Em alta, a cachaça, orgulho nacional, ganha status e vira estrela de drinques
Mais brasileira, impossível:
cheia de apelidos, como ‘marvada’ e tira-juízo, a bebida vira moda e é
protagonista de drinques refinados
Pedro Landim
Rio - A brincadeira teria começado com a
chegada da família real e da princesa Carlota Joaquina, que incluía em
sua lista de compras quantidades generosas de frutas e bafo de tigre.
Sim, cachaça. O destilado pioneiro das Américas, criado no início do
século 16 e vivendo atualmente dias de glória.
A atriz Juliana Martins adorou as misturas feitas no Meza Bar com pinga artesanal
Foto: João Laet / Agência O Dia
De produção artesanal e refinada, a
bebida começa a ser reconhecida entre os melhores destilados do mundo, e
se torna a bola da vez entre premiados mixólogos da cidade, que
confirmam a evolução da Drincologia Brasileira — expressão utilizada no
recém-lançado livro ‘Carta de Cachaças do Estado do Rio de Janeiro’,
produzido pela Associação dos Produtores de Cachaça (Apacerj) e o
Sebrae/RJ.
“É uma bebida que conta a nossa
história e está melhorando muito com as produções pequenas e artesanais.
Os drinques estão seguindo a tendência de valorizar o produto
brasileiro, e isso é ótimo”, diz a atriz Juliana Martins, intérprete da
repórter Jojô na novela ‘Geração Brasil’.
No Meza Bar, cenário de alguns dos melhores
drinques da praça, ela provou e aprovou o Terezinha, coquetel que vem na
garrafinha e leva sucos de beterraba, banana e laranja, xarope de
gengibre e cachaça Yaguara. A marca utiliza canas de cultivo orgânico no
Paraná, em blend de pequenos lotes destilados na elogiada cachaçaria
Weber Haus, no Rio Grande do Sul. O estado do Rio começa a se destacar no cenário
da produção de alta qualidade, com 17 alambiques resenhados na citada
‘Carta’, e marcas como São Miguel, de Quissamã, agraciada com a medalha
de ouro no Concurso Mundial de Bruxelas — onde enfrentou uísques e
vodcas —, já servem a coquetéis como as batidas de maracujá do Salve
Simpatia, de Niterói. A Rochinha, feita em Barra Mansa, foi escolhida
pela Academia da Cachaça para a Cocada Geladinha, que leva frozen de
coco, água de coco e a ‘marvada’. E o Mangue Seco utiliza a marca
própria da casa, produzida em Paraty, em drinques como o El Manguito,
com limão, hortelã e soda limonada. O roteiro das delícias está na
página, assim como a história do tira-juízo produzido pelo músico
Marcelo Bonfá, ex-Legião Urbana. Só coisa fina que passarinho não bebe. PERFEIÇÃO
Nascido em Itapira (SP), entre plantações de cana, e fundador, em
Brasília, de uma instituição musical chamada Legião Urbana, o baterista
Marcelo Bonfá retornou à natureza, de onde retira a matéria-prima para a
cachaça Perfeição. A pequena produção orgânica vem da fazenda do músico
em Santo Antonio do Rio Grande, na Serra da Mantiqueira, em Minas
Gerais. “Se a gastronomia é o novo rock, eu tinha que
fazer uma cachaça”, resume Bonfá. Ele vende o produto em garrafas de
champanhe com lacre de cera e rótulo que mistura canas de açúcar a
caveira estilizada. “Em boas mãos, um drinque com cachaça pode ser
delicioso. Nada de vodca, caipirinha tem que ser com a bebida
brasileira”, afirma. No Rio, o produto está no .ORG, restaurante de
orgânicos na Barra (2493-1791), onde a chef Tati Lund faz sorvete de
cachaça com leite de amêndoas (R$ 16), e caipirinhas como a de frutas
vermelhas com manjericão (R$ 18). A garrafa da Perfeição é vendida a R$
189 no local, e encontrada também no site: cachaca perfeicao.com.br.
O MELHOR DA CANA ACADEMIA DA CACHAÇA.
A Cocada Geladinha leva frozen de coco, água de coco e cachaça
Rochinha, artesanal produzida em Barra Mansa (R$ 14,50). Ela também vai
na Paçoca do Beco, drinque de amendoim e caninha (R$ 8,90). Loja da
Barra no Condado de Cascais. Av. Armando Lombardi 800, lj 65 L
(2492-1119). Seg, de meio-dia às 17h. De ter a qui, de meio-dia à 1h.
Sex e sáb, de meio-dia às 2h. Dom, de meio-dia às 20h. Cc: Todos. ACONCHEGO CARIOCA.
Há caipirinhas especiais, preparadas com cachaça Magnífica, de
Vassouras, como a de tangerina e manjericão, ou maracujá com hortelã e
toque de pimenta biquinho (R$ 15). Rua Barão de Iguatemi 379, Praça da
Bandeira (2273- 1035). De ter a sáb, de meio-dia às 23h. Dom, de
meio-dia às 17h. Cc: Todos.
Juliana cita a cultura brasileira e elogia as combinações de frutas do Meza Bar
Foto: João Laet / Agência O Dia
BOTECO CONFRARIA.
As doses da Cachaça São Miguel curtida em madeira de cerejeira são
servidas com infusões de ingredientes como limão, cereja e canela (R$
7). Rua Nóbrega 237, Jardim Icaraí, Niterói (2617-8110). De seg a qui,
das 17h à 1h. Sex, das 17h às 3h, Sáb, de meio-dia às 3h. Dom, de
meio-dia à 1h. Cc: Todos.
CASTRO.
A casa faz caipirinhas incrementadas com cachaça de alta qualidade: a
mineira Claudionor, de Januária, envelhecida por um ano em barril de
amburana, embala o drinque com caju e limão (R$ 13). Rua Castro Alves
88, Méier (3586-7622). Seg, das 11h30 às 15h30. De ter a sex, das 11h30 à
1h. Sáb, de meio-dia à 1h. Dom, de meio-dia às 18h. Cc: Todos. EL BORN.
O laureado barman Gustavo Stemler faz com a cachaça Yaguara o Bem
Brasil, que leva carambola, maracujá, capim-limão e angostura (R$ 20).
Rua Bolívar 17, Copacabana (3496-1781). De seg a sex, das 17h às 2h. Sáb
e dom, das 15h às 2h. Cc: Todos. MANGUE SECO.
Com a caninha de marca própria da casa, produzida em Paraty, a
cachaçaria faz drinques como o El Manguito, que leva limão, hortelã e
soda limonada (R$ 16). Rua do Lavradio 23, Lapa (3852-1947).
De seg a sáb, a partir
das 11h. Cc: Todos. MEZA.
O drinque Terezinha leva cachaça Yaguara, suco de beterraba, banana,
laranja e xarope de gengibre (R$ 25). Rua Capitão Salomão 69, Humaitá
(3239-1951).
De dom a qui, das 18h à 1h. Sex e sáb, das 18h às 3h. Cc: Todos. PARIS BAR.
O premiado bartender Alex Mesquita criou o drinque Revolução
Brasileira, que leva cachaça Yaguara, licor de cerejas Luxardo, suco de
framboesa, suco de laranja e bitter cítrico (R$ 36). Praia do Flamengo
340, Flamengo (2551-1278). De ter a sáb, a partir das 17h. Cc: Todos. RESTÔ.
O drinque Ipanema Cooler é preparado com cachaça Nega Fulô, de Nova
Friburgo, Cointreau, syrup de morango, purê de morango e suco de limão
siciliano (R$ 18). Rua Joana Angélica 184, Ipanema (2287-0052).
Diariamente, de meio-dia à 1h. Cc: Todos. SALVE SIMPATIA.
A batida de maracujá esperta da casa é feita com a cachaça São Miguel
prata (R$ 14,90). Rua Nóbrega 239, Jardim Icaraí, Niterói (2705-6529).
De ter a sex, das 17h às 3h. Sáb e dom, de meio-dia ao último cliente.
Cc: Mastercard e Visa. STUZZI.
Criado para a Copa, o drinque Pelé é feito com cachaça Leblon
Signature, feita na mineira Patos de Minas e envelhecida por dois anos
no carvalho francês. Leva compota de caju artesanal, geleia de damasco,
Amaretto e pedaços de caju, e é servido no pote de vidro (R$ 27). Rua
Dias Ferreira 48, Leblon (2274-4017). Ter e qua, das 19h à 1h.
De qui a sáb, das 19h às 3h. Dom, das 13h à meia-noite. Cc: Todos. VOLTA.
Um dos drinques feitos com aguardente é o Bulhufas (R$ 26), com cachaça
mineira e orgânica Encantos da Marquesa, de Indaiabira, na região de
Salinas, mais infusão de beterraba, limão, espumante brut e talo de
manjericão. Rua Visconde de Carandaí 5, Jardim Botânico (3204-5406). De
seg a qua, de meio-dia à meia-noite. De qui a sáb, de meio-dia à 1h.
Dom, de meio-dia
às 18h. Cc: Todos.
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