1.03.2012

Tensão no Oriente Médio

Irã ameaça "tomar medidas" se porta-aviões dos EUA cruzar Estreito de Ormuz

Em momento de crescente tensão no Oriente Médio, chefe do Exército do Irã afirmou que Teerã "só avisará uma vez"

O Estreito de Ormuz é rota de passagem de 40% da produção mundial de petróleo. A 5ª Frota Naval dos Estados Unidos é baseada no Bahrein (Foto: Marco Vergotti / ÉPOCA)
Militares de alta patente do Irã continuam realizando ameaças aos Estados Unidos, em um momento de crescente tensão entre o governo de Teerã e potências ocidentais por conta do programa nuclear iraniano. Nesta terça-feira (3), a ameaça foi proferida pelo chefe do Exército do Irã, o major-general Ataollah Salehi, segundo quem seu país vai "tomar medidas" caso o porta-aviões dos Estados Unidos USS John C. Stennis volte a cruzar o Estreito de Ormuz, uma rota estratégica no Oriente Médio, como fez na semana passada. Salehi, entretanto, não especificou quais "medidas" seriam essas.
Salehi fez as declarações imediatamente depois do fim dos exercícios navais que o Irã realizou nos últimos dez dias, com navios de guerra e submarinos, na região do Golfo de Omã e no Estreito de Ormuz, rota por onde passam 40% da produção mundial de petróleo. "Aconselhamos e insitimos para que este navio de guerra [o USS John C. Stennis] não retorne para sua base anterior no Golfo Pérsico", disse o militar. "Não temos a intenção de repetir nosso aviso e nós só avisamos uma vez", afirmou. A base original dos USS John C. Stennis fica no Bahrein, país do Golfo Pérsico que sedia a 5ª Frota Naval dos Estados Unidos. O porta-aviões cruzou o Estreito de Ormuz em direção ao Golfo de Omã na semana passada, depois de o Pentágono afirmar que o fechamento do Estreito "não seria tolerado". Oficialmente, a manobra foi de "rotina" e o USS John C. Stennis chegou ao Golfo de Omã para auxiliar nas operações americanas no Afeganistão. A ameaça de fechar a rota estratégica partiu também de militares iranianos, afirmando que tal medida seria tomada caso novas sanções econômicas fossem aplicadas contra o Irã por conta de seu programa nuclear.
Durante o fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou novas sanções ao Banco Central do Irã, responsável pela grande maioria das transações financeiras envolvendo a exportação de petróleo iraniano. A União Europeia, como os Estados Unidos, acredita que é mentirosa a alegação do Irã de que seu programa nuclear tem fins pacíficos. Assim, a UE tem cogitado novas e mais duras sanções contra o regime dos aiatolás, que poderiam incluir a indústria do petróleo. Até aqui, as exportações iranianas não foram afetadas, o que, em grande medida, evitou que as sanções causassem instabilidade dentro do país. Com o dinheiro do petróleo, Teerã conseguiu contornar a seca de recursos oriundos de setores da economia atingidos pelas sanções. Para fazer avançar a pressão sobre o Irã, diplomatas ocidentais cogitam um embargo ao petróleo iraniano, o que poderia provocar uma alta no preço do óleo, agravando a crise econômica em todo o mundo, e, no limite, um confronto militar com Teerã.
Um futuro imediato envolvendo uma nova crise econômica e um conflito militar com o Irã pode parecer temeroso, mas a possibilidade é real. Nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, pediu abertamente que a União Europeia bloqueie os bens do Banco Central do Irã e imponha um embargo ao petróleo iraniano. Segundo Juppé, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, já fez esta proposta aos líderes europeus e estipulou uma data para obter a resposta: o fim deste mês. "Queremos que os Europeus tomem medidas similares [às dos EUA] até 30 de janeiro para mostrar nossa determinação", disse Juppé.
Além das sanções, um ataque militar ao Irã não está descartado. Este ataque poderia partir dos Estados Unidos e da União Europeia, mas Israel, que se considera alvo do Irã, cogita atacar sozinho. Até aqui, Israel se recusou a garantir que pediria autorização dos Estados Unidos para atacar o Irã ou que avisaria Washington com uma antecedência considerável antes de atacar. Para os Estados Unidos, a situação é muito delicada. Isto porque permitir que o Irã se torne uma potência nuclear é algo tão temeroso quanto se envolver, ou ser surpreendido, por um conflito de proporções enormes envolvendo todo o Oriente Médio. Em caso de um conflito militar na região, o Irã provavelmente tentaria aglutinar os povos muçulmanos, uma estratégia que seria combatida por sua principal inimiga regional, a Arábia Saudita. Uma prova das péssimas relações entre os dois países foi a oferta saudita de, no caso de o Irã fechar o Estreito de Ormuz, a Arábia Saudita compensar o mercado ampliando sua produção e exportação de petróleo por outras rotas.
Aparentemente, apesar de suas atitudes e discurso desafiadores, o Irã entende que não tem como competir militar e economicamente contra uma coalizão liderada por Estados Unidos e União Europeia. É por isso que, ao mesmo tempo em que faz exercícios militares e ameaças aos Estados Unidos, mantém aberta a possibilidade de retomar as negociações diplomáticas EUA, UE, Rússia e China no âmbito das Nações Unidas. Resta saber se a comunidade internacional ainda terá disposição de negociar com Teerã depois dos últimos eventos.

Após ameaças do Irã, porta-aviões dos EUA atravessa o Estreito de Ormuz


Um novo episódio de ameaças entre Estados Unidos e Irã aumentou ainda mais a tensão na região. Depois da marinha iraniana iniciar exercícios militares no Estreito de Ormuz e de lideranças do país ameaçarem fechar o estreito, um porta-aviões americano foi filmado pelo Exército iraniano atravessando o local.
A tensão começou em novembro, após um relatório da ONU mostrar indícios de que o Irã estaria desenvolvendo uma arma nuclear. Os países Ocidentais pressionam por novas sanções contra o Irã, que reagiu ameaçando bloquear o estreito. O Estreito de Ormuz é um canal de 6,4 quilômetros entre Omâ e o Irã, por onde passa um terço das exportações de petróleo do mundo. O bloqueio comprometeria o abastecimento de petróleo na Europa.
Segundo a rede de televisão ABC, o exército americano disse que o porta-aviões estava fazendo uma movimentação planejada e de rotina.
A Quinta Frota da Marinha dos EUA, que tem sede no Bahrein, confirmou que dois navios passaram pelo estreito no dia 27 de dezembro, a caminho do Mar Arábico, para dar suporte às operações no Afeganistão. Ontem, o Pentágono disse que não vai aceitar as ameaças iranianas. “O fechamento do Estreito de Ormuz não será tolerado”, disse o porta-voz George Little.
Apesar da tensão, grande parte dos analistas estão encarando as ameaças do Irã como blefe. Além disso, um oficial da marinha russa disse que apenas o porta-aviões americano que cruzou o estreito, o USS John C. Stennis, tem maior poder de fogo do que toda a marinha iraniana que participa dos exercícios militares no local.
“Não tem como comparar as forças de combate da marinha iraniana com o potencial do porta-aviões dos EUA. Com certeza marinha iraniana não pode fazer frente ao porta-aviões”, disse o almirante russo Ivan Kapitanets. O militar acredita que o navio americano tem capacidade de “esmagar” as instalações costeiras do Irã.
Os iranianos negam, e dizem que estão preparados caso haja conflito.
Foto: Marinha iraniana faz exercícios militares no Estreito de Ormuz. Ali Mohammadi/AP
Bruno Calixto
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6 Comentários para “Após ameaças do Irã, porta-aviões dos EUA atravessa o Estreito de Ormuz”

  1. brcobaia: Com certeza o porta aviões pode ‘esmagar’ as instalações costeiras do Irã. Mas isto não significaria o fim do problema, apenas o início de uma guerra atômica nuclear. Muito infantil o raciocínio.
  2. Marcelo B.A: Todos nós devemos nos perguntar..o quê faz uma base de USA em Bahrein ? não é coincidencia que 1/3 de todo o petróleo do mundo saia pelo estreito de Ormuz. USA é o sherif da região? USA não pode brincar de dizer que não vão tolerar o fechamento do estreito, que seria de mais direito de um país árabe e não ocidental. Ninguém quer ver enfrentados Irã e USA pois mesmo com o poderioi bélico dos americanos não se pode desprezar o que não se conhece dos iranianos, e Russia e China já disseram que vão apoiar a Irã. A 3a. guerra estaria às portas?…Tomara que não.
  3. Franciso de Assis: Os EUA deixaram o Iraque dias atrás, agora ja querem ir para o Irã
  4. eduardo: O Iraque não teve apoio de ninguém,já o Irã não sabemos o que que tem lá dentro.Fora o apoio da Russia e China.
  5. jose nocrato: Os EUA,tem que agir na diplomacia,mas também a região não pode ficar refém do Irã,a todo momento ameaçando.
  6. Bosco: O povo do ocidente esta muito mais acostumado com guerras do q os usa, se eles.estão chamando pra briga e por q eles tem uma carta na manga…eles tem tecnologia NUCLEAR!!!!!!!!
    ´Época

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