G1 – André Trigueiro –
“Obrigado por vir até aqui quando podia estar
na praia ou comendo uma feijoada”, disse bem humorado o
diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma), Achim Steiner, ao me receber numa tarde ensolarada de domingo
no Copacabana Palace para uma entrevista. Bem humorado, Achim parecia
muito à vontade para falar de assuntos espinhosos. Brasileiro de
Carazinho (RS), Achim (pronuncia-se “Árrim” ) se mudou com a família
ainda pequeno para a Alemanha e a língua portuguesa ficou em segundo
plano. Pelo cargo que ocupa, prefere o inglês. “É mais seguro para mim”,
diz ele.
Inteligente e articulado, a maior autoridade ambiental da ONU estranha a aversão de algumas organizações e países contra a expressão “economia verde”. Lembra que um dos principais objetivos do trabalho do Pnuma é tornar a conservação (ou uso inteligente) dos recursos naturais algo interessante também os agentes econômicos. Seu exemplo preferido de que este é um caminho necessário e possível é a explosão dos investimentos em todo o mundo em fontes limpas e renováveis de energia.
Achim Steiner trabalha para que a Rio+20 defina um novo compromisso dos países em favor de prazos e metas que promovam o desenvolvimento sustentável. “Vai depender muito da crença de que agindo coletivamente, como uma comunidade de nações, seremos capazes de realizar progressos mais rapidamente”.
Ele reconhece a necessidade de a ONU abrir espaço para novos atores da sociedade que poderiam contribuir para a tomada de decisão. Chamou a isso de plataformas de governança. “Nós precisamos reinventar o multilateralismo para permitir que países se unam em vez de usar conferências internacionais para definir posições nacionais e focar nas diferenças”.
Diferenças que até aqui produziram, em sucessivas reuniões preparatórias, um texto – rascunho – ainda longo, confuso e pouco objetivo para a apreciação dos chefes de estado que virão à Rio+20. Achim Steiner manifestou descontentamento com os tímidos resultados obtidos até aqui, mas declarou-se confiante num acordo até o dia 22 de junho quando se encerra a cúpula no Riocentro.
E o que será do Pnuma depois da Rio+20? Steiner defende mudanças estruturais na ONU para que uma nova organização, mais forte e com novas atribuições, dê lugar à atual, que ainda está no “século passado”. Mas, por ser o atual secretário-executivo do Pnuma, não se sente à vontade para expor suas opiniões sobre o que deve mudar exatamente e de que jeito. Em pelo menos duas reuniões preparatórias da Rio+20 eu tive a oportunidade de testemunhar a saraivada de críticas de diferentes interlocutores à estrutura defasada da ONU e do Pnuma para lidar com os problemas da atualidade. É curioso ver como esse tipo de crítica encontra nele a mais sincera adesão.
Perguntei também o que ele acha do novo Código Florestal brasileiro. Steiner deu uma resposta diplomática, destacando a intensa mobilização de diferentes setores da sociedade brasileira em torno do assunto. A liturgia do cargo o obriga a não manifestar opiniões pessoais, – especialmente aquelas mais críticas, – sobre a política interna dos países, salvo raras exceções.
Pedi licença para fazer a última pergunta em português e ouvir Achim Steiner se expressar no idioma de sua terra natal. Indaguei qual o papel do Brasil na construção de um mundo mais sustentável. Foi, portanto, em português, que o ouvi dizer – com sotaque – que “o Brasil tem um papel estratégico nessa etapa da história do mundo. Há exemplos nesse país que demonstram ser possível transformar a realidade. O Brasil tem uma sociedade multidinâmica e desperta o interesse da comunidade internacional”.
O Brasil aparece em situação relativamente boa no novo relatório do Pnuma que reúne indicadores preocupantes sobre o estado de saúde do planeta, mas também identifica bons exemplos de políticas públicas em favor da sustentabilidade.
O relatório “Global Environmental Outlook” encontra-se sob embargo até esta quarta-feira (6), quando será divulgado oficialmente pela ONU. O conteúdo do documento – ao qual tivemos acesso antecipadamente – inspirou um programa “Cidades e Soluções” inédito que será exibido quarta, às 23h30, na Globo News.
Inteligente e articulado, a maior autoridade ambiental da ONU estranha a aversão de algumas organizações e países contra a expressão “economia verde”. Lembra que um dos principais objetivos do trabalho do Pnuma é tornar a conservação (ou uso inteligente) dos recursos naturais algo interessante também os agentes econômicos. Seu exemplo preferido de que este é um caminho necessário e possível é a explosão dos investimentos em todo o mundo em fontes limpas e renováveis de energia.
Achim Steiner trabalha para que a Rio+20 defina um novo compromisso dos países em favor de prazos e metas que promovam o desenvolvimento sustentável. “Vai depender muito da crença de que agindo coletivamente, como uma comunidade de nações, seremos capazes de realizar progressos mais rapidamente”.
Ele reconhece a necessidade de a ONU abrir espaço para novos atores da sociedade que poderiam contribuir para a tomada de decisão. Chamou a isso de plataformas de governança. “Nós precisamos reinventar o multilateralismo para permitir que países se unam em vez de usar conferências internacionais para definir posições nacionais e focar nas diferenças”.
Diferenças que até aqui produziram, em sucessivas reuniões preparatórias, um texto – rascunho – ainda longo, confuso e pouco objetivo para a apreciação dos chefes de estado que virão à Rio+20. Achim Steiner manifestou descontentamento com os tímidos resultados obtidos até aqui, mas declarou-se confiante num acordo até o dia 22 de junho quando se encerra a cúpula no Riocentro.
E o que será do Pnuma depois da Rio+20? Steiner defende mudanças estruturais na ONU para que uma nova organização, mais forte e com novas atribuições, dê lugar à atual, que ainda está no “século passado”. Mas, por ser o atual secretário-executivo do Pnuma, não se sente à vontade para expor suas opiniões sobre o que deve mudar exatamente e de que jeito. Em pelo menos duas reuniões preparatórias da Rio+20 eu tive a oportunidade de testemunhar a saraivada de críticas de diferentes interlocutores à estrutura defasada da ONU e do Pnuma para lidar com os problemas da atualidade. É curioso ver como esse tipo de crítica encontra nele a mais sincera adesão.
Perguntei também o que ele acha do novo Código Florestal brasileiro. Steiner deu uma resposta diplomática, destacando a intensa mobilização de diferentes setores da sociedade brasileira em torno do assunto. A liturgia do cargo o obriga a não manifestar opiniões pessoais, – especialmente aquelas mais críticas, – sobre a política interna dos países, salvo raras exceções.
Pedi licença para fazer a última pergunta em português e ouvir Achim Steiner se expressar no idioma de sua terra natal. Indaguei qual o papel do Brasil na construção de um mundo mais sustentável. Foi, portanto, em português, que o ouvi dizer – com sotaque – que “o Brasil tem um papel estratégico nessa etapa da história do mundo. Há exemplos nesse país que demonstram ser possível transformar a realidade. O Brasil tem uma sociedade multidinâmica e desperta o interesse da comunidade internacional”.
O Brasil aparece em situação relativamente boa no novo relatório do Pnuma que reúne indicadores preocupantes sobre o estado de saúde do planeta, mas também identifica bons exemplos de políticas públicas em favor da sustentabilidade.
O relatório “Global Environmental Outlook” encontra-se sob embargo até esta quarta-feira (6), quando será divulgado oficialmente pela ONU. O conteúdo do documento – ao qual tivemos acesso antecipadamente – inspirou um programa “Cidades e Soluções” inédito que será exibido quarta, às 23h30, na Globo News.
A ex-ministra, o ex-banqueiro e eu
Ele fez história no TED Talks com uma fala
arrebatadora sobre os caminhos que levam a um mundo mais sustentável.
Ela fez história como a candidata verde à Presidência da República que
amealhou mais de 20 milhões de votos com apenas 1 minuto e 20 segundos
de exposição na TV no horário político.
O ex-banqueiro Fabio Barbosa, atual presidente-executivo da Abril S.A., e a ex-ministra Marina Silva têm trajetórias de vida bem distintas, algumas diferenças ideológicas importantes, mas seus caminhos se cruzaram num evento em São Paulo onde debateram comigo o tema “Comunicação e Sustentabilidade”.
Pouparei o leitor de conhecer aqui as minhas opiniões sobre o assunto – o que poderei fazer em outra oportunidade – para abrir espaço ao que eles disseram. Fabio e Marina discorreram com absoluta sinergia sobre “um mundo cada vez mais ligado, onde é preciso pensar e agir sistemicamente”, como destacou o atual diretor-geral do Grupo Abril, ou um “mundo em que transformamos a nossa despensa em latrina, com um modelo de crescimento que depreda a biodiversidade”, como salientou Marina, que não está mais filiada a nenhum partido político, mas não abre mão de seu lado ativista.
O ex-executivo do Banco Real – que redesenhou o planejamento estratégico da instituição abrindo espaço para novos gêneros de negócios inspirados em valores sustentáveis – e a ex-ministra do Meio Ambiente – primeira ambientalista a ocupar o cargo e que o deixou meses depois de declarar: “Perco a cabeça, mas não perco o juízo” – compartilharam a mesma preocupação com a juventude.
“Temos que deixar um mundo melhor para nossos filhos e os nossos filhos melhores para o nosso mundo”, defendeu Fabio. “Só uma aliança intergeracional poderá assegurar um projeto coletivo e de longo prazo”, asseverou Marina.
O ex-executivo da Nestlé e a ex-seringueira do Acre manifestaram preocupação com os rumos dos acontecimentos no mundo. Para Marina, “o ser humano tem desejos ilimitados num planeta limitado”, e não é mais possível que os governantes ignorem os alertas da comunidade científica.
“Os cientistas foram excluídos do debate com os tomadores de decisāo. Na última conferência do clima em Durban, na África do Sul, chegou-se à conclusão de que o paciente estava na UTI, em situação gravíssima. E o que os governos decidiram fazer? Tomar as providências necessárias, mas só daqui a dez anos.”
Fabio Barbosa reconheceu a letargia dos governos e atribuiu aos consumidores o poder de influenciar cada vez mais as decisões dos gestores públicos e privados. “O consumidor está hoje no centro do modelo de negócios. E a sustentabilidade entra cada vez mais na pauta dos consumidores”.
Ele defendeu a precificação das “externalidades” econômicas, ou seja, daquilo que compromete a saúde ou o meio ambiente e não aparece hoje no preço final dos produtos e serviços que acabam causando esses problemas. Deu o exemplo do cigarro, que passou a ser sobretaxado em função dos prejuízos causados ao sistema público de saúde.
Ambos concordaram que é preciso abrir espaço para o novo e que esse movimento não é fácil. “Há demanda por uma agenda positiva, mas é preciso abrir espaço para um novo acervo, um novo repertório”, diz Marina. Fabio defendeu a “inovação e o reposicionamento com base em valores sustentáveis”, como um princípio fundamental. Foi um privilégio compartilhar algumas horas da sabedoria desses dois brasileiros, tão distintos em suas trajetórias, tão próximos em suas visões de mundo.
O ex-banqueiro Fabio Barbosa, atual presidente-executivo da Abril S.A., e a ex-ministra Marina Silva têm trajetórias de vida bem distintas, algumas diferenças ideológicas importantes, mas seus caminhos se cruzaram num evento em São Paulo onde debateram comigo o tema “Comunicação e Sustentabilidade”.
Pouparei o leitor de conhecer aqui as minhas opiniões sobre o assunto – o que poderei fazer em outra oportunidade – para abrir espaço ao que eles disseram. Fabio e Marina discorreram com absoluta sinergia sobre “um mundo cada vez mais ligado, onde é preciso pensar e agir sistemicamente”, como destacou o atual diretor-geral do Grupo Abril, ou um “mundo em que transformamos a nossa despensa em latrina, com um modelo de crescimento que depreda a biodiversidade”, como salientou Marina, que não está mais filiada a nenhum partido político, mas não abre mão de seu lado ativista.
O ex-executivo do Banco Real – que redesenhou o planejamento estratégico da instituição abrindo espaço para novos gêneros de negócios inspirados em valores sustentáveis – e a ex-ministra do Meio Ambiente – primeira ambientalista a ocupar o cargo e que o deixou meses depois de declarar: “Perco a cabeça, mas não perco o juízo” – compartilharam a mesma preocupação com a juventude.
“Temos que deixar um mundo melhor para nossos filhos e os nossos filhos melhores para o nosso mundo”, defendeu Fabio. “Só uma aliança intergeracional poderá assegurar um projeto coletivo e de longo prazo”, asseverou Marina.
O ex-executivo da Nestlé e a ex-seringueira do Acre manifestaram preocupação com os rumos dos acontecimentos no mundo. Para Marina, “o ser humano tem desejos ilimitados num planeta limitado”, e não é mais possível que os governantes ignorem os alertas da comunidade científica.
“Os cientistas foram excluídos do debate com os tomadores de decisāo. Na última conferência do clima em Durban, na África do Sul, chegou-se à conclusão de que o paciente estava na UTI, em situação gravíssima. E o que os governos decidiram fazer? Tomar as providências necessárias, mas só daqui a dez anos.”
Fabio Barbosa reconheceu a letargia dos governos e atribuiu aos consumidores o poder de influenciar cada vez mais as decisões dos gestores públicos e privados. “O consumidor está hoje no centro do modelo de negócios. E a sustentabilidade entra cada vez mais na pauta dos consumidores”.
Ele defendeu a precificação das “externalidades” econômicas, ou seja, daquilo que compromete a saúde ou o meio ambiente e não aparece hoje no preço final dos produtos e serviços que acabam causando esses problemas. Deu o exemplo do cigarro, que passou a ser sobretaxado em função dos prejuízos causados ao sistema público de saúde.
Ambos concordaram que é preciso abrir espaço para o novo e que esse movimento não é fácil. “Há demanda por uma agenda positiva, mas é preciso abrir espaço para um novo acervo, um novo repertório”, diz Marina. Fabio defendeu a “inovação e o reposicionamento com base em valores sustentáveis”, como um princípio fundamental. Foi um privilégio compartilhar algumas horas da sabedoria desses dois brasileiros, tão distintos em suas trajetórias, tão próximos em suas visões de mundo.
Pau que nasce torto…
sex, 25/05/12
por andre.trigueiro |
categoria Mundo Sustentável, Rio+20
Se dependesse apenas da vontade da presidente
Dilma, o texto do Código Florestal aprovado na Câmara seria vetado
totalmente. Mais de um assessor próximo a ouviu expressar isso
claramente, com irritação, depois da aprovação do texto do deputado
Paulo Piau (PMDB) na Câmara. Dilma classificou de “traição” a manobra de
pessoas próximas ligadas ao PMDB que implodiram de vez a já esgarçada
“base aliada”.
A expectativa do Palácio do Planalto era a de que as negociações no Senado definiriam o texto final que não deveria sofrer mudanças na Câmara e seria sancionado pela presidente. Não foi o que aconteceu. O enorme descontentamento do PMDB com a divisão de poder estabelecida pelo PT justificou o contragolpe da quase totalidade dos deputados pemedebistas (dos 74 parlamentares apenas 3 votaram contra o relatório). O governo se recusou a negociar novamente qualquer mudança e Dilma assumiu a responsabilidade pela solução final.
Doze vetos e 32 modificações depois, o que sobrou do novo Código só fará sentido com o suporte de uma nova medida provisória que será anunciada segunda-feira (28). Caberá aos especialistas na área do Direito explicar se esse conjunto de remendos fará algum sentido, se garantirá segurança jurídica no campo e livrará o país de uma “batalha de liminares”.
Outro ponto importante é que a medida provisória será votada novamente no Congresso, em sessão conjunta, onde Câmara e Senado decidirão por maioria absoluta (metade mais um) se o veto será acatado ou rejeitado. Detalhe importante: o voto será secreto, o que configura um absurdo desrespeito aos princípios mais nobres da democracia onde a transparência é fundamental.
É bom lembrar também que a maioria dos deputados impôs duas duras derrotas ao governo quando o assunto foi justamente Código Florestal.
Esse processo certamente não se resolverá antes do final da Rio+20, o que significa que até lá a presidente Dilma poderá se apresentar como uma boa anfitriã de uma Conferência Internacional da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. Também poderá se beneficiar internamente do bônus político de vetar um Código que vem despertando intensas e raivosas reações de parcela importante da opinião pública. Depois virão eleições, e o PMDB – maior partido do Brasil – poderá usar as negociações em torno da medida provisória como moeda de troca, em busca de maior espaço no jogo político.
Aguardemos os próximos rounds.
A expectativa do Palácio do Planalto era a de que as negociações no Senado definiriam o texto final que não deveria sofrer mudanças na Câmara e seria sancionado pela presidente. Não foi o que aconteceu. O enorme descontentamento do PMDB com a divisão de poder estabelecida pelo PT justificou o contragolpe da quase totalidade dos deputados pemedebistas (dos 74 parlamentares apenas 3 votaram contra o relatório). O governo se recusou a negociar novamente qualquer mudança e Dilma assumiu a responsabilidade pela solução final.
Doze vetos e 32 modificações depois, o que sobrou do novo Código só fará sentido com o suporte de uma nova medida provisória que será anunciada segunda-feira (28). Caberá aos especialistas na área do Direito explicar se esse conjunto de remendos fará algum sentido, se garantirá segurança jurídica no campo e livrará o país de uma “batalha de liminares”.
Outro ponto importante é que a medida provisória será votada novamente no Congresso, em sessão conjunta, onde Câmara e Senado decidirão por maioria absoluta (metade mais um) se o veto será acatado ou rejeitado. Detalhe importante: o voto será secreto, o que configura um absurdo desrespeito aos princípios mais nobres da democracia onde a transparência é fundamental.
É bom lembrar também que a maioria dos deputados impôs duas duras derrotas ao governo quando o assunto foi justamente Código Florestal.
Esse processo certamente não se resolverá antes do final da Rio+20, o que significa que até lá a presidente Dilma poderá se apresentar como uma boa anfitriã de uma Conferência Internacional da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. Também poderá se beneficiar internamente do bônus político de vetar um Código que vem despertando intensas e raivosas reações de parcela importante da opinião pública. Depois virão eleições, e o PMDB – maior partido do Brasil – poderá usar as negociações em torno da medida provisória como moeda de troca, em busca de maior espaço no jogo político.
Aguardemos os próximos rounds.
O tempo e o vento…
Antes de mais nada gostaria de agradecer as
muitas mensagens recebidas pelo post de estreia desta coluna. Li todas e
fiquei emocionado. Obrigado de coração!
Hoje é dia de estreia na tevê aberta, ou de re-estréia, considerando minha passagem pela TV Globo entre 1993 e 1996. Depois de três anos como repórter por lá, Alice Maria me convidou para participar do projeto pioneiro da “1ª tevê a cabo só de notícias falada em português do Brasil”. Trocar a tevê a aberta pelo cabo foi uma decisão difícil, mas decidi arriscar e não me arrependi. Participar desde o início do bem-sucedido projeto da Globo News é algo que me enche de orgulho. Foram 16 anos à frente do Jornal das Dez, ancorando o principal telejornal da emissora. Lá ainda estou como editor-chefe do Cidades e Soluções, que se aproxima de suas 300 edições, sempre sinalizando rumo e perspectiva. Valeu Alice!
Hoje inicio no Jornal da Globo uma nova etapa profissional com a mesma motivação que justificou a ida para a Globo News. Pela primeira vez um telejornal da tevê aberta abre espaço regularmente (a cada 15 dias) para os assuntos da sustentabilidade em um quadro criado especialmente para este fim (se eu estiver enganado, por favor, me corrijam e informem por aqui se há outro projeto idêntico por aí). De qualquer maneira, estar à frente do primeiro quadro do gênero na Rede Globo já é algo que representa muito para mim e para todos aqueles que se ressentem de uma linha de cobertura mais antenada com os esses novos tempos em que a sustentabilidade tem inspirado o aparecimento de uma nova cultura, mais sensível aos limites ecológicos do planeta e contundente na promoção de novos hábitos, comportamentos, padrões de consumo e estilos de vida.
A ideia é exibir reportagens especiais sobre assuntos que estejam fora do radar da grande mídia ou que não tenham até hoje merecido o devido espaço de cobertura por desinformação ou até mesmo preconceito em algumas redações. Jorge Sacramento (editor-chefe) e Silvana Requena (editora e produtora) são parceiros generosos dessa empreitada inédita no Jornal da Globo. Nada impede que eu entre ao vivo – isso pode até acontecer durante a Rio+20 – quando o espaço do “colunista de sustentabilidade” se fizer necessário.
Nossa estréia nesta quinta no JG será embalada pela força do vento. Faremos um raio-x completo dessa fonte limpa e renovável de energia no Brasil, onde 1000 aerogeradores espalhados por 71 parques eólicos já fornecem energia elétrica para 12 milhões de brasileiros. O potencial eólico brasileiro equivale a 10 usinas hidrelétricas de Itaipu e o custo de produção se tornou extremamente competitivo sem nenhum subsídio. Fui até o Rio Grande do Norte mostrar porque aquele estado deixou de ser importador de energia para se tornar o mais importante pólo de investimentos do setor e, daqui a dois anos, exportar o excedente (vento extra) para os estados vizinhos.
Que os bons ventos levem minha gratidão e amizade a todos vocês.
Até a próxima!
André
Hoje é dia de estreia na tevê aberta, ou de re-estréia, considerando minha passagem pela TV Globo entre 1993 e 1996. Depois de três anos como repórter por lá, Alice Maria me convidou para participar do projeto pioneiro da “1ª tevê a cabo só de notícias falada em português do Brasil”. Trocar a tevê a aberta pelo cabo foi uma decisão difícil, mas decidi arriscar e não me arrependi. Participar desde o início do bem-sucedido projeto da Globo News é algo que me enche de orgulho. Foram 16 anos à frente do Jornal das Dez, ancorando o principal telejornal da emissora. Lá ainda estou como editor-chefe do Cidades e Soluções, que se aproxima de suas 300 edições, sempre sinalizando rumo e perspectiva. Valeu Alice!
Hoje inicio no Jornal da Globo uma nova etapa profissional com a mesma motivação que justificou a ida para a Globo News. Pela primeira vez um telejornal da tevê aberta abre espaço regularmente (a cada 15 dias) para os assuntos da sustentabilidade em um quadro criado especialmente para este fim (se eu estiver enganado, por favor, me corrijam e informem por aqui se há outro projeto idêntico por aí). De qualquer maneira, estar à frente do primeiro quadro do gênero na Rede Globo já é algo que representa muito para mim e para todos aqueles que se ressentem de uma linha de cobertura mais antenada com os esses novos tempos em que a sustentabilidade tem inspirado o aparecimento de uma nova cultura, mais sensível aos limites ecológicos do planeta e contundente na promoção de novos hábitos, comportamentos, padrões de consumo e estilos de vida.
A ideia é exibir reportagens especiais sobre assuntos que estejam fora do radar da grande mídia ou que não tenham até hoje merecido o devido espaço de cobertura por desinformação ou até mesmo preconceito em algumas redações. Jorge Sacramento (editor-chefe) e Silvana Requena (editora e produtora) são parceiros generosos dessa empreitada inédita no Jornal da Globo. Nada impede que eu entre ao vivo – isso pode até acontecer durante a Rio+20 – quando o espaço do “colunista de sustentabilidade” se fizer necessário.
Nossa estréia nesta quinta no JG será embalada pela força do vento. Faremos um raio-x completo dessa fonte limpa e renovável de energia no Brasil, onde 1000 aerogeradores espalhados por 71 parques eólicos já fornecem energia elétrica para 12 milhões de brasileiros. O potencial eólico brasileiro equivale a 10 usinas hidrelétricas de Itaipu e o custo de produção se tornou extremamente competitivo sem nenhum subsídio. Fui até o Rio Grande do Norte mostrar porque aquele estado deixou de ser importador de energia para se tornar o mais importante pólo de investimentos do setor e, daqui a dois anos, exportar o excedente (vento extra) para os estados vizinhos.
Que os bons ventos levem minha gratidão e amizade a todos vocês.
Até a próxima!
André
Apostas para a Rio+20
A organização que reúne os prefeitos das mais importantes cidades do
mundo marcará presença no Rio. A lentidão e a morosidade com que os
chefes de Estado avançam na agenda do desenvolvimento sustentável
contrastam com a agilidade do poder local. Sem as amarras burocráticas
da ONU – e o mau humor dos diplomatas de vários países – os prefeitos
compartilham diretamente entre si experiências bem sucedidas e assumem
novos compromissos na direção de um modelo de desenvolvimento mais
inteligente. Estive na reunião da C-40 ano passado em São Paulo e fiquei
impressionado com os resultados práticos do encontro.
Tedx Rio+20
Um dia e meio de palestras com 30 convidados interessantíssimos (metade deles vem do exterior) que compartilharão ideias para “entender e analisar o Poder Humano, força com enorme capacidade de destruir, manter e, principalmente, construir um novo planeta e uma nova forma de viver”. Consumo consciente, economia verde e redução da pobreza são alguns dos temas desse TEDxRio+20. Cada palestra deverá ter, no máximo, 18 minutos e os participantes são instigados a interagir entre si nos intervalos. O evento será transmitido ao vivo pela internet pelo site www.tedxrio20.com
Rio Clima
Se o encontro de cúpula dos chefes de Estado no Riocentro não vai priorizar o enfrentamento do maior problema ambiental do século 21 – as mudanças climáticas – um evento paralelo (não oficial) cumprirá essa função. Um debate de alto nível, reunindo cientistas, economistas, políticos e representantes da sociedade civil de vários países convidados pelo deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ), tentará durante seis dias costurar um acordo global do clima. Se isso não for possível, restará como consolo assistir ao show de encerramento do evento com Gilberto Gil.
A Amazônia que dá certo
O exemplo de Paragominas (PA), que deixou de ser um dos municípios que mais desmatavam a floresta amazônica – com altíssimo índice de homicídios em conflitos agrários – para se transformar em exemplo de desenvolvimento sustentável na região, inspirou o Governo do Pará a lançar o Programa Estadual Municípios Verdes (PMV), cujos resultados serão exibidos durante a Rio+20 . Mais de 90 prefeituras aderiram ao programa, que incentiva novas práticas agropecuárias, regularização ambiental, entre outras medidas que valorizam os produtos paraenses junto a mercados cada vez mais exigentes. Durante a Rio+20 serão exibidos os resultados do programa que está transformando a realidade dessa região.
Cúpula dos Povos
Tal como se deu há 20 anos no Aterro do Flamengo – eu cobri o evento pela falecida Rádio JB/AM e guardo dele as melhores recordações – ONGs do mundo inteiro voltarão a ocupar o Aterro do Flamengo num gigantesco caldeirão sócio-cultural, étnico e religioso. Pode-se acompanhar os debates ou simplesmente curtir a experiência de testemunhar in loco a nossa bela e instigante biodiversidade humana.
Diálogos sobre sustentabilidade com a sociedade civil
Nunca se viu nada igual na história das Conferências da ONU: convidados especiais de diferentes países debaterão dez temas estratégicos e sintetizarão os resultados em recomendações que serão posteriormente encaminhadas pessoalmente aos chefes de Estado no Riocentro. Alguns dos conferencistas serão escolhidos para entregar os documentos em mãos e trocar ideias com os governantes. A iniciativa é do governo brasileiro e, se der certo, poderá inspirar encontros semelhantes em outras conferências da ONU. Terei a honra de mediar o debate sobre Cidades Sustentáveis, um dos dez temas escolhidos. Depois eu conto por aqui o que eu achei da experiência.
As redes sociais
A Rio+20 pertence à categoria de evento “incobrível”. Simplesmente não há como acompanhar tudo o que vai acontecer no Rio de Janeiro no mês de junho. Mas na era das redes sociais os provedores de conteúdo estão por toda a parte, registrando e enviando as informações que pareçam importantes. Uma boa pescaria nas redes poderá reduzir a frustração de não poder acompanhar tudo de interessante que vai acontecer por aí.
Se algo que você considera digno de registro ficou de fora dessa lista, compartilhe. Para todos os efeitos, a Rio+20 já tem pelo menos um resultado concreto: transformar o Brasil numa imensa plataforma de lançamento de novas ideias em favor de um mundo melhor e mais justo, um mundo sustentável.
Tedx Rio+20
Um dia e meio de palestras com 30 convidados interessantíssimos (metade deles vem do exterior) que compartilharão ideias para “entender e analisar o Poder Humano, força com enorme capacidade de destruir, manter e, principalmente, construir um novo planeta e uma nova forma de viver”. Consumo consciente, economia verde e redução da pobreza são alguns dos temas desse TEDxRio+20. Cada palestra deverá ter, no máximo, 18 minutos e os participantes são instigados a interagir entre si nos intervalos. O evento será transmitido ao vivo pela internet pelo site www.tedxrio20.com
Rio Clima
Se o encontro de cúpula dos chefes de Estado no Riocentro não vai priorizar o enfrentamento do maior problema ambiental do século 21 – as mudanças climáticas – um evento paralelo (não oficial) cumprirá essa função. Um debate de alto nível, reunindo cientistas, economistas, políticos e representantes da sociedade civil de vários países convidados pelo deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ), tentará durante seis dias costurar um acordo global do clima. Se isso não for possível, restará como consolo assistir ao show de encerramento do evento com Gilberto Gil.
A Amazônia que dá certo
O exemplo de Paragominas (PA), que deixou de ser um dos municípios que mais desmatavam a floresta amazônica – com altíssimo índice de homicídios em conflitos agrários – para se transformar em exemplo de desenvolvimento sustentável na região, inspirou o Governo do Pará a lançar o Programa Estadual Municípios Verdes (PMV), cujos resultados serão exibidos durante a Rio+20 . Mais de 90 prefeituras aderiram ao programa, que incentiva novas práticas agropecuárias, regularização ambiental, entre outras medidas que valorizam os produtos paraenses junto a mercados cada vez mais exigentes. Durante a Rio+20 serão exibidos os resultados do programa que está transformando a realidade dessa região.
Cúpula dos Povos
Tal como se deu há 20 anos no Aterro do Flamengo – eu cobri o evento pela falecida Rádio JB/AM e guardo dele as melhores recordações – ONGs do mundo inteiro voltarão a ocupar o Aterro do Flamengo num gigantesco caldeirão sócio-cultural, étnico e religioso. Pode-se acompanhar os debates ou simplesmente curtir a experiência de testemunhar in loco a nossa bela e instigante biodiversidade humana.
Diálogos sobre sustentabilidade com a sociedade civil
Nunca se viu nada igual na história das Conferências da ONU: convidados especiais de diferentes países debaterão dez temas estratégicos e sintetizarão os resultados em recomendações que serão posteriormente encaminhadas pessoalmente aos chefes de Estado no Riocentro. Alguns dos conferencistas serão escolhidos para entregar os documentos em mãos e trocar ideias com os governantes. A iniciativa é do governo brasileiro e, se der certo, poderá inspirar encontros semelhantes em outras conferências da ONU. Terei a honra de mediar o debate sobre Cidades Sustentáveis, um dos dez temas escolhidos. Depois eu conto por aqui o que eu achei da experiência.
As redes sociais
A Rio+20 pertence à categoria de evento “incobrível”. Simplesmente não há como acompanhar tudo o que vai acontecer no Rio de Janeiro no mês de junho. Mas na era das redes sociais os provedores de conteúdo estão por toda a parte, registrando e enviando as informações que pareçam importantes. Uma boa pescaria nas redes poderá reduzir a frustração de não poder acompanhar tudo de interessante que vai acontecer por aí.
Se algo que você considera digno de registro ficou de fora dessa lista, compartilhe. Para todos os efeitos, a Rio+20 já tem pelo menos um resultado concreto: transformar o Brasil numa imensa plataforma de lançamento de novas ideias em favor de um mundo melhor e mais justo, um mundo sustentável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário