10.31.2014

Donos de postos apostam na gasolina 6% mais cara

Petrobras diz que não decidiu reajuste, mas conselho da estatal discutirá tema amanhã


Helio Almeida
Rio - O reajuste nos preços da gasolina e do diesel será, em média, de 6% em novembro. Essa é a previsão de analistas do setor e de donos de postos de combustíveis. A reivindicação já existe há algum tempo, mas a Petrobras informou ontem que ainda não há decisão sobre o aumento. Porém, o assunto já está na pauta da reunião do Conselho de Administração da companhia, que acontece amanhã.

Reajuste deve ser anunciado no meio do mês de novembro ou fim de dezembro, para o governo não ultrapassar o teto da meta da inflação
Foto:  Divulgação

A declaração da estatal consta de comunicado ao mercado, em resposta a informações sobre a intenção da estatal de anunciar aumento dos preços dos combustíveis. De acordo com o comunicado, o tema reajuste de gasolina e diesel é frequentemente discutido pela diretoria-executiva e pelo Conselho de Administração. O aumento, no entanto, deve ser menor do que o reivindicado pela estatal de 10%.

Um dos donos de postos, que preferiu não se identificar, disse que a alta será a que for repassada pelas distribuidoras. “Aumentar mais que o reajuste é fazer o consumidor deixar seu posto e ir para o da próxima esquina”, afirma.
Para Mauro Rochlin, economista e professor da FGV, o aumento é uma decisão política e não técnica. E pensando na estatal, a correção pode sair na reunião desta sexta. “O preço da gasolina é controlado pelo governo. Ele não vai olhar para o impacto inflacionário e sim como está a situação da Petrobras”, acredita o Rochlin.
“Como é notícia ruim para o consumidor, já era esperado ser anunciada depois da eleições”, avalia Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral. “Acredito que (o reajuste) seja jogado para o fim do próximo mês, com chance de ser nos últimos dias de 2014, para não ultrapassar a meta da inflação (6,5%)”.
A alta da gasolina e do diesel vai ser anunciada pelo governo para aliviar o mau humor do mercado financeiro. As cotações das ações da companhia têm ficado nos últimos dias próximos aos menores níveis registrados nos pregões no ano.
Além disso, a defasagem dos preços dos combustíveis cobrados no mercado interno, em relação aos praticados lá fora, que chegou a 20% em alguns períodos no ano, praticamente não existe desde o início deste mês.
“A defasagem dos preços da gasolina há três meses deixou o petróleo a US$ 100, agora está em US$ 80”, comentou Mauro Osório, professor de economia da UFRJ. “O valor do barril do petróleo nacional abaixou no mercado internacional, o que pesa a favor da Petrobras. Com o reajuste previsto, o governo vai poder respirar um pouco”, explicou Gilberto Braga.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou este mês que a gasolina iria subir. A correção segue a tradição de conceder ao menos um reajuste por ano, mesmo que a queda nos preços internacionais do petróleo tenha zerado as perdas com a importação de combustível.
“O preço da gasolina está mais alto, então a Petrobras está ganhando com isso. Mesmo assim, isso não significa que não haverá aumento para este ano, isso é uma decisão da empresa”, afirmou Mantega.
Reforço para reverter ‘pessimismo’
A Petrobras começou o reforço de agendas positivas para reverter o que chama de “pessimismo” que se abateu na própria companhia e no mercado. Na manhã seguinte ao resultado das eleições, a estatal divulgou dois comunicados positivos aos investidores, mas, ainda assim, as ações se mantiveram em queda durante todo o dia.
Antes da abertura das operações financeiras na BM&FBovespa, foi anunciada a descoberta de petróleo na perfuração do primeiro poço do super campo de Libra, pré-sal da Bacia de Santos, que já estava registrada desde a última sexta-feira na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).
As ações da Petrobras desabaram perto de 12% no primeiro dia de negócios após a reeleição de Dilma Rousseff. Os operadores reduziram o pessimismo com a expectativa de discurso conciliatório da presidenta Dilma para a economia.
A produção no pré-sal foi um trunfo usado na campanha de reeleição petista, que promete direcionar R$1,3 trilhão do pré-sal para a Educação nos próximos 35 anos.
Em seguida, a Petrobras comunicou a contratação de duas consultorias para investigar casos de corrupção na empresa, outro tema muito debatido nos últimos meses. Mas nada conteve a queda.
A percepção é que falta anunciar a adoção de uma política clara de variação dos preços, que torne os prazos e porcentuais dos reajustes previsíveis, diz Walter De Vitto, da consultoria Tendências.
A avaliação é que, reeleita, Dilma tende a prosseguir com a política de contenção dos preços dos combustíveis, o que impossibilitaria que a companhia aproveite do mercado.

Bolsa se recupera e fecha pregão em alta de 3,62%


Jornal GGN - A bolsa brasileira encerrou as operações ultrapassando a marca dos 52 mil pontos, em um dia caracterizado pela forte movimentação de estrangeiros e a especulação em torno da nova equipe de governo da presidente reeleita Dilma Rousseff.
O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) terminou as operações em alta de 3,62%, aos 52.330 e com um volume negociado de R$ 9,359 bilhões.
Os investidores continuam a aguardar sinais claros sobre a forma como a política será conduzida daqui em diante. Depois da reação negativa dos mercados à reeleição de Dilma, os investidores passaram a concentrar suas atenções na definição da equipe do próximo mandato, em especial quem será o responsável pelo Ministério da Fazenda, além das medidas prometidas pela presidente para estimular a economia. Entre os nomes cotados, estão o do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, do ex-secretário executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, e do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Em entrevista concedida na noite desta segunda-feira, a presidente afirmou que vai anunciar medidas para transformar e melhorar o crescimento econômico até o fim deste ano, dando início às reformas necessárias ao País já em novembro, além do combate à corrupção.
Outro fator que influenciou o ritmo das operações foi a notícia veiculada no jornal O Estado de São Paulo, de que o governo federal está próximo de autorizar um aumento nos preços dos combustíveis para a empresa.
Quanto ao câmbio, a cotação do dólar comercial caiu 2,13% e atingiu R$ 2,470 para compra e R$ 2,472 para venda, um dia após fechar em R$ 2,526, seu maior valor desde 2005. Diante das incertezas quanto a política monetária no futuro, acredita-se que a cotação do dólar deve permanecer instável por mais algum tempo.
Ao mesmo tempo, as atuações do Banco Central no mercado de câmbio também influenciaram o resultado desta sessão. O BC manteve seu programa de intervenções diárias, com a venda dos 4 mil novos contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares) ofertados. Deles, 2 mil vencem em 1º de junho de 2015 e os outros 2 mil são para 1º de setembro do próximo ano.
O BC também realizou mais um leilão para rolar os contratos de swap com vencimento para 3 de novembro. Foram vendidos 8 mil swaps, sendo 5,5 mil para 1º de outubro de 2015 e os outros 2,5 mil para 1º de dezembro do próximo ano, em operação que movimentou o equivalente a US$ 393,2 milhões.
Para quarta-feira, a agenda destaca a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que será publicada após o fechamento dos mercados. No exterior, destaque para a reunião que vai definir os juros nos Estados Unidos – decisão que é aguardada com expectativa pelos agentes.

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