Gene ligado ao esperma abre caminho para anticoncepcional masculino
Estudo mostrou que regular esse gene pode levar ao
amadurecimento total dos espermatozoides e, consequentemente, da perda de seu
efeito reprodutivo
Regulação de gene pode ser chave para criação de contraceptivo não hormonal
para homens (Thinkstock)
O descobrimento de um gene ligado ao amadurecimento dos espermatozoides nos
homens abre as portas para a criação de um anticoncepcional masculino de tipo
não hormonal, segundo indica um estudo publicado nesta quinta-feira na revista
PLoS Genetics. O estudo, que foi feito na universidade escocesa de
Edimburgo, demonstrou que o gene chamado Katnal 1 é chave para permitir que os
espermatozoides percam o efeito reprodutivo nos testículos.
Segundo os analistas, se eles conseguirem controlar a função do gene, seria
possível desenvolver um novo tipo de contraceptivo masculino que, ao contrário
dos hormonais, que são baseados na supressão da testosterona, não teria efeitos
secundários como irritabilidade, acne ou mudanças de humor. Os cientistas
acreditam que regular o efeito do Katnal 1 nos testículos poderia prevenir que o
esperma amadurecesse completamente, o que atuaria como um anticoncepcional
natural ao eliminar seu efeito reprodutivo.
Segundo a pesquisadora, Lee Smith, especialista em genética endócrina do
centro de saúde reprodutiva da Universidade de Edimburgo, a vantagem de um
método como esse seriam seus efeitos reversíveis, já que o gene "só afeta as
células em seus estádios de desenvolvimento tardios", por isso a capacidade do
homem em produzir esperma não seria afetada.
A pesquisa sobre o Katnal 1 também poderia ter outras aplicações, como
contribuir para encontrar tratamentos contra a infertilidade quando esta ela
está relacionada com uma disfunção do gene.
Nota boaspraticasfarmaceuticas: Controlar a produção de esperma é um passo para entender a biologia masculina. A identificação de um gene que controla a produção de esperma é muito importante para entender o funcionamento dos testiculos.
A descoberta pode servir para tratamentos de fertilidade nos homens.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: KATNAL1 Regulation of Sertoli Cell Microtubule Dynamics Is Essential for Spermiogenesis and Male Fertility
Onde foi divulgada: revista
PLos Genetics
Quem fez: Lee Smith, Laura Milne, Nancy Nelson, Sharon Eddie,
Pamela Brown, Nina Atanassova, Moira O'Bryan, Liza O'Donnell, Danielle
Rhodes, Sara Wells, Diane Napper, Patrick Nolan, Zuzanna Lalanne,
Michael Cheeseman e Josephine Peters
Instituição: Universidade de Edimburgo, Escócia
Resultado: Regular o gene Katnal 1, que está ligado ao
amadurecimento dos espermatozoides, pode fazer com que o esperma
amadureça e perca seu efeito reprodutivo. Ratos que tiveram esse gene
eliminado ficaram inférteis.
O Anticoncepcional Masculino
|
|
Enquanto
a mulher libera apenas um
óvulo por mês, o homem produz cerca
de 1000
espermatozóides por segundo e
libera de 100 a 500 milhões deles em
apenas
uma ejaculação. No entanto, há apenas
dois métodos contraceptivos
disponíveis
para o sexo masculino: a camisinha e a
vasectomia. Por
outro lado, as pílulas
anticoncepcionais revolucionaram a vida
das
mulheres no começo dos anos 60 e até
hoje proporcionam o método mais
seguro, efetivo e reversível de contracepção.
Embora as pílulas femininas ofereçam
segurança contra a gravidez
indesejada,
muitos homens achariam interessante a
possibilidade de ter
sob o seu controle a
mesma opção. Então, por que não
existe ainda um
contraceptivo hormonal masculino?
Pelo fato do homem produzir um número tão
enorme de espermatozóides é
mais difícil criar
uma pílula masculina que possua a mesma
eficácia e
segurança que a pílula feminina e
que, ao mesmo tempo, não tenha efeitos
colaterais relevantes, como a diminuição da
libido. Contudo, cientistas
de todo o mundo
vêm realizando pesquisas e testes. A tão
sonhada pílula
masculina se torna mais real
a cada dia que passa. Na verdade,
espera-se
que os métodos hormonais contraceptivos
para os homens sejam
lançados no
mercado, na forma de pílulas, adesivos,
cremes, implantes ou
injeções, em meados da
próxima década.
O princípio de funcionamento do
anticoncepcional masculino é o bloqueio
da
ação da testosterona, um hormônio andrógeno
que impulsiona a produção
de espermatozóides.
Esse bloqueio deve ocorrer
de forma que os níveis
de testosterona não
fiquem tão baixos a ponto de o hormônio
não
conseguir realizar suas outras funções
metabólicas.
Uma maneira de realizar este feito é injetar
uma versão sintética de
testosterona. O hormônio sintético
interromperia a produção de
testosterona
normal, e conseqüentemente, impediria a
espermatogênese,
mantendo ao mesmo
tempo os níveis hormonais suficientes para
evitar
efeitos colaterais. Fórmulas com
testosterona sintética combinados com
outros hormônios como a gonadotrofina
também estão sendo testadas.
Apesar dos resultados dos testes serem
animadores, ainda é preciso que
se realizem
muitos outros. No entanto, as novidades
no campo
contracepcional masculino não
se limitam apenas às opções hormonais:
novos métodos contraceptivos não
hormonais também são possíveis e estão
sendo submetidos a testes. Um exemplo
é o RISUG (Reversible Inhibition
of Sperm
Under Guidance), técnica na qual um gel
especial é injetado nos
vasos deferentes
e assim mata todos os espermatozóides
que passam por
lá. O gel permanece nesses
canais permanentemente, até quando o
homem
decidir o contrário. Então, uma
lavagem é feita e a fertilidade do
indivíduo
é restabelecida. Outra técnica interessante
é a aplicação de
ultra-som nos testículos,
um procedimento indolor, que dura cerca de
10
minutos. O aquecimento gerado
pelo ultra-som gera efeito
anticoncepcional e
possui durabilidade de cerca de 6 meses.
As pílulas masculinas apresentam outras
limitações que vão além das
físicas. Os homens
usariam uma pílula diária corretamente?
Seriam,
então, mais adequadas alternativas
em injeções ou implantes? Mais do
que isso,
eles conseguiriam superar preconceitos e
medos impostos pela
sociedade para
se beneficiar dessa grande conquista?
Suas parceiras
conseguiriam confiar neles?
Esperamos que a obtenção das respostas
dessas e de outras perguntas
aconteça logo,
e que o desenvolvimento de novas técnicas
contraceptivas -
não só as hormonais - ocorra
o quanto antes, para que cada vez se torne
mais fácil evitar a gravidez indesejada.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário