Pesquisa mostra que adolescentes que consomem esse tipo de produto também fumam mais
Lígia Formenti - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Cigarro com sabor é o preferido entre os
adolescentes brasileiros que começam a fumar, revela uma pesquisa
inédita realizada em 13 capitais. De acordo com o trabalho, os jovens
que escolhem esse tipo de produto fumam mais e com maior frequência que
aqueles que escolhem cigarros sem aditivos.
"Não resta dúvida: o cigarro de sabor é uma porta de entrada das
crianças para o tabagismo", afirma Vera Luiza da Costa e Silva, uma das
autoras do trabalho e professora da Escola Nacional de Saúde Pública da
Fundação Oswaldo Cruz (ENSP- Fiocruz).
O resultado do estudo, obtido pelo Estado, é divulgado no momento em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discute o destino dos cigarros com aditivos no País. Está marcada para hoje uma reunião da diretoria da agência para decidir se proíbe ou não a adição de produtos ao cigarro - como chocolate, menta e baunilha, entre outros.
De um lado, médicos e associações que se dedicam a combater o tabagismo apoiam o fim da adição de produtos ao cigarro - uma estratégia que, afirmam, é adotada pela indústria para atrair o jovem para experimentação. A indústria, por sua vez, afirma que a incorporação de sabores como canela, cravo e menta é usada no País há anos, gera empregos e não atrai jovens para o vício. Trata-se apenas de uma opção para adultos.
"Os resultados do estudo demonstram o contrário. Cigarro com mentol é o preferido entre os estudantes brasileiros", afirma a coordenadora do estudo, a pesquisadora Valeska Figueiredo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Braço da Pesquisa Global de Tabaco na Juventude da Organização Mundial da Saúde, o estudo foi feito com base na análise de entrevistas feitas, entre 2005 e 2009, com 17.127 estudantes de 13 a 15 anos do País.
Do grupo analisado, 30,4% dos meninos e 36,5% das meninas informaram que já haviam experimentado cigarro alguma vez na vida. Desse grupo, 58,2% dos meninos e 52,9% das meninas informaram que preferem cigarro com sabor. E o campeão de escolha foi justamente o de mentol.
"Aditivos tornam o produto mais tolerável para aqueles que iniciam a experimentação. Não é à toa que a indústria faz tanta questão de mantê-los no comércio", afirma Valeska.
O Estado procurou o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) para comentar a pesquisa, mas não obteve resposta.
Sabor. A pesquisa também mostra que 60,8% dos estudantes que compram cigarros com aditivos apontam o sabor como o ponto alto do cigarro. A maior parte daqueles que compram produtos sem aditivos (47,7%) dizem estar interessados em outras razões para fumar. O sabor é importante para 33,1% dos entrevistados.
Um dos pontos mais preocupantes do trabalho, na avaliação de Vera, é o grau de exposição. "Quanto mais a pessoa fuma, maior o risco de ela se tornar dependente. O jovem brasileiro busca mais o cigarro com sabor. Fuma mais e, com isso, aumenta a probabilidade de se tornar um fumante regular."
A pesquisa dá uma dimensão desse risco. "O estudo mostra que adolescentes que fumam cigarros com sabor têm risco 57% maior de fumar pelo menos dois cigarros por dia", afirma Valeska. O grupo tem também um risco 62% maior de fumar por pelo menos três dias em um mês.
Celso Junior/AE
Segundo pesquisadora, cigarro com aditivo é entrada para o vício
O resultado do estudo, obtido pelo Estado, é divulgado no momento em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discute o destino dos cigarros com aditivos no País. Está marcada para hoje uma reunião da diretoria da agência para decidir se proíbe ou não a adição de produtos ao cigarro - como chocolate, menta e baunilha, entre outros.
De um lado, médicos e associações que se dedicam a combater o tabagismo apoiam o fim da adição de produtos ao cigarro - uma estratégia que, afirmam, é adotada pela indústria para atrair o jovem para experimentação. A indústria, por sua vez, afirma que a incorporação de sabores como canela, cravo e menta é usada no País há anos, gera empregos e não atrai jovens para o vício. Trata-se apenas de uma opção para adultos.
"Os resultados do estudo demonstram o contrário. Cigarro com mentol é o preferido entre os estudantes brasileiros", afirma a coordenadora do estudo, a pesquisadora Valeska Figueiredo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Braço da Pesquisa Global de Tabaco na Juventude da Organização Mundial da Saúde, o estudo foi feito com base na análise de entrevistas feitas, entre 2005 e 2009, com 17.127 estudantes de 13 a 15 anos do País.
Do grupo analisado, 30,4% dos meninos e 36,5% das meninas informaram que já haviam experimentado cigarro alguma vez na vida. Desse grupo, 58,2% dos meninos e 52,9% das meninas informaram que preferem cigarro com sabor. E o campeão de escolha foi justamente o de mentol.
"Aditivos tornam o produto mais tolerável para aqueles que iniciam a experimentação. Não é à toa que a indústria faz tanta questão de mantê-los no comércio", afirma Valeska.
O Estado procurou o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) para comentar a pesquisa, mas não obteve resposta.
Sabor. A pesquisa também mostra que 60,8% dos estudantes que compram cigarros com aditivos apontam o sabor como o ponto alto do cigarro. A maior parte daqueles que compram produtos sem aditivos (47,7%) dizem estar interessados em outras razões para fumar. O sabor é importante para 33,1% dos entrevistados.
Um dos pontos mais preocupantes do trabalho, na avaliação de Vera, é o grau de exposição. "Quanto mais a pessoa fuma, maior o risco de ela se tornar dependente. O jovem brasileiro busca mais o cigarro com sabor. Fuma mais e, com isso, aumenta a probabilidade de se tornar um fumante regular."
A pesquisa dá uma dimensão desse risco. "O estudo mostra que adolescentes que fumam cigarros com sabor têm risco 57% maior de fumar pelo menos dois cigarros por dia", afirma Valeska. O grupo tem também um risco 62% maior de fumar por pelo menos três dias em um mês.
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