Americano especializado em treinamento de resgate de reféns esteve no Rio em escala para Vitória, onde participará de um encontro sobre segurança
Vera Araújo
“Tenho 56 anos, mas pode escrever 46. Não estou bem? São
29 anos na Swat. Já
perdi as contas do número de vezes que estive no Brasil para dar cursos,
nunca a
passeio. Pelo menos duas vezes por ano na última década. O que mais
gosto no Brasil é da força de vontade dos policiais em querer aprender’’
Conte algo que não sei.
Fazer parte da Swat, uma escola de polícia voltada para o treinamento de
táticas em operações especiais, é uma vida difícil, pois, mesmo trabalhando em
simulação, estamos sempre no limite da realidade.
Qual foi a missão mais perigosa que o senhor
enfrentou?
Todas são. Mas as situações com reféns são mais difíceis, pois há alguém, que
não nós, correndo risco de vida.
O que o traz ao Brasil?
Estou trocando ideias com policiais brasileiros sobre questões de táticas de
segurança. Treinando com eles, vendo o que fazem e se podemos ajudá-los e levar
alguma coisa para os EUA. Há vários grupos táticos importantes aqui. O Bope é um
deles, onde temos bons amigos. Há a Copa e os Jogos Olímpicos chegando, não será
fácil.
O que o senhor entende quando alguns
brasileiros dizem que não haverá Copa?
Cada país tem a sua cultura, seria injusto eu fazer algum julgamento. Nos
EUA, você é livre para protestar sobre o que quiser, desde que os protestos se
mantenham calmos. Usamos a técnica de controle de multidão, com áreas cercadas.
Não estou acompanhando os protestos aqui, mas, de modo geral, a tática ideal nos
distúrbios de rua é a imobilização.
O brasileiro conhece a Swat pelos filmes.
Aquilo é real?
Não é a nossa realidade, exceto, talvez, pelos atiradores de elite. É como no
filme “Tropa de Elite” de vocês: é só um filme.
Como fazer uma Copa do Mundo mais
segura?
Para controlar os distúrbios, a polícia tem que maneirar o uso da força
física. Um ato de terrorismo, por exemplo, é muito difícil de controlar. Tem que
haver muito profissionalismo e técnica para lidar com situações tensas.
Qual é o desafio da segurança desde que a
guerra cibernética ganhou espaço?
Simples: ter policiais treinados em usar computadores. Todas as polícias ao
redor do mundo passaram a ter cyberequipes, em especial depois do 11 de
Setembro. A troca de informações entre os departamentos de polícia americanos
era ruim. Hoje, o mundo está mais interligado e a comunicação melhor. A polícia
teve que mudar porque a sociedade mudou. Os criminosos são muito espertos. É
preciso prendê-los antes do delito. São necessárias informações e habilidades em
obter dados telefônicos ou por computador. Mas essa guerra não é restrita aos
Estados Unidos.
Vocês estão nos espionando neste exato
momento?
Nós? Dallas? Não!
Qual a sua especialização?
Negociação de reféns, treinamento de equipes e uso de gases não letais. Mas a
minha equipe é muito especial. Nós somos diferentes, mas eles são como meus
irmãos. Como um time de futebol brasileiro.
Qual é o seu time no Brasil?
Petrobras. Isso é ruim?
O entrevistado é o senhor, tenho que ficar
neutra.
(Risos) Bom, temos que embarcar para Vitória para um encontro sobre
segurança.
Calma! Preciso fazer uma foto sua! Vou só
deixar minha bolsa num canto.
Não! Isto é um erro clássico. Você acha que tem controle, mas não tem.
Mantenha sua bolsa junto ao corpo!
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