava
os criminosos, como revelou uma escuta telefônica, de acordo com
Capote. "Tem um trecho da escuta onde eles (fiscais) conversam sobre a
chegada de gente nova e honesta que poderia atrapalhar a quadrilha",
disse.
Participam da ação 200 agentes da Delegacia de
Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais
(Draco/IE), agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de
Segurança Pública (Ssinte), 15 equipes de delegacias da capital, 15
equipes de delegacias especializadas, além da Coordenadoria de Recursos
Especiais (Core), oito equipes de delegacias da Baixada Fluminense e
oito equipes de delegacias do Interior.
As investigações foram começaram há
dois anos com base em uma denúncia da Secretaria Municipal de Saúde. A
quadrilha formada por funcionários públicos da Vigilância Sanitária
Municipal chegou a movimentar cerca de R$ 500 mil por mês. Dos 30
mandados de prisão expedidos, 28 são contra funcionários públicos, entre
eles um gari cedido à Vigilância Sanitária, acusados de formar um grupo
criminoso para se aproveitar da estrutura do Estado e assim obter
vantagens indevidas extorquindo bares, restaurantes, empresas de
projetos arquitetônicos, clínicas, farmácias e outros tipos de
estabelecimentos comerciais.
Independente da existência ou não de uma
irregularidade, a quadrilha instituiu uma taxa que deveria ser paga
pelos empresários, caso contrário, eram aplicadas multas e punições.
Dois mandados de prisão foram expedidos contra um empresário, dono de
uma empresa de dedetização e um arquiteto. Os dois atuavam em conjunto
com o grupo que oferecia o serviço dos dois comparsas, além da propina,
para liberação de laudos e comprovantes de regularização. Os indiciados
foram autuados pelos crimes de formação de quadrilha, concussão,
peculato e concurso material.
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