6.05.2012

Médicos debatem uso de remédios para emagrecer


Especialistas apontam que é cada vez maior o número de pessoas que recorrem ao uso de medicamentos para perder peso, o que levanta a questão: afinal, quem precisa de remédio para emagrecer e como identificar se essa é a melhor alternativa para você? Foto: Getty Images Especialistas apontam que é cada vez maior o número de pessoas que recorrem ao uso de medicamentos para perder peso, o que levanta a questão: afinal, quem precisa de remédio para emagrecer e como identificar se essa é a melhor alternativa para você?
 
Metade da população está acima do peso no Brasil e, nos próximos anos, a tendência é que esse número continue a crescer. Diante deste cenário, especialistas apontam que é cada vez maior o número de pessoas que recorrem ao uso de medicamentos para perder peso, o que levanta a questão: afinal, quem precisa de remédio para emagrecer e como identificar se essa é a melhor alternativa para você? De acordo com o médico endocrinologista Alfredo Halpern, criador da dieta dos pontos, um erro comum é "esperar milagre" dos remédios, mas ainda assim as pílulas são alternativas importantíssimas para derrubar o ponteiro da balança mesmo entre quem só tem alguns quilinhos para perder.

"Há muitas pessoas que fazem verdadeiras loucuras para emagrecer, mas ainda assim muitos pacientes precisam de remédio, e é um erro achar que só quem é obeso ou quem já tentou de tudo precisa tomar medicamento. (...) A questão não está no peso, às vezes uma pessoa que tem que perder 5 kg precisa tanto de remédio quanto alguém que tem que perder 50 kgs", afirmou o médico, durante debate sobre o tema promovido pela revista Vogue nesta segunda-feira (5), em São Paulo.
Se por um lado há quem tome remédio sem precisar - ou use os medicamentos de forma errada, colocando a saúde em risco -, muitos ignoram a alternativa por "puro preconceito", aposta o fundador da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso). "O fato é que há mais de um tipo de obesidade, então é um erro imaginar que todo mundo terá bons resultados apenas com dienta e atividade física", enfatiza o médico.
Polêmica: quando usar?
Os dois principais medicamentos para emagrecer - com resultado científico comprovado - são o orlistat (princípio ativo do Xenical) e a sibutramina, cuja venda foi restrita recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas há remédios destinados a outros fins que também causam impactos na balança, embora também causem muita controvérsia: como o topiramato (indicado para tratamentos para enxaqueca e epilepsia) e a victoza (para diabetes) - alvo de intensa polêmica após ser capa de uma revista de circulação nacional.
Mas assim como não existem milagres para emagrecer, também não há uma "fórmula mágica" para identificar quando o remédio será o maior aliado do paciente que quer emagrecer - e em qual deles apostar. Por isso, alertam os especialistas, a resposta sempre deve sair de dentro de um consultório médico, e não adianta espernear, pois as consequências para a saúde podem ser desastrosas.
"O problema é que muitos pacientes querem que os remédios façam o 'trabalho árduo', mas ainda que a pessoa tenha esse recurso, o medicamento é mais uma ferramenta, não a solução", alerta o psiquiatra Arthur Guerra, fundador do Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Além de ser o único capaz de identificar qual remédio será um aliado de quem vive em guerra com a balança, o médico também é responsável por avaliar a ocorrência de efeitos colaterais, presentes em todos os comprimidos, e decidir quando é hora de parar. A sibutramina, por exemplo, pode causar desde constipação intestinal até insônia, por exemplo, enquanto o topiramato pode causar sérios distúrbios de memória.
Mudança de hábito
Além de consultar um médico para avaliar se um medicamento pode ajudá-lo, o paciente terá de rever todos seus hábitos alimentares e relacionados às atividades físicas, independentemente da ajuda, ou não dos remédios. Na avaliação da nutricionista funcional Patrícia Davidson Haiat, do Rio de Janeiro, as mudanças de hábito podem surpreender mesmo quem acha que "já sabe tudo".
"Um dos grandes problemas hoje é que as pessoas apresentam cada vez mais um comportamento viciado, com uma dieta extretamente repetitiva. Mas, de repente aquilo que funcionava antes, deixa de funcionar. Só um olhar minucioso sobre a saúde da pessoa e seu estilo de vida é o que pode determinar que dieta seguir. Seguir receitas é um erro", avalia a especialista, que não emprega o uso de remédios em seus pacientes.
Na avaliação da especialista, independentemente de a pessoa adotar ou não medicamentos - sempre sob orientação de um médico de confiança (e apenas médicos podem receitar medicamentos) -, os resultados são muito mais duradouros entre as pessoas que tomam uma decisão de mudar de vida.
"Uma dieta de verdade, não aquela restritiva à base de alimentos diet/light, de sopa de caixinhas, essas coisas, não só emagrece a pessoa, mas a deixa mais disposta. A questão é: as pessoas têm que buscar não só perder peso, mas ganhar saúde."
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