Segundo o professor de engenharia biomédica de Harvard, David Edwards, que é autor da pesquisa da qual surgiu o produto, o AeroShot é seguro para o consumo e não contém aditivos comumente usados para amplificar o efeito da cafeína em bebidas energéticas. Cada tubinho de plástico (nas cores cinza e amarelo) contém 100 miligramas de pó de cafeína (o suficiente para uma xícara grande de café), além de vitaminas do complexo B.
Mas o senador democrata Charles Schumer, de Nova York, quer que a Food and Drug Administration (FDA, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA) reveja a autorização para a comercialização do AeroShot, alegando que o produto poderia ser usado como uma droga em clubes e danceterias. Tudo porque muitos jovens americanos começaram a consumir a mistura de cafeína com bebidas alcoólicas variadas, num coquetel chamado “blackout”. O resultado é que a cafeína potencializa a absorção de álcool pelo organismo. O porta-voz do FDA, Siobhan DeLancey, não quis comentar o assunto, dizendo que a agência vai responder diretamente a Schumer.
A mistura do Aeroshot tem gosto de café com um toque de limão. Cada tubinho permite seis aspirações. Há uma versão que mistura café e chocolate, mas não teve tanta aceitação quanto o cafezinho com limão. Mas a gastroenterologista Lisa Ganjhu, do St Luke's-Roosevelt Hospital, de Nova York, acha que as pessoas precisam estar conscientes de quanta cafeína estão ingerindo por dia.
— Se uma pessoa beber 10 xícaras de café por dia, ela provavelmente vai levar várias horas para beber esta quantidade de cafeína —comenta a médica. — Mas, com esses tubinhos, em apenas uma hora é possível que esta mesma pessoa consuma a quantidade de cafeína correspondente às dez xícaras.
A embalagem do produto adverte as pessoas a não consumir mais de três AeroShots por dia. Mas pesquisas feitas com consumidores revelam que muitos daqueles que aderiram ao produto inalado não pretendem abrir mão do cafezinho tradicional e usam os tubinhos apenas como diversão entre amigos.
O fabricante de AeroShot, aliás, usa a propaganda para sublinhar que o tubinho não poderia substituir o cafezinho tradicional, mas pode tornar mais fácil para pessoas com estilo de vida muito ativo a obter a sua dose de cafeína mais rapidamente. "É fácil tomar AeroShot com você quando você vai esquiar, praticar ciclismo ou qualquer outra atividade que consome muita energia", diz a propaganda.
O AeroShot é resultado de uma conversa entre o professor Edwards e o chef de cozinha francês Thierry Marca num almoço no verão de 2007.
— Nós estávamos conversando sobre experiências na arte culinária e eu tive a ideia de que podemos respirar alimentos. Eu havia feito uma série de experiências com aerossóis para uso médico. E logo entrei numa pesquisa com meus alunos de Harvard para fazer o primeiro chocolate inalável, chamado “Le Whif”, que não teve tanto sucesso quanto o café, agora — avalia Edwards.
Agora a mesma turma de Harvard está se preparando para lançar um produto chamado “Le Whaf”, uma versão de alimentos e bebidas na forma de “nuvens de sabor”, que são oferecidas para degustação em taças de vidro, de aspecto futurista de vidro. O grupo promete que os alimentos e bebidas a serem aspirados terão uma qualidade muito atraente no mercado: serão todos de baixa caloria, prontos para garantir sabor a quem está em plena dieta para perder peso.
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