1.01.2012

Festa pelo Réveillon da paz reúne dois milhões


Maior espetáculo de fogos do mundo leva multidão a Copacabana. Moradores de Rocinha e Alemão também recebem 2012 livres do domínio de traficantes

Rio - O Rio recebeu 2012 com uma onda de paz, otimismo e liberdade. Nem a chuva ofuscou o brilho da queima de fogos, que durou 16 minutos na Praia de Copacabana. O espetáculo, eleito o melhor do mundo pelo site ‘World Trade Guide’, especializado em turismo, reuniu cerca de 2 milhões de pessoas, com mais de 750 mil turistas.
Maior espetáculo de fogos do mundo leva multidão a Copacabana | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
Na Rocinha e comunidades vizinhas, moradores celebraram a primeira virada de ano após décadas sob o jugo dos fuzis de traficantes. No Complexo do Alemão, sob a escolta de 1.800 militares, houve festa próximo ao teleférico do Morro do Adeus.
A chuva forte chegou a preocupar o público em Copacabana. Devido à instabilidade do tempo, o Centro de Operações da Prefeitura do Rio anunciou às 21h21 estado de atenção. Pouco antes, por volta das 21h, a Marinha chegou a ordenar o recuo das 11 balsas que carregavam as 24 toneladas de fogos de artifício, por segurança. Mas, no momento da queima de fogos, a chuva deu trégua e todos comemoraram.
>>> FOTOGALERIA: Confira a festa do Réveillon na cidade do Rio
Recém-pacificada, a Rocinha celebrou a virada em clima de tranquilidade, com direito a queima de fogos no alto do Hotel Nacional e baile da paz na Via Ápia, uma das principais da comunidade. Também não faltaram atrações em outros pontos, como no Piscinão de Ramos, onde samba e funk embalaram a festa. A Igreja da Penha foi iluminada por um show pirotécnico.
A cidade, que se prepara para receber megaeventos — Rio+20, Copa do Mundo e Olimpíadas —, ganhou o prêmio ‘World Travel Guide’ pelo Réveillon de Copa. A entrega foi realizada ontem no palco onde o Rappa — que homenageou Roberto Carlos —, Beth Carvalho e Latino animaram o público.“Vim de Nova York, já fui à Ásia e à Austrália, mas nenhum lugar sabe fazer festa como no Brasil”, disse Ian Erix, representante do grupo ‘Travel Guide’.
POUCOS INCIDENTES
COPACABANA
O Réveillon transcorreu sem grandes incidentes em Copacabana. A prefeitura registrou 237 atendimentos nos sete postos de saúde da orla. Os principais problemas foram cortes causados por vidros e embriaguez.
Desde ontem na cidade, a família Ribeiro veio de Mato Grosso do Sul para assistir, pela primeira vez, o grande show de fogos. “Isso que estamos vivendo é um sonho. É a festa mais linda do mundo!”, vibrou André Ribeiro, ao lado de cinco familiares.
ROCINHA
A expectativa era grande na Rocinha, onde a queima de fogos durou 15 minutos. A doméstica Ivonete Barbosa, 35, que nasceu na comunidade, viu tudo de uma vista privilegiada para a Praia de São Conrado. “Espero que 2012 comece como terminou 2011: em paz”.
ALEMÃO
No Morro do Adeus, o auxiliar de construção Ronaldo Alexandre Gomes, 47, levou a família para comemorar o segundo Réveillon pós-pacificação. Houve espetáculo pirotécnico por 10 minutos e show do Balacobaco. Cerca de pessoas participaram. “A chuva prejudicou a visão panorâmica da cidade, mas ajudou a levar embora as coisas ruins de 2011”.
Reportagens de André Zahar, Bruno Menezes, Diogo Dias, Felipe Freire, Gislandia Governo, Lucas Moretti e Roberta Pirro

Rio: o velho sufoco da volta para casa após o Réveillon

Gleriston Rodrigues | Rio+ | 01/01/2012 15h56
O Rio de Janeiro teve inúmeras festas espalhadas pela cidade para celebrar o Ano Novo. A principal delas foi em Copacabana, onde mais de dois milhões de pessoas foram ver de perto a queima de fogos. Outros pontos da cidade que recebeu um grande fluxo de pessoas, mesmo sem queima de fogos, foram as praias da Barra da Tijuca e do Recreio.

O que cariocas e turistas não esperavam, apesar de acontecer todos os anos, era a saga que teriam que enfrentar para voltar para casa pelo transporte público, especialmente os ônibus. Em Copacabana, muitas pessoas só conseguiram sair do bairro nas primeiras horas da manhã. Foi o caso do leitor do SRZD, Marcos Antônio Fernandes, de 33 anos, que enviou e-mail contando um pouco da sua história.
Foto: Gleriston Rodrigues - SRZD

"Moro na Praça Seca e só queria pegar um ônibus até o Leblon, para de lá pegar o que vai direto para minha casa. Só que isso era uma missão impossível. Resolvi ir embora com meus amigos e parentes por volta de 3h, e só conseguimos pegar a condução quando já ia dar 6h, o dia clareando. Todos os ônibus lotados e muitos motoristas ainda não paravam nos pontos. Um caos, muita gente querendo ir embora sem poder", relata Marcos.

A precariedade dos serviços de ônibus também foi relata pelo SRZD na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. De acordo com muitas pessoas que tentavam ir embora, poucas linhas circulavam perto da praia, o que dificultou e muito a saída. Maria de Souza, que foi com duas filhas e o marido, estava esperando um ônibus para ir para a Cidade de Deus, também na Zona Oeste.

"A rua da praia está fechada, e não sabemos onde pegar a condução. Nem a Guarda Civil soube me responder. Quero pegar o 888 (Sulacap x Barra da Tijuca), mas vou ter que andar muito porque ele não está passando na orla fechada, vamos procurar ainda", afirmou ao SRZD.

O ônibus que Maria se referia é o que está lotado na foto desta reportagem. O resultado de poucos ônibus circulando para muita procura fez com que os usuários que conseguiram subir nas conduções passassem sufoco logo nas primeiras horas do ano. Certamente não era a forma como o carioca quer ser tratado em 2012. "Onde está o transporte público da cidade?", reclamaram algumas pessoas de um ponto de ônibus completamente lotado.

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