Drogas
“Estão transformando o efeito em causa". O problema do crack é um exemplo típico. Não é o seu uso que gera o problema social, mas o contrário. É o fato dessas crianças terem famílias desestruturadas pelas condições sociais, não terem acesso a educação e saúde de qualidade que as levam ao consumo de drogas destrutivas, a mergulharem nessa relação perversa entre prazer e destruição. Essa forma de solução que o Rio adotou é típica de quem busca limpar as ruas da visão incômoda dos usuários e não de construir um verdadeiro programa de intervenção. Recolhimento não é acolhimento. Tem que capacitar as clínicas, gerar políticas mais focadas nos indivíduos vulneráveis e nas condições de vida cotidiana desses indivíduos. Não estou querendo dizer com isso que a internação compulsória não seja recomendada às vezes, mas, é preciso compreender que quando essas pessoas saírem da internação, as condições que as empurraram para as drogas continuarão lá aguardando por elas. A sensação que se tem não é de que estão protegendo as crianças, mas protegendo a cidade de um incômodo, sobretudo, em tempo de copas e olimpíadas. Campanhas mentem O crack é conseqüência de um longo período sem política clara de prevenção de drogas. O Estado mente a todo momento. Os médicos mentem. A sociedade mente para os jovens com uma série de informações sobre drogas. É preciso falar claramente sobre cada uma delas, seus riscos, seus graus de atenção. Campanhas mentem. Existem drogas e drogas. Atribuir a drogas mais leves como maconha, por exemplo, a mesma nocividade da cocaína, heroína e crack é uma mentira que tira dos adolescentes a capacidade de se proteger. Claro que a maconha oferece também riscos importantes para o adolescente, mas estes riscos precisam estar dimensionados com base nos dados científicos e não em valoração moral. Porque um adolescente que conhece alguém em sua rua que fuma maconha, mas trabalha todo dia, ajuda a família e etc, sem parecer ter desajustes, pode achar que isso aconteceria com esse conhecido independentemente da droga que ele usasse, já que são todas iguais. Aí ele acha que pode usar tudo. Ele não sabe se defender. Não sabe diferenciar os malefícios. Tem que deixar isso claro. Por ter feito esse discurso usando a verdade e dizendo que a maconha é uma droga leve em comparação com álcool e as outras aqui citadas logo vai aparecer quem diga que estou fazendo apologia. Não estou. Vejo um risco real nessa pasteurização”.
Isabel Clemente
Revista Época
“Estão transformando o efeito em causa". O problema do crack é um exemplo típico. Não é o seu uso que gera o problema social, mas o contrário. É o fato dessas crianças terem famílias desestruturadas pelas condições sociais, não terem acesso a educação e saúde de qualidade que as levam ao consumo de drogas destrutivas, a mergulharem nessa relação perversa entre prazer e destruição. Essa forma de solução que o Rio adotou é típica de quem busca limpar as ruas da visão incômoda dos usuários e não de construir um verdadeiro programa de intervenção. Recolhimento não é acolhimento. Tem que capacitar as clínicas, gerar políticas mais focadas nos indivíduos vulneráveis e nas condições de vida cotidiana desses indivíduos. Não estou querendo dizer com isso que a internação compulsória não seja recomendada às vezes, mas, é preciso compreender que quando essas pessoas saírem da internação, as condições que as empurraram para as drogas continuarão lá aguardando por elas. A sensação que se tem não é de que estão protegendo as crianças, mas protegendo a cidade de um incômodo, sobretudo, em tempo de copas e olimpíadas. Campanhas mentem O crack é conseqüência de um longo período sem política clara de prevenção de drogas. O Estado mente a todo momento. Os médicos mentem. A sociedade mente para os jovens com uma série de informações sobre drogas. É preciso falar claramente sobre cada uma delas, seus riscos, seus graus de atenção. Campanhas mentem. Existem drogas e drogas. Atribuir a drogas mais leves como maconha, por exemplo, a mesma nocividade da cocaína, heroína e crack é uma mentira que tira dos adolescentes a capacidade de se proteger. Claro que a maconha oferece também riscos importantes para o adolescente, mas estes riscos precisam estar dimensionados com base nos dados científicos e não em valoração moral. Porque um adolescente que conhece alguém em sua rua que fuma maconha, mas trabalha todo dia, ajuda a família e etc, sem parecer ter desajustes, pode achar que isso aconteceria com esse conhecido independentemente da droga que ele usasse, já que são todas iguais. Aí ele acha que pode usar tudo. Ele não sabe se defender. Não sabe diferenciar os malefícios. Tem que deixar isso claro. Por ter feito esse discurso usando a verdade e dizendo que a maconha é uma droga leve em comparação com álcool e as outras aqui citadas logo vai aparecer quem diga que estou fazendo apologia. Não estou. Vejo um risco real nessa pasteurização”.
Isabel Clemente
Revista Época
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