Racismo sem limites nas redes sociais
Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ vai acionar MP para Facebook retirar páginas do ar
São postadas várias fotos do ditador austríaco Adolf Hitler — que levou a fornos crematórios milhões de judeus e ciganos durante a Segunda Guerra — associando sua imagem a frases que incitam o ódio a negros e outras de conteúdo altamente ofensivo. Há ainda uma foto do cantor americano Michael Jackson, com os dizeres “Quem tem fé se cura”. Uma das páginas chega a ter 186 mil curtidas, outra, mais 32 mil.
Para o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ, Marcelo Dias, que soube pelo DIA
da existência das páginas, as publicações são “muito pesadas” e
“povoadas de ódio racial”. “Repudiamos com veemência essas mensagens
racistas que atentam contra a dignidade humana da comunidade negra”,
disse. “Iremos oficiar a Polícia Civil do Rio para identificar os
autores desta ação criminosa e entrar com representação no Ministério
Público para ir na Justiça com uma ação civil pública, obrigando o
Facebook a retirar imediatamente essas mensagens racistas”, declarou.
Dias também afirmou que o racismo tem crescido
porque a legislação não pune quem comete o crime. “No dia em que a
Justiça colocar um desses na cadeia, eles vão pensar duas vezes antes de
destilar esse ódio racial”, disse.Ódio estaria vinculado à política de inclusão
O superintendente de Igualdade Racial do estado, Rogério Gomes, afirmou que as páginas têm conteúdo “flagrantemente” racista e incitam a discriminação. Gomes criticou ainda “a posição passiva da empresa Google Brasil” pela exibição do conteúdo. Ele afirmou que enviará ofícios à Polícia Civil para a identificação dos autores.
“Essas pessoas acham que as mídias sociais são espaços públicos, e não são. As manifestações se caracterizam ilícitas e não são livres se violam os direitos humanos. As declarações não são absolutas, elas devem estar dentro das regras do estado democrático de direito”, disse.
Gomes avalia que o grande número de comentários racistas e pessoas aderindo à página podem fazer parte do aumento do ódio racial vinculado às políticas públicas de inclusão racial. Porém, afirmou que o povo brasileiro, em sua maioria, não comunga com a discriminação racial. “Essas páginas são exceções, e como exceções merecem ser tratadas.”
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