PSDB reitera pedido de afastamento de Cunha da presidência da Câmara
'De forma ainda mais veemente', bancada reitera posição do mês passado.
Sigla considerou que explicação para contas na Suíça são 'insuficientes'.
Cunha responde a processo de cassação no Conselho de Ética da casa, acusado de ter mentido quando afirmou em depoimento à CPI da Petrobras que não era detentor de contas bancárias no exterior.
A bancada do PSDB classifica na nota como "insuficientes" as explicações de Cunha sobre contas atribuídas a ele na Suíça. Em entrevista ao G1 e à TV Globo, ele se intitula "usufrutuário", mas não dono, de ativos no exterior.
"[O PSDB] Reitera, de forma ainda mais veemente, posição firmada em nota emitida em outubro, logo depois do surgimento de documentos contra Cunha, oportunidade em que defendeu o seu afastamento da Presidência da Câmara face à gravidade das acusações", diz o texto.
Deputados do PSDB divulgam nota em que pedem saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara (Foto: Fernanda Calgaro/ G1)
No mês passado, o Ministério Público da Suíça enviou a autoridades brasileiras documentos que, segundo as investigações, apontavam que Cunha possuía conta no exterior alimentada com dinheiro ilegal."Temos um outro fato novo: ele apresentou a sua defesa verbal e essa sua defesa, de forma bastante objetiva, acabou se tornando um desastre. Ele não se explicou, não convenceu nem a bancada do PSDB nem o país, fez alegações soltas, sem o necessário respaldo e provas”, disse Sampaio na entrevista coletiva em que o PSDB apresentou a nota.
Para o deputado, o "sentimento da bancada" é que as explicações de Cunha foram "absolutamente insuficientes". "Se ele não tiver provas para corroborar o que disse, e ele tem o direito de tê-las, isso é exatamente o contraditório, ele, certamente, terá muitas dificuldades no Conselho de Ética”, continuou o parlamentar tucano.
Questionado se o texto representava um rompimento com Cunha, Sampaio disse que o partido nunca teve uma aliança formal com o presidente da Câmara e fez questão de ressaltar que não apoiou a candidatura dele à presidência da casa.
"Rompe quem tem uma aliança. Nós nunca tivemos uma aliança com o Eduardo Cunha. Não votamos no Eduardo Cunha. Tínhamos uma convivência de respeito", afirmou.
O líder tucano também afirmou que os dois representantes do partido no Conselho de Ética, deputados Betinho Gomes (PE) e Nelson Marquezan Júnior (RS), estão autorizados a votar contra Cunha no colegiado. Nesta terça, o partido informou que os parlamentares estavam liberados para votar como quisessem.
Impeachment (GOLPE)
Na nota, a bancada também diz que tomou a decisão devido à "ética", embora "defenda uma causa nobre, como é o impeachment (Golpe) da presidente Dilma Rousseff". Como presidente da Câmara, Eduardo Cunha tem o poder de arquivar ou dar andamento a pedidos de impeachment da presidente – os deputados do PSDB defendem o afastamento de Dilma.
O líder Carlos Sampaio (PSDB-SP) argumentou que, agora, o partido vai concentrar as forças na abertura do processo de impeachment, sob o argumento de que a situação de Cunha já está em andamento no Conselho de Ética.
"Nosso foco é a presidente Dilma. Queremos efetivamente iniciar o processo de impeachment da presidente Dilma. O do Cunha já se iniciou, como tem data marcada. Não vamos perder nosssos esforços para quem já está sendo julgado", disse.
Nas últimas semanas semanas, parlamentares tucanos participaram de um ato no Salão Verde a favor do impeachment e apoiaram manifestantes que haviam se prendido com algemas a uma pilastra do local.
Também colocaram um painel no Salão Verde para coletar assinaturas de deputados pró-impeachment e têm usado com frequência a tribuna para cobrar de Cunha uma decisão sobre a questão.
Nota
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela bancada do PSDB.
Nota da bancada do PSDB na Câmara
A bancada do PSDB na Câmara considera insuficientes as explicações apresentadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em entrevistas no último final de semana, diante da contundência das denúncias e documentos já conhecidos sobre a existência de contas em seu nome e de familiares no exterior.
A bancada entende que, em qualquer hipótese definida pelo Conselho de Ética, a decisão final é do plenário da Câmara.
A bancada reafirma que seu representantes no Conselho de Ética têm o absoluto respeito de seus pares, bem como votarão de acordo com o rigor técnico exigido de um magistrado.
Reitera, de forma ainda mais veemente, posição firmada em nota emitida em outubro, logo depois do surgimento de documentos contra Cunha, oportunidade em que defendeu o seu afastamento da Presidência da Câmara face à gravidade das acusações.
Por fim, registra que, em nenhuma hipótese, a bancada do PSDB irá transigir com a ética exigida dos membros desta Casa, ainda que defenda ,o impeachment(golpe) da presidente Dilma Rousseff.
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