O que você pode fazer para ser mais feliz hoje e chegar ao fim da vida de alma leve, com gostinho de missão cumprida
Danielle Reis
Mude enquanto há tempo!
Foto: Shutterstock
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A música Epitáfio, do grupo Titãs, poetiza uma das grandes dores do ser humano: arrepender-se das atitudes tomadas ao longo da vida (ou, principalmente, das que deixou de tomar). "É natural fazer escolhas e depois perceber que estamos erradas ou que deveríamos ter agido de outra maneira", diz a geriatra Ana Cláudia Arantes, especialista em cuidados paliativos do Hospital Albert Einstein (SP). O problema é que muitas vezes não trilhamos o caminho desejado e só nos damos conta disso pouco antes da morte, quando é impossível recuperar o tempo perdido. Nesse momento, os arrependimentos ganham proporções enormes, gerando tristeza e frustração.
Esse é o tema do livro Antes de Partir (Ed. Jardim dos Livros), escrito pela enfermeira australiana Bronnie Ware. A obra reúne os cinco principais lamentos dos pacientes terminais nas suas últimas semanas de vida dos quais ela cuidou. Ao levantar esse assunto delicado, a intenção da autora é alertar sobre a necessidade de fazer escolhas conscientes e a coragem de seguir o coração em nome da felicidade. O psiquiatra Leonard F. Verea (SP) afirma que não são apenas os idosos que experimentam esse sentimento - os mais jovens também se arrependem muito. "Eles acreditavam que teriam chance de fazer novas escolhas." Então, aqui vai um bom conselho: mude enquanto há tempo!
A seguir, as atitudes que ajudam a tornar a vida mais plena e feliz.
1. Viva a vida que deseja (e não a que os outros esperam que você leve)
Muita gente passa os dias buscando o reconhecimento da família, dos amigos... E faz escolhas para agradar aos outros, colocando os próprios sonhos em segundo plano. Porém, ao deixar de realizar algo para si mesma, você acaba se frustrando. Segundo Bronnie, esse é o maior arrependimento na hora da morte. "Quando a pessoa percebe que a vida está no fim, ela olha para trás e vê quantos sonhos não concretizou. Muitas não honram nem metade deles, e isso é por causa das escolhas que fizeram ou deixaram de fazer", acredita.
Como chegar lá - Saber o que deseja é essencial para não se sentir arrependida. Portanto, ouça o seu coração e priorize o que for importante. "Tente realizar parte dos seus sonhos, pois quando você perde a saúde, a chance de concretizá-los diminui", afirma Ana Cláudia.
2. Não trabalhe tanto
Se você gosta do seu emprego e recebe um salário satisfatório, não tem por que se preocupar. Agora, se só pensa na aposentadoria ou espera ansiosa o fim de semana, há algo errado. Ok, é preciso sustentar a família, mas com organização dá para trilhar um caminho mais feliz. E, mesmo que você ame o seu trabalho, não é saudável se dedicar tanto a ele a ponto de deixar de lado outras áreas da vida. "Sim, devemos trabalhar, mas não podemos permitir que isso seja o nosso único objetivo", explica Leonard.
Como chegar lá - O segredo está na administração do tempo. "Procure dividi-lo entre trabalho, lazer, família e eu, para entrar em sintonia consigo mesma", diz o psiquiatra. Assim você fica satisfeita e aberta a novas oportunidades. Como conseguir mais tempo? Simplifique o seu estilo de vida e faça escolhas conscientes - às vezes é possível, por exemplo, viver com menos dinheiro. Além disso, se não ama o seu trabalho, reveja a sua escolha.
3. Expresse os seus sentimentos
Durante a vida, muitos suprimem as próprias emoções para ficar em paz com os outros. Em troca, nunca se tornam quem desejam ou seriam capazes de ser. Com o ressentimento que carregam, acabam deprimidos. Segundo Ana Cláudia, nos últimos dias de vida as pessoas perdem a capacidade de fingir, enxergam o que vale a pena e mostram o seu lado bom. Afinal, não têm mais por que enganar alguém ou carregar mágoas e culpas.
Como chegar lá - Desenvolva a inteligência emocional para lidar melhor com as situações. "Não controlamos as reações alheias, mas podemos controlar as nossas. Mesmo que você reaja inicialmente de maneira adversa, ao mudar e falar sobre o assunto, você faz o relacionamento entrar num estágio mais saudável. É possível também que a nova atitude a ajude a eliminar essa relação doentia. De qualquer forma, você ganha", diz Bronnie. As emoções negativas não devem comandar as suas atitudes e julgamentos. Já expressar amor, cuidado e confiança - e corresponder a eles - é altamente positivo.
4. Mantenha contato com os seus amigos
O estilo de vida moderno faz com que a gente dê menos atenção às amizades. Mas, ao se deparar com a chegada da morte, as pessoas não querem status, tampouco colocar as finanças em ordem. A vida se resume ao amor e aos relacionamentos. "Com a família, podemos ter ou não momentos agradáveis. Já com os amigos a relação é mais verdadeira", acredita Ana Cláudia.
Como chegar lá - Preserve sobretudo os amigos antigos, que acompanharam o seu desenvolvimento e, de certa forma, levam você de volta às suas raízes. E tenha em mente que amizade requer envolvimento e troca. Não há desculpas para deixar os amigos de lado. "Organize-se para ficar mais tempo junto deles", aconselha a médica.
5. Permita-se ser mais feliz
A maioria das pessoas não percebe que a felicidade é uma escolha, até os últimos minutos de vida - num dado momento, é preciso parar e olhar para trás para ver se valeu a pena. Algumas não conseguem mudar o que não gostam e ficam presas a antigos padrões e hábitos. "O conforto e a familiaridade se sobrepõem às emoções, assim como à vida física. O receio de mudar faz com que fiquem fingindo para si mesmas e para os outros que tudo está bem", afirma Bronnie.
Como chegar lá - Não tenha medo de ser feliz. Para conquistar momentos de plenitude, é preciso sair da zona de conforto. "A felicidade é algo muito mais profundo do que ficar rindo à toa", explica Leonard. Você tem que se sentir realizada e capaz para ficar feliz. "Se está seguindo a sua intuição e o seu coração, provavelmente vai percorrer um caminho que chegue à realização", explica Ana Cláudia. Que tal começar a fazer o melhor que você puder agora?
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