8.15.2010

Quelóide



A quelóide pode ser definida, num primeiro momento, como uma má cicatrização. E sua incidência não está restrita à modificação corporal.
Alguma vez você já se machucou, e a cicatriz desse machucado ficou alta e nunca mais voltou ao normal? Então, isso é quelóide.
Sua mãe deu à luz através de um parto cesariano e ficou com uma cicatriz alta no ventre? É quelóide também.
Simples machucados ou irritações na pele, como espinhas ou cataporas, quando manipuladas, podem virar quelóides.

Tratada pelo termo médico "entidade", a quelóide é uma "anomalia" hereditária, quando o organismo produz fibras de colágeno em excesso; aparece com mais frequencia em mulheres, e pessoas afro ou nipo-descendentes tem 50% mais chances de ter quelóides.*

*N.E.: Eu, mulher, afro e nipo-descendente, tenho quelóide. Durante toda a minha vida quis fazer tatuagem e piercing e, ouvia minha mãe dizendo que nós tínhamos quelóide e que minha tatuagem ficaria alta. Aos 19 anos tatuei nas costas e, de fato, a tatuagem ficou alta. A da perna não apresentou nenhum sinal de quelóide.

A partir daí, podemos voltar ao texto da Luisa sobre escarificação e entender um pouco mais o que acontece:
"(...) Apesar de sua origem não ter data e lugar exatos de nascimento, a escarificação surgiu em algum lugar da África, pois já que as tatuagens convencionais ficam um pouco apagadas na pele negra, inventou-se uma nova maneira de "desenhar" no corpo: com um bisturi. A técnica não usa tinta, como na tatuagem, e sim cortes, que depois de cicatrizados formam o desenho desejado. Os africanos julgam que quanto mais alta fica esta cicatriz, mais visível e bonita fica a arte. (...)"
Quelóide proposital de escarificação

A cicatriz fica alta (em casos mais extremos, com até 1 cm de altura) é indolor, não contagiosa e é incurável, embora existam alguns tratamentos para amenizá-la.
É possível remover a cicatriz com cirurgia, mas ela pode voltar. Combinada a cirurgia com injeções de corticóides, as chances de novas formações de quelóides diminuem muito.
A própria injeção de corticóide*, sem intervenção cirúrgica ao mesmo tempo, é uma opção de tratamento também. São necessárias várias aplicações de corticóide diretamente na área com quelóide.
Existem, também, tratamentos a laser e pode-se, inclusive, tentar a radioterapia em alguns casos.

*N.E.: Sempre que dizia para a minha mãe que queria fazer uma tatuagem e, que ela tentava me convencer a não fazer, ela dizia que teve que tomar injeções de corticóide diretamente na cicatriz da cesariana. Ela dizia que era dolorido e, muitas vezes as agulhas entortavam ou quebravam, de tão rígida que a quelóide era. A quelóide dela diminiu, mas ainda está lá.
Quelóide cirúrgica

Falando agora sobre a modificação corporal, é impossível prever se suas tatuagens ou piercings apresentarão quelóide. O ideal é observar no seu histórico familiar se já houve incidência de quelóide; ver em seu próprio corpo se existem cicatrizes altas de machucados antigos; CONSULTAR UM DERMATOLOGISTA e fazer os exames necessários para constatar a incidência de quelóide.
Piercing com quelóide

Tatuagem com quelóide*
*N.E.: É bastante sutil a quelóide desta imagem, mas dá pra perceber principalmente no canto superior esquerdo do desenho.

Recomendações para procurar sempre bons e sérios profissionais - sejam eles médicos, body piercers ou tatuadores - são clichês, mas conselho nunca é demais.

Fontes: Encyclopedia of Body Adornment
O quelóide é uma lesão proliferativa, formada por tecido de cicatrização, fibroso, secundária a um traumatismo da pele. Há uma predisposição individual para o seu aparecimento, sendo mais comum em negros e mestiços.

A acne do tronco pode dar origem a lesões queloideanas (acne queloideano) e também um tipo de foliculite que ocorre na nuca (foliculite queloideana).

Manifestações clínicas

O quelóide é uma lesão tumoral, de superfície lisa e consistência endurecida. No início, geralmente tem cor rósea ou avermelhada adquirindo, mais tarde, cor semelhante à pele normal ou escurecida. A região anterior do tórax e os ombros são localização frequente de quelóides.

Difere das cicatrizes hipertróficas, nas quais o tecido cicatricial aumentado não excede a localização do traumatismo e tende a se reduzir com o passar do tempo.

Mesmo pequenos traumatismos, como um furo de orelha (foto abaixo) podem dar origem a quelóides.

Tratamento

O tratamento do quelóide é muitas vezes difícil, sendo frequente o seu retorno. A retirada cirúrgica deve sempre ser acompanhada de outros tratamentos, como infiltração de corticosteróides, compressão ou radioterapia. A crioterapia com nitrogênio líquido (tratamento que congela o quelóide), precedendo a infiltração, também pode trazer bons resultados.

A associação das técnicas de tratamento aumenta a chance de cura e deve ser determinada de acordo com cada caso.

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