Vigilância Sanitária proíbe cigarros mentolados e de cravo
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu por
unanimidade proibir a venda de cigarros com sabor, como os mentolados ou
os de cravo, no país. A indústria terá 18 meses para adequar os
cigarros à nova regra.
No caso de caso de outros derivados de tabaco, como os fumos para cachimbos, o prazo é de 24 meses.
Na reunião, contudo, ficou mantido o uso de açúcar na produção
industrial dos cigarros, conforme queriam os fabricantes. Segundo eles, a
cadeia produtiva do tabaco ficaria inviabilizada sem o uso do açúcar.
O argumento dos que defendiam a proibição dos aditivos é que eles são a
porta de entrada para o vício em tabaco, especialmente entre os mais
jovens.
"É quase intuitivo. Se você quer agradar uma criança, você dá um doce.
Esses aditivos têm a função de facilitar o consumo, facilitar a
tolerância do organismo à fumaça e ao gosto do cigarro", afirma Vera
Luiza da Costa e Silva, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública
da Fiocruz e estudiosa dos efeitos do tabaco.
A lista cita especificamente oito tipos de aditivos, mas a Anvisa deixou uma brecha para a inclusão de outros itens no futuro.
A importação de cigarros e fumos com sabor também fica proibida no Brasil.
Uma pesquisa inédita realizada em 13 capitais do país revela que o cigarro com sabor é o preferido entre os adolescentes
brasileiros que começam a fumar. De acordo com o trabalho,
os jovens que escolhem esse tipo de produto fumam mais e com
maior frequência que aqueles que escolhem cigarros sem aditivos.
A discussão sobre os cigarros com sabor divide opiniões. De um lado, médicos e associações que se dedicam a combater o tabagismo apoiam o fim da adição de produtos ao cigarro – uma estratégia que, afirmam, é adotada pela indústria para atrair o jovem para experimentação. E a indústria, por sua vez, afirma que a incorporação de sabores como canela, cravo ementa é usada no país há anos, gera empregos e não atrai jovens para o vício. Trata- se apenas de uma opção para adultos.
Mas, os resultados do estudo demonstram o contrário. Para Vera Luiza da Costa e Silva, uma das autoras do trabalho e professora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP-Fiocruz), o cigarro de sabor é uma porta de entrada das crianças para o tabagismo.
Palavras 'baixo teor' e 'light' são proibidas em derivados de tabaco
JULIA BORBA
A resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que
causou estardalhaço entre os produtores de fumo ontem, prevê mais uma
mudança para os derivados de tabaco.
Além da proibição de aditivos
que possam mascarar o aroma ou o sabor original, como a adição das
essências artificiais de menta e cravo, por exemplo, também estão
proibidas expressões nas embalagens, como 'light', 'baixo teor' e
'suave'.
A agência defende que assim vai banir todas as expressões que possam
"induzir o consumidor a uma interpretação equivocada quanto aos teores
contidos nos produtos fumígenos".
A regra já valia para cigarros desde 2001, mas só agora afeta os demais produtos, como charutos e cachimbos.
ADITIVOS
Para confrontar a versão da indústria de tabaco, que se diz prejudicada
pela retirada dos aditivos, a Anvisa salientou que a mudança vale apenas
para os produtos comercializados no país e não deve afetar os itens
destinados à exportação.
O documento da agência prevê tempo de adaptação à norma, no caso dos
cigarros, de 12 meses para alteração de rótulos e do processo produtivo e
outros seis meses para a retirada dos itens do mercado.
Cigarrilhas, narguiles ou qualquer outro tipo de fumo que usem gosto ou
sabor artificial terão prazo de ajuste mais longo, de seis a 18 meses.
A norma da Anvisa, aprovada em reunião pública da diretoria do órgão, proíbe o uso de aditivos que reduzem os aspectos desagradáveis da fumaça ou que alterem o aroma dos produtos derivados do tabaco comercializados no Brasil. Além do cigarro, o veto alcança também fumo para cachimbo, charutos e cigarrilhas com sabor, mas os fabricantes destes produtos terão um prazo maior para tirá-los do mercado: 24 meses.
“Nossa ação terá um impacto direto na redução da iniciação de novos fumantes, já que esses aditivos têm como objetivo principal tornar os produtos derivados do tabaco mais atrativos para crianças e adolescentes”, afirma o diretor da agência, Agenor Álvares. Entre os aditivos mais usados atualmente, estão o cravo e o mentol.
Substâncias que conferem sabor doce ao cigarro e que potencializam a ação da nicotina no organismo, como ácido levulínico, teobromina e amônia, também não serão mais permitidas. “Evidências científicas apontam que muitos desses aditivos aumentam o poder da nicotina, fazendo com que os cigarros fiquem mais viciantes”, explica Álvares.
Açúcar - O uso de açúcar, que gerou polêmica ao longo do processo de discussão da norma, continuará permitido exclusivamente com a finalidade de recompor o que foi perdido naturalmente ao longo do processo de secagem das folhas de tabaco. O regulamento da Anvisa não afeta os produtos derivados do tabaco destinados à exportação.
Embalagens - A Anvisa também proibiu que as embalagens tragam qualquer expressão que possa induzir o consumidor a uma interpretação equivocada quanto aos teores contidos em charutos, cigarrilhas, fumos para cachimbo e outros produtos derivados do tabaco. É o caso de termos como: "baixos teores", "suave", "light", "soft", "leve", entre outros. Essas expressões eram proibidas apenas nas embalagens de cigarro desde 2001.
Estudo - A decisão da Anvisa foi amparada por um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, divulgado nesta terça-feira. A pesquisa foi feita com mais 17 mil estudantes em 13 capitais do Brasil. Entre 2005 e 2009, o estudo aponta que 30,4% dos meninos e 36,5% das meninas entrevistados já haviam experimentado cigarro alguma vez na vida. Desse grupo, 58,2% dos meninos e 52,9% das meninas informaram que preferem cigarro com sabor.
A pesquisa também mostra que o sabor é importante para 33,1% dos entrevistados. Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) apontam que 45% dos fumantes de 13 a 15 anos consomem cigarros com sabor. Cerca de 600 aditivos são utilizados na fabricação de cigarros e de outros produtos derivados do tabaco.
Crescimento - Entre 2007 e 2010, o número de marcas de cigarros com sabor, cadastradas na Anvisa, cresceu de 21 para 40. Uma pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha, em 2011, apontou que 75% dos entrevistados concordaram com a proibição de aditivos para diminuir a atratividade de produtos para fumar.
No Brasil, o tabagismo é responsável pela morte de 200 mil pessoas todos os anos. Atualmente, existem 25 milhões de fumantes e 26 milhões de ex-fumantes no país. A prevalência de fumantes é de 17,2% da população de 15 anos ou mais.
Tabagismo
Cigarros com sabor sairão do mercado em 18 meses, determina Anvisa
Aditivos alteram características do cigarro para atrair jovens, argumenta agência
Mais da metade dos jovens fumantes preferem cigarro com sabor, segundo pesquisa
(Denis Tevekov/Hemera/Getty Images)
Cigarros com sabor serão retirados do mercado brasileiro em 18 meses. É
o que decidiu a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), nesta terça-feira, em Brasília, após mais de um ano de debate
sobre tema.A norma da Anvisa, aprovada em reunião pública da diretoria do órgão, proíbe o uso de aditivos que reduzem os aspectos desagradáveis da fumaça ou que alterem o aroma dos produtos derivados do tabaco comercializados no Brasil. Além do cigarro, o veto alcança também fumo para cachimbo, charutos e cigarrilhas com sabor, mas os fabricantes destes produtos terão um prazo maior para tirá-los do mercado: 24 meses.
“Nossa ação terá um impacto direto na redução da iniciação de novos fumantes, já que esses aditivos têm como objetivo principal tornar os produtos derivados do tabaco mais atrativos para crianças e adolescentes”, afirma o diretor da agência, Agenor Álvares. Entre os aditivos mais usados atualmente, estão o cravo e o mentol.
Substâncias que conferem sabor doce ao cigarro e que potencializam a ação da nicotina no organismo, como ácido levulínico, teobromina e amônia, também não serão mais permitidas. “Evidências científicas apontam que muitos desses aditivos aumentam o poder da nicotina, fazendo com que os cigarros fiquem mais viciantes”, explica Álvares.
Açúcar - O uso de açúcar, que gerou polêmica ao longo do processo de discussão da norma, continuará permitido exclusivamente com a finalidade de recompor o que foi perdido naturalmente ao longo do processo de secagem das folhas de tabaco. O regulamento da Anvisa não afeta os produtos derivados do tabaco destinados à exportação.
Embalagens - A Anvisa também proibiu que as embalagens tragam qualquer expressão que possa induzir o consumidor a uma interpretação equivocada quanto aos teores contidos em charutos, cigarrilhas, fumos para cachimbo e outros produtos derivados do tabaco. É o caso de termos como: "baixos teores", "suave", "light", "soft", "leve", entre outros. Essas expressões eram proibidas apenas nas embalagens de cigarro desde 2001.
Estudo - A decisão da Anvisa foi amparada por um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, divulgado nesta terça-feira. A pesquisa foi feita com mais 17 mil estudantes em 13 capitais do Brasil. Entre 2005 e 2009, o estudo aponta que 30,4% dos meninos e 36,5% das meninas entrevistados já haviam experimentado cigarro alguma vez na vida. Desse grupo, 58,2% dos meninos e 52,9% das meninas informaram que preferem cigarro com sabor.
A pesquisa também mostra que o sabor é importante para 33,1% dos entrevistados. Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) apontam que 45% dos fumantes de 13 a 15 anos consomem cigarros com sabor. Cerca de 600 aditivos são utilizados na fabricação de cigarros e de outros produtos derivados do tabaco.
Crescimento - Entre 2007 e 2010, o número de marcas de cigarros com sabor, cadastradas na Anvisa, cresceu de 21 para 40. Uma pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha, em 2011, apontou que 75% dos entrevistados concordaram com a proibição de aditivos para diminuir a atratividade de produtos para fumar.
No Brasil, o tabagismo é responsável pela morte de 200 mil pessoas todos os anos. Atualmente, existem 25 milhões de fumantes e 26 milhões de ex-fumantes no país. A prevalência de fumantes é de 17,2% da população de 15 anos ou mais.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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