Petrobras diz que não decidiu reajuste, mas conselho da estatal discutirá tema amanhã
A declaração da estatal consta de
comunicado ao mercado, em resposta a informações sobre a intenção da
estatal de anunciar aumento dos preços dos combustíveis. De acordo com o
comunicado, o tema reajuste de gasolina e diesel é frequentemente
discutido pela diretoria-executiva e pelo Conselho de Administração. O
aumento, no entanto, deve ser menor do que o reivindicado pela estatal
de 10%.
Um dos donos de postos, que preferiu
não se identificar, disse que a alta será a que for repassada pelas
distribuidoras. “Aumentar mais que o reajuste é fazer o consumidor
deixar seu posto e ir para o da próxima esquina”, afirma.
Para Mauro Rochlin, economista e professor da
FGV, o aumento é uma decisão política e não técnica. E pensando na
estatal, a correção pode sair na reunião desta sexta. “O preço da
gasolina é controlado pelo governo. Ele não vai olhar para o impacto
inflacionário e sim como está a situação da Petrobras”, acredita o
Rochlin.“Como é notícia ruim para o consumidor, já era esperado ser anunciada depois da eleições”, avalia Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral. “Acredito que (o reajuste) seja jogado para o fim do próximo mês, com chance de ser nos últimos dias de 2014, para não ultrapassar a meta da inflação (6,5%)”.
A alta da gasolina e do diesel vai ser anunciada pelo governo para aliviar o mau humor do mercado financeiro. As cotações das ações da companhia têm ficado nos últimos dias próximos aos menores níveis registrados nos pregões no ano.
Além disso, a defasagem dos preços dos combustíveis cobrados no mercado interno, em relação aos praticados lá fora, que chegou a 20% em alguns períodos no ano, praticamente não existe desde o início deste mês.
“A defasagem dos preços da gasolina há três meses deixou o petróleo a US$ 100, agora está em US$ 80”, comentou Mauro Osório, professor de economia da UFRJ. “O valor do barril do petróleo nacional abaixou no mercado internacional, o que pesa a favor da Petrobras. Com o reajuste previsto, o governo vai poder respirar um pouco”, explicou Gilberto Braga.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou este mês que a gasolina iria subir. A correção segue a tradição de conceder ao menos um reajuste por ano, mesmo que a queda nos preços internacionais do petróleo tenha zerado as perdas com a importação de combustível.
“O preço da gasolina está mais alto, então a Petrobras está ganhando com isso. Mesmo assim, isso não significa que não haverá aumento para este ano, isso é uma decisão da empresa”, afirmou Mantega.
Reforço para reverter ‘pessimismo’
A Petrobras começou o reforço de agendas positivas para reverter o que chama de “pessimismo” que se abateu na própria companhia e no mercado. Na manhã seguinte ao resultado das eleições, a estatal divulgou dois comunicados positivos aos investidores, mas, ainda assim, as ações se mantiveram em queda durante todo o dia.
Antes da abertura das operações financeiras na BM&FBovespa, foi anunciada a descoberta de petróleo na perfuração do primeiro poço do super campo de Libra, pré-sal da Bacia de Santos, que já estava registrada desde a última sexta-feira na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).
As ações da Petrobras desabaram perto de 12% no primeiro dia de negócios após a reeleição de Dilma Rousseff. Os operadores reduziram o pessimismo com a expectativa de discurso conciliatório da presidenta Dilma para a economia.
A produção no pré-sal foi um trunfo usado na campanha de reeleição petista, que promete direcionar R$1,3 trilhão do pré-sal para a Educação nos próximos 35 anos.
Em seguida, a Petrobras comunicou a contratação de duas consultorias para investigar casos de corrupção na empresa, outro tema muito debatido nos últimos meses. Mas nada conteve a queda.
A percepção é que falta anunciar a adoção de uma política clara de variação dos preços, que torne os prazos e porcentuais dos reajustes previsíveis, diz Walter De Vitto, da consultoria Tendências.
A avaliação é que, reeleita, Dilma tende a prosseguir com a política de contenção dos preços dos combustíveis, o que impossibilitaria que a companhia aproveite do mercado.
Bolsa se recupera e fecha pregão em alta de 3,62%
qua, 29/10/2014 - 07:50
Jornal GGN - A bolsa brasileira encerrou as operações ultrapassando a marca dos 52 mil pontos, em um dia caracterizado pela forte movimentação de estrangeiros e a especulação em torno da nova equipe de governo da presidente reeleita Dilma Rousseff.
O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) terminou as operações em alta de 3,62%, aos 52.330 e com um volume negociado de R$ 9,359 bilhões.
Os investidores continuam a aguardar sinais claros sobre a forma como a política será conduzida daqui em diante. Depois da reação negativa dos mercados à reeleição de Dilma, os investidores passaram a concentrar suas atenções na definição da equipe do próximo mandato, em especial quem será o responsável pelo Ministério da Fazenda, além das medidas prometidas pela presidente para estimular a economia. Entre os nomes cotados, estão o do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, do ex-secretário executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, e do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Em entrevista concedida na noite desta segunda-feira, a presidente afirmou que vai anunciar medidas para transformar e melhorar o crescimento econômico até o fim deste ano, dando início às reformas necessárias ao País já em novembro, além do combate à corrupção.
Outro fator que influenciou o ritmo das operações foi a notícia veiculada no jornal O Estado de São Paulo, de que o governo federal está próximo de autorizar um aumento nos preços dos combustíveis para a empresa.
Quanto ao câmbio, a cotação do dólar comercial caiu 2,13% e atingiu R$ 2,470 para compra e R$ 2,472 para venda, um dia após fechar em R$ 2,526, seu maior valor desde 2005. Diante das incertezas quanto a política monetária no futuro, acredita-se que a cotação do dólar deve permanecer instável por mais algum tempo.
Ao mesmo tempo, as atuações do Banco Central no mercado de câmbio também influenciaram o resultado desta sessão. O BC manteve seu programa de intervenções diárias, com a venda dos 4 mil novos contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares) ofertados. Deles, 2 mil vencem em 1º de junho de 2015 e os outros 2 mil são para 1º de setembro do próximo ano.
O BC também realizou mais um leilão para rolar os contratos de swap com vencimento para 3 de novembro. Foram vendidos 8 mil swaps, sendo 5,5 mil para 1º de outubro de 2015 e os outros 2,5 mil para 1º de dezembro do próximo ano, em operação que movimentou o equivalente a US$ 393,2 milhões.
Para quarta-feira, a agenda destaca a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que será publicada após o fechamento dos mercados. No exterior, destaque para a reunião que vai definir os juros nos Estados Unidos – decisão que é aguardada com expectativa pelos agentes.
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