Medida entrou em vigor às 5h desta sexta no aeroporto de Guarulhos.
Passageiros terão de preencher questionário com informações médicas.
Febre é um dos sintomas da doença, que já fez quase 5 mil mortes nos oito países afetados pelo surto até 27 de outubro, segundo a Organização Mundial da Saúde. No total, há registro de 13 mil pessoas infectadas pela doença.
De acordo com a pasta, até o fim de novembro, todos os aeroportos que recebem passageiros de países afetados passarão a cumprir a medida. Segundo o Ministro da Saúde, Arthur Chioro, do começo do ano até a semana passada, chegaram ao Brasil 529 passageiros de origem nos países afetados pela doença.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, informou que o procedimento começou a ser aplicado às 5h desta sexta em dois terminais do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que recebe 1 passageiro vindo dos três países da África Ocidental para cada 40 mil que desembrcam no terminal. No entanto, nenhum passageiro teve a temperatura aferida nesta sexta, disse.
Até o final de novembro, os aeroportos internacionais do Galeão (RJ), Fortaleza (CE), Viracopos (SP), Salvador (BA) e Brasília (DF) passarão a adotar o procedimento, segundo o ministério.
O ministério informou que não a intenção não é restringir viagens, mas acrescentar "proteção sem causar transtornos aos passageiros”.
Procedimento
Os passageiros que declaram ter chegado de Guiné, Serra Leoa e Libéria ou que tenham passaporte desses três países serão abordados pela Vigilância Sanitária. O folheto que receberão apresenta o histórico do imigrante poderá ser apresentado a unidades do SUS caso haja necessidade de atendimento.
Segundo Barbosa, a Anvisa foi orientada a informar ao passageiro que o SUS é gratuito, para assegurar que pessoas com suspeita de ebola busquem tratamento. “Nos países onde vivem, não existe sistema universal de saúde como no Brasil. Isso é muito importante para evitar que a pessoa fique em casa dois ou três dias sem ter segurança de procurar o SUS”, afirmou.
O secretário também disse que o procedimento da Anvisa irá acabar com dificuldades de comunicação entre os estrangeiros e as unidades de saúde. De acordo com Barbosa, por causa da barreira de idioma, poderia-se confundir “Líbano com Libéria”. “[O folheto] vai permitir que a unidade imediatamente saiba se é realmente um caso suspeito ou se a pessoa chegou há três meses, período muito maior do que o de encubação.”
Para o ministro Arthur Chioro, a preocupação do governo com a medida é “nem tanto com o monitoramento, e sim com a qualificação da informação” porque o Brasil é um país com “baixíssimo risco de transmissão de ebola”. Ele disse que houve reunião entre secretários estaduais e municipais, juntamente com a Polícia Federal e as companhias aéreas, nesta quinta-feira para definir as medidas tomadas nesta sexta.
“É importantíssimo que todo o trabalho com a participação da Anvisa se tenha essa informação clara. Nós entendemos que nosso papel é facilitar a capacidade de diálogo entre as equipes de saúde e os pacientes”, disse o ministro. Ele informou que a mesma medida será adotada também em estados que fazem fronteira com outros países e em portos brasileiros que recebam navios de bandeira da Libéria, Guiné e Serra Leoa.
Ministro da Saúde e secretário de vigilância em entrevista nesta sexta (31) (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Reações no mundoNesta segunda-feira (27), o governo americano recomendou quarentena voluntária em casa para pessoas com maior risco de infeccção. Também determinou que a maioria dos trabalhadores que retornam da África Ocidental será submetida a acompanhamento diário sem isolamento.
Nesta terça (28), a Austrália passou a negar vistos para pessoas vindas da Serra Leoa, Guiné e Libéria, na África Ocidental — países onde há surto de ebola. A medida australiana em fechar as portas para a região gerou críticas por especialistas em saúde. A Austrália não registrou nenhum caso de contaminação, apesar de apontar uma série de casos suspeitos.
O ministro Arthur Chioro criticou a atitude da Austrália e disse que barrar viajantes da África Ocidental é uma medida que o governo brasileiro não adotará por não haver nenhuma recomendação por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Quem hoje compreende o mecanismo de transmissão da doença não pode concordar com uma medida dessa natureza”, afirmou.
Libéria
A OMS confirmou nesta quarta-feira (29) a diminuição de casos de ebola na Libéria, um dos países mais afetados pela epidemia, embora tenha advertido que ainda é cedo para comemorar. No dia anterior, a Cruz Vermelha do país havia constatado queda no número de mortos pelo ebola na região desde o começo de outubro.
Transmissão
O ebola é uma doença infecciosa grave provocada por um vírus. Os sintomas iniciais são febre de início repentino, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta.
Depois vêm vômitos, diarreia e sangramentos internos e externos. Ela é transmitida pelo contato direto com os fluidos corporais da pessoa infectada: sangue, suor, saliva, lágrimas, urina, fezes, vômito, muco e sêmen. Não há risco de contaminação pelo ar.
Suspeitas nacionais
O Brasil registrou três suspeitas da doença. Um guineano deu entrada em uma UPA de Cascavel, no interior do Paraná, no dia 9 deste mês relatando febre. Seguindo o protocolo da Organização Mundial de Saúde, o homem fez dois testes – os dois deram negativo.
Depois, um jovem de 22 anos deu entrada em uma UPA de Foz do Iguaçu, também no Paraná, no dia 16, relatando sintomas da doença. O prédio foi temporariamente fechado, e o paciente, isolado. Quando a secretaria constatou que ele havia viajado para China, Dubai, Líbano e Itália – nenhuma dessas localidades foi afetada pela epidemia do vírus –, a suspeita foi descartada. Ele tinha hepatite A.
O terceiro caso suspeito ocorreu em Brasília, no dia 23 de outubro. Um comissário de bordo panamenho foi internado em um hospital particular da Asa Sul com febre e náuseas. A unidade de saúde também chegou a ser isolada, mas a Secretaria de Saúde descartou o caso porque exames comprovaram que ele tinha uma infecção intestinal e não esteve nos países com surto da doença.
Até o momento, oito casos de ebola foram tratados nos Estados Unidos. Duas enfermeiras, que contraíram a infecção em território americano, são monitoradas. Na Europa, ao menos nove pacientes receberam tratamento. Um deles, a enfermeira espanhola Teresa Romero, foi infectada em Madri, enquanto os demais casos foram importados.
Kit contra ebola
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal anunciou que vai comprar, com dispensa de licitação, 2,3 mil kits para atender pacientes com ebola na capital federal. Eles ficarão disponíveis no Hospital Regional da Asa Norte, referência para doenças do tipo na capital do país.
Cada kit tem protetor facial com viseira flexível, óculos de proteção, botas de PVC, macacão impermeável, avental de napa e saco vermelho para coleta de resíduo hospitalar. Os valores, de acordo com a pasta, ainda estão sendo pesquisados.
Embora o Brasil não tenha registrado casos confirmados e o país não tenha voos diretos para as regiões de maior incidência da doença, a Secretaria de Saúde disse em nota acreditar que a "ausência dos itens deste objeto [o edital] acarretará enorme prejuízo no atendimento ao usuário do sistema de saúde, na segurança dos profissionais e inclusive com risco de morte de usuários e profissionais".
Linhas
mostram projeção do deslocamento populacional na Libéria, país mais
afetado pelo ebola nesta epidemia (Foto: Flowminder.org/Divulgação)
CelularTelefones celulares podem ser usados como uma ferramenta para abastecer autoridades e organizações humanitárias sobre o deslocamento de pessoas em áreas afetadas pela doença.
Quando alguém faz uma ligação ou manda uma mensagem com o celular, o aparelho envia sinais à torre de celular mais próxima. Dessa forma, é possível determinar a localização aproximada do usuário.
Caso as operadoras de celular concordem em fornecer os dados aos pesquisadores, é possível criar um “raio X” da movimentação populacional na região e traçar estratégias mais eficazes de combate à doença.
Números da epidemia
Desde março, foram registrados casos de ebola em oito países. Dois desses países, Nigéria e Senegal, já estão livres da doença. Veja, abaixo, detalhes dos locais com casos de ebola:
Guiné: Foram 1.906 casos - entre confirmados, prováveis e suspeitos - e 997 mortes provocadas pelo ebola.
Libéria: Foram 6.535 casos - entre confirmados, prováveis e suspeitos - dos quais 2.413 levaram a mortes.
Serra Leoa: Foram 5.235 casos - entre confirmados, provaveis e suspeitos - e 1.500 mortes pela doença.
Espanha: Houve um caso da doença e a paciente se recuperou.
Estados Unidos: Foram quatro casos diagnosticados no país: um paciente morreu.
Nigéria: Foram 20 casos de ebola - entre confirmados e prováveis - que levaram a 8 mortes. O país já está livre da doença.
Senegal: Houve apenas um caso da doença e o paciente se recuperou. O país já está livre da doença.
Mali: Foi constatado um caso de contaminação, uma criança, que morreu vítima da doença.
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