As ações preferenciais da Petrobras caíram
18,2% esta semana, segundo a Economatica, e acenderam o alerta vermelho entre os investidores.
No ano de 2014, a queda foi de 37% e em 2015, há desvalorização acumulada de 18,36% dos papéis.
Para o pequeno investidor, a recente desvalorização das ações da
Petrobras tem gerado questionamentos sobre o que fazer com os papéis já
adquiridos. Por outro lado, há também a dúvida comum entre quem ainda
não tem ações da estatal: com os papéis cotados aos
preços mais baixos desde 2004 das ações ordinárias e desde 2005 das preferenciais, é hora de comprar?
Veja abaixo a opinião de especialistas ouvidos pelo
G1 sobre o assunto:
“Esse grupo é o que comprou baseado em boas notícias e tomou prejuízo”,
afirma o especialista em investimentos Mauro Calil, do banco Ourinvest.
“Para o investidor que comprou na onda do pré-sal e etc., eu diria que
já deveria ter vendido há muito tempo, porque os prejuízos são muito
grandes”, diz.
“As pessoas são corajosas na hora em que estão perdendo dinheiro, e
dizem: ‘eu comprei por R$ 100, está a R$ 90, vou esperar subir’, e
depois: ‘está a R$ 50, agora que eu não vendo mesmo’. Quando na verdade
tem que se reverter o prejuízo quando ele ainda é pequeno”, diz Calil.
“Eu atendi um cliente que fez isso com a
OGX.
Entrou com R$ 26 mil, e já estava com R$ 200. Eu disse para ele que não
tinha sentido manter o que restou ali, e ele me disse: ‘o único sentido
que tem para mim é lembrar de como é arriscado investir em ações’. Esse
papel virou fantasma.”
Para Felipe Miranda, analista da Empiricus Research, a tendência é que o
valor das ações da Petrobras caia ainda mais, e que a empresa emita
mais ações para cobrir o “rombo”: “o petróleo cai, cria ambiente de
estrangulamento financeiro, e isso implica mais queda”, diz. Para ele,
não é uma boa comprar ações da estatal, mas sim de vender, e o quanto
antes, melhor.
Segundo Calil, os acontecimentos recentes não devem necessariamente
acender o alerta vermelho entre acionistas muito antigos. “Tem aquele
investidor que herdou ações e não pagou nada por isso, ou aquele que
comprou na década de 70. Para esses dois em especial, eu diria: segura,
tenha um pouco mais de paciência. O investimento não saiu do suor do
trabalho dele, é algo que o valor é tão ínfimo, às vezes se aproximando
de zero, que ele pode esperar.”
“Eu recebo essa pergunta todos os dias”, diz Calil. “Essa pessoa está
com espírito ganancioso, mais que especulativo. Não é porque a
Petrobras
está na cotação mais baixa dos últimos anos que significa que vai
subir. Essa mesma pergunta era feita em relação a OGX há pouco mais de
dois anos. A segurança de não perder dinheiro é muito mais importante do
que ganhar, porque o dinheiro vai entrando naturalmente na sua vida
pouco a pouco. Se você não perde o que você tem, amanhã você terá mais.”
“O investidor que fica especulando no day trade (aquele que compra e
vende ações muito rápido, sem necessariamente esperar lucros a longo
prazo) deve ter mais cuidado”, diz Calil, acrescentando que esses
acionistas devem estabelecer o momento de estancar perdas em momentos de
baixa intensa (o chamado “stop loss”).
“Se você quer fazer movimentos especulativos, primeiro tem que saber
onde está andando e ter parâmetros muito sérios”, aconselha o
especialista. “Se está colocando R$ 10 mil no investimento e tem R$ 100
mil na sua vida, é bastante coisa. Agora, se tem R$ 10 milhões, aí sim
eu usaria o termo ‘fazer uma aposta’.”
Calil aponta que a decisão pela venda ou manutenção das ações compradas
em momentos de alta deve levar em consideração a comparação entre
quanto foi investido e quanto dinheiro o investidor possui. “Tem gente
que investiu R$ 1 mil e perdeu R$ 800, isso não quebra ninguém. Agora
tem quem comprou R$ 1 milhão e perdeu R$ 800 mil, e ainda é um pequeno
investidor pelo porte da Petrobras. Se você tem R$ 1 mil investidos e
agora está com R$ 200, pode deixar lá. Mas se tinha R$ 100 mil e agora
tem R$ 50 mil, é melhor botar as barbas de molho. Essa resposta sai do
tamanho da perda e do impacto da perda na vida da pessoa.”
“Não faça isso, não fique passivo, pois a passividade já te levou à
perda. Estabeleça um plano para estancar as perdas”, aconselha Calil.
“Se perdeu até 15%, você consegue recuperar em até 1 ano e meio. Realize
o prejuízo (ou seja, venda as ações por um valor mais baixo do que
pagou por elas) e coloque em outro investimento. Para perdas de até 35%,
é possível fazer um plano de recuperação em até 36 a meses com renda
fixa, dentro das garantias do Fundo Garantidor de Créditos (entidade que
garante a cobertura de um limite do prejuízo ao investidor em caso de
quebra da instituição financeira em que a aplicação foi feita).”
Miranda diz que quem está nessa situação deve pegar o dinheiro de
volta. “Tem que olhar para a frente, já perdeu 30% do FGTS, estar com o
FGTS é a melhor forma de recuperar? Ou é melhor comprar ações de outras
empresas? Tem que pensar onde alocar o dinheiro”.
Já a planejadora financeira Myrian Lund diz que voltar o dinheiro
investido para o FGTS é perda, pois rende abaixo da inflação (o
rendimento do FGTS é de 3% ao ano mais Taxa Referencial. O resgate do
FGTS só é permitido, por exemplo, na aposentadoria, compra de imóvel ou
demissão sem justa causa). “Na Bolsa, há sempre uma esperança de que a
empresa possa reverter toda a expectativa negativa e voltar a ser
procurada por investidores institucionais. Neste caso, é melhor esperar,
pois a empresa não vai acabar. O investimento só é perdido se a empresa
falir”.
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