Herton Escobar
O que parecia ser uma revolução acaba de se
transformar em frustração. Incapaz de comprovar que os resultados de
sua pesquisa são verdadeiros, a cientista japonesa Haruko Obokata
concordou em pedir a retratação (anulação científica) de dois trabalhos
publicados por ela e colaboradores na revista Nature, em janeiro deste
ano, descrevendo uma nova técnica — [...]
A informação foi publicada no início desta tarde pelo site de notícias do grupo Nature (http://migre.me/jCWsO) e confirmada por agências de notícias internacionais.
Obokata, uma jovem bióloga do instituto de pesquisas Riken, já havia concordado em retratar um dos trabalhos (secundário) na semana passada, mas permanecia contrária à retratação do artigo principal. À medida que os outros autores passaram a apoiar as retratações, porém, ela ficou isolada, e acabou por assinar um acordo de retratação com o Riken na terça-feira, dia 3, segundo as informações do site da Nature.
Para mais informações, veja os posts anteriores sobre o assunto:
Japoneses desenvolvem técnica mais simples para produção de células-tronco
Investigação conclui que houve má conduta por parte dos pesquisadores
Uma vez retratados, os trabalhos deixam de ter validade científica. Na prática, as células STAP deixam de existir — a não ser que Obokata seja capaz de produzi-las novamente e, com isso, provar que a técnica realmente funciona. Desde que os trabalhos foram publicados, porém, vários grupos de pesquisa relataram ter tentado reproduzir os experimentos em seus laboratórios, sem sucesso.
Uma investigação interna do Riken concluiu que houve “má conduta científica” por parte de Obokata na condução da pesquisa. Não está claro ainda, porém, se os resultados equivocados representam uma fraude intencional por parte de Obokata ou “apenas” uma pesquisa mal feita, mal editada e mal revisada por todas as partes envolvidas.
Histórico. É o segundo grande escândalo de integridade científica envolvendo pesquisas com células-tronco nos últimos dez anos. O primeiro foi o do cientista sul-coreano Woo Suk Hwang, que em 2004 publicou dois trabalhos pioneiros na revista Science, sobre a clonagem de embriões e produção de células-tronco embrionárias humanas em laboratório.
Hwang caiu em desgraça na comunidade científica internacional, mas continuou sendo apoiado como uma “celebridade científica” pelo público coreano, e agora dirige um grande centro de pesquisas biotecnológicas, chamado Sooam Biotech. Duas semanas atrás, ele esteve no Brasil e conversou com o Estado sobre sua intenção de clonar animais e lançar uma linha de produtos cosméticos no País: http://migre.me/jCYVi
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