9.29.2013

AUTISMO: FATORES DE RISCO

Além da genética, novos estudos associam uso de antidepressivos, obesidade e até poluição do ar ao aumento do risco de desenvolver o distúrbio

Juliana Santos
Autismo
Autismo: apesar de não haver um consenso sobre as causas da doença, especialistas concordam que existem fatores genéticos e ambientais envolvidos 
Estabelecer com precisão as causas do autismo ainda desafia a medicina. Sabe-se que existe um componente genético envolvido, mas os pesquisadores passaram a considerar também uma série de fatores externos que podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio. Novos estudos mostram que a gravidez é de extrema importância. Desde o uso de antidepressivos até contrair uma gripe durante esse período aumentam as chances de ter filhos que manifestem a doença mais tarde. "Não existe um único autismo. A manifestação da doença é muito variada e o que se entende é que pode ter diversas causas", afirma Guilherme Polanczyk, psiquiatra infantil do Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Ele explica que os fatores ambientais podem aumentar o risco do surgimento de uma doença, mas isso não significa que apenas um deles é suficiente para causá-la – ou que todos sejam necessários. Conheça os fatores apontados pelas mais recentes pesquisas.
Fatores ambientais podem desempenhar um papel mais importante do que se pensava no desenvolvimento do autismo, desviando as atenções dos especialistas dos fatores puramente genéticos, sugerem dois estudos publicados na última segunda-feira.
Em um deles, uma equipe da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, comparou casos de autismo em gêmeos idênticos e fraternos - que dividem apenas metade dos mesmos genes - e descobriram que esses últimos geralmente têm altas taxas de autismo, indicando que outros fatores, além dos genéticos, podem desencadear a doença.
Em outro, pesquisadores do plano de saúde americano Kaiser Permanente descobriram que mães de crianças com autismo são duas vezes mais propensas a terem tomado um antidepressivo específico no ano anterior à gestação do que mães de filhos saudáveis. E o risco era ainda maior - um aumento de três vezes - quando o remédio tinha sido tomado no primeiro trimestre da gravidez.
As descobertas, publicadas na revista "Archives of General Psychiatry", sugerem que algo no contexto do nascimento - remédios, químicas ou infecções - podem desencadear o autismo em crianças que já têm predisposição genética para desenvolver a doença.
"Foi estabelecido que fatores genéticos contribuem para o risco de autismo" afirmou em comunicado Clara Lajonchere, coautora do estudo e vice-presidente de programas clínicos da organização Autism Speaks. "Nós agora temos fortes evidências de que, com a hereditariedade genética, um ambiente pré-natal pode ter um papel maior do que se imaginava no desenvolvimento da doença".
Autismo é um espectro de desordens que vão desde uma profunda incapacidade de se comunicar e retardo mental a sintomas relativamente leves, como a síndrome de Asperger. Ele afeta uma em cada 150 crianças nascidas nos Estados Unidos, ou cerca de 1% da população.
O estudo na Stanford envolveu 54 pares de gêmeos idênticos, que dividem 100% dos mesmos genes, e 138 pares de gêmeos fraternos, que dividem metade dos genes. Em cada par, ao menos um dos genes foi diagnosticado com autismo.
Os pesquisadores descobriram que as chances de as duas crianças terem doenças do espectro do autismo era maior entre gêmeos fraternos. De acordo com o estudo, fatores externos comuns a gêmeos explicam cerca de 55% dos casos de autismo, e enquanto fatores genéticos ainda têm influência, seu papel é muito menor que o visto em outros estudos de gêmeos e autismo.
Em um estudo separado, uma equipe liderada por Lisa Croen, diretora do Programa de Pesquisa de Autismo na Divisão de Pesquisas do Kaiser Permanente, em Oakland, Califórnia, avaliou se antidepressivos conhecidos como inibidores seletivos da recapt 
ação da serotonina, ou ISRS, na sigla em inglês, contribuem para o risco de autismo.
O grupo estudou cerca de 300 crianças com autismo e 1500 selecionadas aleatoriamente e depois checou o histórico de medicamentos de suas mães. Os cientistas descobriram que as mães de crianças com autismo eram duas vezes mais propensas a terem tomado um antidepressivo um ano antes da gravidez do que as mães dos voluntários saudáveis.
E o efeito foi mais forte - três vezes maior - quando os remédios foram tomados no primeiro trimestre da gravidez.
"Nossos resultados sugerem um possível, embora pequeno, risco associado à exposição no útero aos SSRIs", afirmou em nota.
Mas ela diz que esse risco deve ser balanceado com o perigo de a mãe não ter tratado uma depressão. 
Saiba ainda:

Causas e Factores de Risco

As causas que provocam as PEA permaneçem desconhecidas. No entanto sabe-se que existem certamente causas diferentes para os diversos tipos de PEA. Podem ser muitos factores a contribuir para as PEA, incluindo os factores ambientais, biológicos e genéticos.
Muitos cientistas acreditam que os genes são um factor de risco que podem levar ao desenvolvimento de PEA.
Crianças com um irmão ou parente com PEA têm um risco maior de também ter PEA. Estudos com famílias mostraram evidências que existe uma contribuição genética para as perturbações do espectro do autismo. No caso de gémeos verdadeiros, caso uma criança tenha perturbações do espectro do autismo, existe a probabilidade entre 60% a 96% de o outro também ser afectado. O risco baixa para entre 0 a 20% no caso de gémeos falsos. Também os pais que tiveram um filho com perturbações do espectro do autismo existe a probabilidade entre 2% a 8% de o filho seguinte também ter autismo.
As PEA também tendem a ocorrer mais frequentemente em pessoas que tenham outro diagnóstico médico. Cerca de 10% das crianças com PEA tem uma desordem genética identificada, tal como o síndrome do X frágil, tuberose esclorose, síndrome de Down e outras perturbações cromossomáticas.
Algumas medicações tomadas durante a gravidez estão ligadas a uma maior risco de PEA tal como a talidomida e o ácido valpróico.
Algumas crenças, como a que a falta de atenção dos pais ou de afecto das mães causa PEA, não são verdadeiras
Não existem evidências de que o período crítico para o desenvolvimento de PEA ocorre antes do nascimento. Contudo, preocupações acerca das vacinas e infecções levaram os investigadores a considerar que existem factores de risco antes e depois do nascimento.
 

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