Pesquisa do Ministério da
Saúde com base em dados de 2013 mostrou que 94% da população sexualmente
ativa reconhecem a eficiência da camisinha como prevenção de Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), mas que 45% admitem que não
recorreram ao método nos 12 meses anteriores ao levantamento. O
resultado foi divulgado nesta quarta-feira (28), durante lançamento de
campanha de prevenção de DST/Aids no carnaval, que aconteceu na sede da
pasta federal.
Segundo o ministério, os
dados estão dentro do previsto e são semelhantes aos levantamentos de
2004 e de 2008. Na primeira pesquisa, 58% admitiam ter se relacionado
sexualmente sem preservativo e 96,9% reconheciam a eficiência da
camisinha. Em 2008, 48% declararam ter feito sexo sem preservativo e
96,6% tinham a percepção da importância na prevenção de doenças.
“Isso significa, de maneira
muito contundente, que não podemos continuar lidando na sociedade
brasileira apenas com o preservativo. É uma mensagem muito clara. A
camisinha perde seu espaço? Em hipótese alguma. Mas precisaremos lidar
com outras estratégias”, afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Na pesquisa de 2004, a taxa
de detecção entre jovens de 15 a 24 anos era de 9,6 casos por 100 mil
habitantes. Em 2013, o índice subiu para 12,7 casos. Para o ministro, o
avanço na qualidade de vida dos pacientes soropositivos resultou em uma
geração com menos medo de contrair a doença. Como exemplo, ele citou
artistas e personalidades que morreram em decorrência da Aids nos anos
1980 e serviram como “referência” para gerações anteriores.
“Não podemos continuar
desconsiderando essa mudança. Isso tem a ver com a história natural da
doença, atualizada para os padrões de 2015. Ela não é a mesma doença de
30 anos atrás”, disse Chioro. “Não podemos passar a ideia de que, por
haver medicação eficaz, a doença é uma coisa glamurosa. Temos que pensar
em dimensão coletiva, afinal, é uma DST. A interrupção da cadeia de
transmissão é desejável.”
O levantamento também mostra
que a porcentagem de pessoas que tiveram mais de 5 parceiros eventuais
no último ano subiu de 9,3%, em 2008, para 12,1% em 2013. A população
sexualmente ativa com mais de 10 parceiros na vida subiu de 25,9%, em
2008, para 43,9%, em 2013.
“Há bastante tempo, vem se
discutindo que o aumento dos casos de Aids pode estar relacionado a uma
geração com mais liberdade sexual que a anterior. Houve um crescimento
importante no número de pessoas com mais de 10 parceiros sexuais na
vida”, diz o diretor do departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde,
Fábio Mesquita.
Campanha
Com base na pesquisa, o
ministério lançou nesta quarta-feira (28) a campanha de prevenção e
combate à Aids para o carnaval de 2015. Com a hashtag “#partiuteste”, o
governo pretende atingir jovens de 15 a 25 anos com o objetivo de
reforçar a prevenção, o teste e o tratamento da doença no Sistema Único
de Saúde (SUS).
“Nâo vamos usar o
#partiuteste apenas no carnaval, mas em todo o ano. É uma maneira de
fazer mobilização com uma linguagem próxima aos jovens. Várias
iniciativas, utilizando mídias sociais, estão sendo desenvolvidas. Quem
vê aparência não vai conseguir identificar se a outra pessoa da relação
tem ou não o HIV”, declarou Chioro.
A testagem de sorologia para
HIV também será reforçada pela campanha, mas não há uma estratégia
unificada para oferecer os exames. “O Ministério da Saúde trabalha com
os municípios e estados. Alguns já anteciparam que vão fazer em clubes,
sambódromos ou carnavais de rua, espaços para a testagem de sorologia.
Outros disseram que vão convocar os foliões para fazerem a testagem
depois. A estratégia é variada, como foi nos anos anteriores”, diz o
ministro.
Camisinhas nos aeroportos
O Ministério da Saúde
informou que vai disponibilizar 120 milhões de preservativos na campanha
de prevenção de DTS/Aids para o carnaval de 2014. Segundo a pasta, são
70 milhões de camisinhas adquiridas mais 50 milhões de produtos que já
estavam no estoque.
A iniciativa inclui a
instalação de máquinas de camisinhas nos aeroportos de Salvador, na
Bahia, de Recife, em Pernambuco e no Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Os terminais estão entre os de maior movimento de pessoas durante o
carnaval.
Fonte: G1
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