Nova Iorque - Um cientista americano e dois europeus divulgaram nesta terça-feira um relatório no qual questionam as conclusões alcançadas pelo estudo sobre a relação entre o uso de telefones celulares e o risco de desenvolvimento de câncer cerebral apresentado em maio pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O trabalho da OMS, intitulado Interphone, assegurava que o uso dos aparelhos não aumenta o risco de câncer, apesar de reconhecer que são necessárias mais pesquisas. Já os cientistas afirmam que a organização subestimou as possibilidades de aparição de tumores provocados pelo uso dos telefones móveis em até 25% dos casos.
Os responsáveis pelo estudo são Lloyd Morgan, da Universidade de Berkeley (Califórnia); Michael Kundi, chefe do Instituto de Saúde Meio Ambiental da Universidade de Viena; e Michael Caldberg, da Universidade de Orebro, na Suécia.
"Quando é aplicado nosso fator de correção, não só encontramos o risco de aparecimento de meningiomas - um tipo de câncer cerebral -, mas, por cada ano que uma pessoa usa o telefone celular, o risco aumenta em 24%", assegurou Morgan em comunicado de imprensa.
Segundo o cientista, "por cada cem horas de uso de telefone celular, o risco de aparecimento de meningiomas aumenta em 26%".
"O que descobrimos indica que vai haver uma grande pandemia de tumores cerebrais, a não ser que a população seja alertada a mudar o uso que feito hoje em dia da telefonia celular", afirmou Morgan, que recomenda que "os telefones celulares devem ser mantidos afastados da cabeça e o corpo".
Segundo explicou Carlberg no mesmo comunicado, "os resultados do estudo Interphone apresentam graves problemas de parcialidade que resultam na subestimação dos riscos. Se aplicamos nosso fator de correção, é demonstrado que o risco real é maior que o apresentado inicialmente".
O "Interphone", publicado em maio na revista International Journal of Epidemiology, tem base em análises realizadas a quase 13 mil pessoas, e é a maior pesquisa epidemiológica sobre tumores cerebrais realizada na história da medicina.
"O estudo ia oferecer a resposta final sobre o risco do uso da telefonia celular, mas acabou por despertar mais perguntas que respostas", disse Kundi no mesmo comunicado, onde fala de "erros no planejamento e problemas durante a execução do estudo".
Com informações da EFE
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