6.13.2010

Separatistas vencem e Bélgica dá passo para extinção

O partido separatista de direita Nova Aliança Flamenga (NVA) foi o grande vencedor das eleições parlamentares realizadas hoje, na Bélgica. Liderado por Bart de Wever, político que defende a "evolução" do país rumo ao seu desaparecimento, o partido obteve 29% dos votos em Flandres, região de cultura holandesa, tornando-se uma das três grandes forças políticas que dividem o poder belga. Apesar da votação histórica da NVA, o líder do Partido Socialista, Elio di Rupo, que somou mais de 30% dos votos na Valônia, região de influência francesa, deve ser escolhido como novo premiê nesta semana.

O resultado favorável aos separatistas não se limitou o escore inédito do NVA. Dois outros partidos radicais de direita, o Vlaams Belang e o partido populista Lijst, de Jean-Marie Dedecker, também contribuíram para o resultado. Na soma dos votos, as diferentes matizes separatistas obtiveram 45% dos votos, tornando concreta a hipótese de aumento da autonomia de Flandres e da Valônia, e, em um futuro ainda imprevisível, a divisão do país.

Do lado valão, enquanto os socialistas de di Rupo saíram vencedores e a extrema-esquerda progrediu, o Movimento Reformador, partido de centro-direita liberal liderado pelo ex-primeiro-ministro Didier Reynders, que há três anos havia vencido as eleições na região de língua francesa, foi o grande derrotado.

Até o momento, ainda não é conhecido o resultado na terceira região da Bélgica, Bruxelas, que pode servir como fiel da balança na formação de um futuro governo. A tendência era de que Di Rupo, cujo partido sairá das urnas com uma pequena maioria dos votos, torne-se o primeiro premiê francófono da Bélgica desde 1963. Mesmo que a escolha se confirme, a expectativa é de que a ascensão do NVA obrigue os socialistas a ampliar a autonomia de Flandres e da Valônia.

Di Rupo reconheceu o novo status político de De Wever. "Uma grande parte da população flamenga deseja claramente que nosso país evolua no plano institucional", afirmou. "O PS sempre esteve pronto a uma reforma do Estado."

No mesmo tom, De Wever pregou transformações institucionais e reafirmou desejar, no futuro, a divisão da Bélgica em dois países. "Nós sempre falamos em uma evolução, de um país que divide em duas democracias. Nós devemos adaptar o país a esta realidade que já existe."
ANDREI NETTO - Agência Estado



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