10.30.2014

80% dos jovens abusam dos fones de ouvido, aponta estudo

Getty Images
Fone de ouvido
Os adolescentes têm abusado do volume dos fones de ouvido. Pesquisa feita com estudantes de dois colégios particulares da cidade de São Paulo mostrou que quase 80% dos jovens ouvem música com fones de ouvido em volume superior ao limite considerado seguro.
Realizado pela Proteste e Sociedade Brasileira de Otologia (SBO), o levantamento mediu o volume do som escutado por 68 estudantes dos Colégios Marista Arquidiocesano e Dante Alighieri e verificou que 79,4% dos alunos ouviam música em volume superior a 85 decibéis, limite para evitar lesões auditivas.

O volume médio aferido pelos pesquisadores foi de 92 decibéis, que pode ser comparado, por exemplo, a uma batedeira. O volume máximo encontrado no caso de um dos estudantes foi de 109 decibéis, índice superior ao ruído feito por uma furadeira.
De acordo com Paulo Roberto Lazarini, médico otorrinolaringologista e presidente da SBO, ouvir música em volume superior ao recomendado por longos períodos de tempo leva a lesões nos receptores da cóclea, estrutura do ouvido responsável por captar os sons. "A perda auditiva, em menor ou maior grau, acontece a partir dos 50 anos, com o envelhecimento. O que vai acontecer com esses jovens é que poderão ter perdas mais severas ou precoces", afirmou. Participaram da pesquisa alunos com idade entre 11 e 18 anos.
Outro resultado que preocupou os pesquisadores foi o tempo de exposição ao som alto nos fones de ouvido. Segundo o estudo, 64% dos estudantes pesquisados ouvem música no fone de ouvido por um período superior a duas horas diárias. "No intervalo de 90 a 100 decibéis, índice médio que foi medido entre os estudantes, o tempo máximo de exposição não deve ultrapassar a duas horas", disse o presidente da SBO.
Perigo
Estudante do Colégio Dante Alighieri, Bruno de Oliveira Fernandes Machado de Assis, de 15 anos, contou que o hábito de ouvir música alta no fone de ouvido já fez com que ele quase fosse atropelado. "Sempre ouço música na ida e na volta do colégio. Teve uma vez que fui atravessar a rua e não percebi o barulho do carro. Foi por pouco", disse.
Apesar de ainda ouvir música diariamente em volume acima do recomendado, ele disse que vem tentando reduzir a intensidade do som. "Antes eu ouvia praticamente no volume máximo do iPhone, mas minha mãe dizia que estava tão alto que todos que estavam próximos de mim conseguiam ouvir", contou o adolescente.
Fabiana Cambricoli
Estadão

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