2.08.2012

Quanto você vale em dinheiro? C/ comentários

Ele sabe tudo sobre você (trecho)

Mark Zuckerberg, aí ao lado, criou uma máquina de ganhar dinheiro que se alimenta de informações sobre nós todos. É o Facebook. Ele invadiu a nossa  vida – e ficou bilionário com o que damos a ele de graça

BRUNO FERRARI, COM LUÍZA KARAM, NATHALIA PRATES E TONIA MACHADO
HAPPY HOUR Mark Zuckerberg  em seu bar favorito em Palo Alto,  na Califórnia. O antissocial virou o rei das redes sociais (Foto: Bret Taylor/August/Latinstock)
Você sabe dizer quanto vale? Deixe de lado fatores subjetivos, como seus valores morais, habilidades profissionais e perspectiva de vida. Quanto você vale em dinheiro? Se você é um dos 845 milhões de usuários do Facebook no mundo – só no Brasil são 36 mi-lhões –, essa pergunta foi respondida na semana passada: você vale exatos US$ 88,75, cerca de R$ 152. Depois de meses de prepara-ção, a maior rede social da internet entregou os documentos necessários para realizar sua oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de Nova York.
O objetivo da empresa é captar US$ 5 bilhões a partir de maio, quando os papéis do Facebook estarão à disposição dos investidores. O preço que cada uma dessas ações atingir no lançamento vai determinar o valor total da empresa, que está sendo estimado entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões. Com base nessas projeções, empresas calcularam o valor por usuário ou “quanto você vale” no Facebook. Basicamente, é uma divisão de US$ 75 bilhões por 845 milhões de usuários. A Apple fatura vendendo iPhones, iPads e computadores Macs. A Microsoft fatura vendendo licenças do sistema Windows ou consoles do videogame XBox 360. O Google ganha dinheiro com anúncios atrelados a seu serviço de busca. E o Facebook ganha dinheiro apenas com suas informações. É o que você posta, escreve, joga, compartilha, lê, comenta, curte e cutuca que fez com que a empresa lucrasse US$ 1 bilhão em 2011. Isso pode transformá-la, agora, na sétima companhia de tecnologia mais valiosa do mundo.
Quem conseguiu transformar essas informações em dinheiro foi o jovem americano Mark Zuckerberg, fundador e principal execu-tivo da empresa. Com apenas 27 anos, ele é hoje um dos homens mais ricos e influentes do mundo. O Facebook, criado em 2004 no alojamento de estudantes da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, inventou um negócio com base na oferta de espaço digital (ilimitado e gratuito) para que os consumidores se relacionem. Em troca, os dados sobre tudo o que esses consumidores fazem – tudo o que você faz! – são vendidos às empresas interessadas em se relacionar com eles, na forma de anúncios publicitários. Oitenta e cinco por cento do faturamento de US$ 3,7 bilhões obtido pelo Facebook no ano passado veio assim. Sistemas inteligentes analisam rios de dados gerados pelas ações dos usuários e criam “cestas de perfis” para quem quiser explorá-los. Como funciona? O Facebook, por exemplo, calcula quantas mulheres paulistanas entre 20 e 30 anos acabaram de mudar seu status de relacionamento para “noiva”, ofe-rece essa informação a uma produtora de festas e cria um anúncio para sair na coluna lateral do perfil das noivas. Da mesma forma, se alguém “curte” uma página de comida saudável, pode ser o cliente ideal para anúncios de vegetais orgânicos. Se posta vídeos de futebol, se menciona livros de economia, se comenta sobre mergulhos, se pu-blica fotos das Ilhas Fiji – as possibilidades de exploração comercial das informações são infinitas, e todas elas são armazenadas nos bancos de dados do Facebook. Com o passar do tempo, eles se tornam verdadeiros oceanos de dados nos quais as empresas podem pescar o que desejarem saber sobre os consumidores.
Além de franquear informações sobre seus usuários, o Facebook também permite que as empresas criem as próprias ações de marketing no site. Elas podem montar páginas oficiais no Facebook, onde reúnem consumidores, fazem promoções e criam desafios e jogos. Tudo com o intuito de que seus clientes compartilhem cada vez mais informações e façam, no boca a boca, publicidade gra-tuita da marca. Mais de 25 milhões de pessoas no mundo se deram ao trabalho de entrar na página do biscoito Oreo no Facebook e clicar no botão “Curtir”. Com isso, recebem as últimas informações sobre o produto e participam de promoções. No Brasil, a página do Guaraná Antarctica reúne quase 4 milhões de fãs. “Mais de 4 milhões de empresas têm páginas no Facebook que são usadas para ter um diálogo com seus clientes”, diz Zuckerberg.

a nova sede (Foto: Robert Galbraith/Reuters)

 comentários
  • Valdeir
    Certo está ele. A gente fica espantado com "tanta sorte" que nos esquecemos que temos esse direito de evoluir e criar algo que nos faça 'bilionários', ele foi inteligente, sem maldade e sem pretensões pequenas, foi, criou, espalhou e ficou rico com uma ideia que na época com certeza parecia impossível chegar onde chegou. Enfim, quero fazer história como ele fez.
  • paulodeolive
    A idéia da "aldeia global" se materializou nas redes sociais, as quais se tornaram um estrondoso sucesso da internet, agora eu pergunto: Que vantagem levamos expondo nossa vida e nossas mazelas nessas redes sociais? acredito que nenhuma, talvez algum interesse comercial seja o que de melhor elas apresentam, mas é só; não acrescentam nada à nossa vida, ao crescimento intelectual das pessoas; criaram um novo tipo de "vício" além daqueles que a sociedade já tem de sobra como drogas e bebida; a única vantagem foi para os criadores de tais redes, todos eles milionários e rindo dos trouxas mortais que os seguem; façam-me o favor!
  • Bará
    Sem problema em botar a "bunda na janela",, quem não achar legal, é só mudar de canal!!

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