Estudo aponta prejuízo de até R$ 124 bilhões. Estações de metrô e trem em risco
O maior estudo já realizado sobre impactos das mudanças climáticas no país também destaca que bairros da Zona Sul — como Ipanema, Copacabana e Botafogo —, a Barra da Tijuca e a Ilha do Fundão podem ser os principais afetados por inundações.
Segundo a pesquisa, coordenada pela equipe
do engenheiro Wilson Cabral, do Instituto de Tecnologia Aeronáutica
(ITA), as áreas de média ou alta vulnerabilidade são locais baixos e
planos, próximos ao oceano ou a canais de drenagem — cuja saturação, em
caso de eventos de elevação do nível do mar, ou de intensa precipitação,
pode levar ao alagamento destas áreas.
“Os
hospitais localizam-se, em sua maioria, em áreas de vulnerabilidade
média ou alta. Tais hospitais são estruturas sensíveis, (...) pois uma necessidade
de evacuação envolveria pacientes”, ressalta o texto. Estações de trem
ou metrô nas regiões de Marechal Hermes, Campo dos Afonsos, Deorodo,
Jacarezinho e Del Castilho estão sujeitas a inundações que podem
paralisar esses serviços. Os pesquisadores recomendam estudos
específicos para o percurso do VLT, “situado quase em toda sua
totalidade sobre área de alta vulnerabilidade”.O secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, disse que o Rio dará início, em 2016, ao Plano Estadual de Adaptação às mudanças climáticas, tendo como horizonte o ano de 2050. “O plano buscará o envolvimento dos 91 municípios”, afirmou. A prefeitura informou que o projeto do VLT levou em consideração estudo coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre elevação do nível do mar, que apontou aquela área como livre de impactos.
Bairros da Zona Sul e Barra podem ser os mais afetados
Os pesquisadores que avaliaram os riscos se basearam em dois cenários do painel de cientistas do clima da ONU, o IPCC. No mais otimista, em que o mundo tomaria medidas para amenizar as mudanças climáticas, uma área do Rio com construção imobiliária avaliada em R$ 109 bilhões está ameaçada pelo aumento de 0,33 metro no nível do mar. Essa região abrange bairros da Zona Sul e Barra da Tijuca, de média vulnerabilidade.
O valor imobiliário da área vulnerável pode ser
mais alto caso não sejam realizadas ações para controlar o clima. “A
cifra é da ordem de R$ 124 bilhões, considerando-se os valores
imobiliários em áreas de alta vulnerabilidade no cenário mais
pessimista”, explica o estudo.
Este número não
representa necessariamente perdas econômicas. “Trata-se de uma
aproximação preliminar qualitativa.” Na situação mais crítica, a
elevação seria de 0,38 metro no nível do mar. Segundo o texto, uma
análise mais avançada poderia indicar com maior precisão os riscos
associados a este conjunto de imóveis.
Outra recomendação
prioritária, além de estudo para o VLT, é analisar a necessidade e
perfil de intervenção adaptativa para redução de danos em situações de
eventos extremos, com foco em localização e disponibilidade dos
hospitais públicos, infraestrutura viária nas áreas de vulnerabilidade e
análises de risco para o setor imobiliário
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