Este texto destina-se
principalmente às pessoas que estão a ser tratadas com LÍTIO, aos que
possam vir a necessitar desse tratamento, aos seus familiares e amigos.
Mas, certamente, a informação científica que contém será muito útil
para os médicos e outros técnicos de saúde, na área da psiquiatria e da
medicina em geral.
Um medicamento comprovadamente eficaz na prevenção de uma doença psíquica recorrente, caracterizada pela repetição de crises depressivas com grande sofrimento e risco, e de crises eufóricas,
que podem ser seriamente comprometedoras para as pessoas atingidas, é
uma arma terapêutica de primeira linha, quando bem utilizada. Ora, está
provado que, de um modo geral, a educação do paciente e dos familiares
é uma condição essencial para uma boa prática médica, garantindo uma
consciente adesão ao tratamento e os necessários cuidados a ter.
O rótulo de “doença mental”, como algo estranho, essencialmente
negativo e diferente das outras doenças, ainda pesa, e de que maneira,
na opinião de muita gente, mesmo dos instruídos em outras matérias.
Desmistificar preconceitos enraizados, exige uma psiquiatria exercida
com maior eficácia, impossível sem uma consciência esclarecida dos
cidadãos doentes, dos familiares e amigos e de todos os que se
interessam pelo ser humano em crise, num espírito de salutar optimismo
científico humanista.
O que é o lítio? Como é que é usado no tratamento da doença Bipolar?
Como se inicia e prossegue a terapêutica? Quais os efeitos colaterais
que podem ocorrer e como resolvê-los? O leitor encontrará as respostas
neste texto, cuja função é educar para a saúde numa perspectiva médica
global.
Cumpre-nos agradecer a autorização da edição em português, concedida
pela Dean Foundation / Lithium Information Center (Madison-Wisconsin).
A Direção da ADEB
(Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares)
O que é o Lítio
O lítio é um elemento simples que se encontra na natureza.
Visto existir, no seu estado normal, em pequenas quantidades na
comida e na água, o lítio encontra-se no corpo humano. Estes vestígios,
contudo, não têm expressão. Algumas rochas têm um alto teor de lítio e
são estas as fontes de quase todo o lítio utilizado na indústria e na
medicina.
Não obstante as propriedades do lítio serem conhecidas há mais de uma
centena de anos, a sua utilização na medicina moderna apenas começou
em 1949. Quando utilizado como medicamento, o lítio é tomado por via
oral em forma de comprimidos ou cápsulas e, por vezes, em xarope. É
comercializado quer na sua forma «standard», quer como preparado de
«libertação controlada». Em ambos os casos necessita de receita médica.
Em PORTUGAL, os comprimidos de PRIADEL (nome comercial), contêm 400
miligramas de lítio sobre a forma de carbonato, havendo, no entanto,
preparados com 300 miligramas, em cápsulas hospitalares.
O Lítio e a doença Bipolar
Para que é que o lítio é utilizado?
O lítio é eficaz no
controlo de algumas doenças mentais e estados emocionais caracterizados
por grandes e frequentes alterações de humor, muito incapacitantes.
Tais perturbações são conhecidas em linguagem médica como Doença Bipolar, Doença Bipolar ou Perturbação do Humor Bipolar. A maioria das pessoas afectadas pela perturbação Bipolar sofrem de episódios recorrentes quer de Mania, quer de Depressão.
Em alguns casos, pode acontecer apenas
uma crise ou algumas e nunca mais se repetirem. As pessoas que sofrem
apenas de crises periódicas de mania (sem depressão), são consideradas também como Bipolares.
Aqueles que experimentam apenas crises
episódicas de depressão, têm contudo, uma doença designada por
Depressão Major ou Perturbação Unipolar, a qual se distingue da
perturbação Bipolar.
A Mania caracteriza-se pela
mudança de humor do estado normal para um estado extremo de
hiperAtividade e frequentemente acompanhado de sentimentos de elevação,
grandeza e euforia—um estado descrito como estar-se no «topo do
mundo». Durante um episódio maníaco pode-se dormir muito pouco, falar
muito, rápida e continuadamente, gastar pouco tempo com as refeições,
mostrar marcada irascibilidade e impaciência e terem-se pensamentos
rápidos, precipitados.
Muitas vezes o estado maníaco evolui até
ao ponto em que o bom senso diminui e o contacto com a realidade se
perde.
Pode tornar-se difícil compreender o que
uma pessoa está a dizer. Por vezes, decisões tomadas precipitadamente
resultam de impulsos, e levam a esbanjamentos financeiros, excessos
sociais ou profissionais, com consequências legais que podem envolver
não só o próprio mas a sua família e, porventura, os outros. A
hospitalização pode ser necessária nestes casos.
A DEPRESSÃO é um estado
em que o humor muda até ao ponto de se ficar muito em baixo,
acabrunhado, sem ânimo, desesperado. Verificam-se alterações no sono,
falta de apetite, perda de interesse sexual, falta de energias, excesso
de preocupações, perda de interesse pelas coisas, impossibilidade em
conseguir prazer e dificuldades respeitantes à concentração e à
memória. O cumprimento de tarefas diárias, tais como ir para o trabalho,
tornam-se difíceis ou impossíveis. Pessoas em estado de depressão,
muitas vezes pensam no suicídio e, por vezes, suicidam-se. A
hospitalização poderá ser necessária.
Tendo em consideração o que acima se diz, deve-se entender bem claramente, que a mania e a depressão são transtornos clínicos graves
e não se devem confundir com as normais variações do humor, tais como
estar-se com «boa ou má disposição», situações que a todos ocorrem
normalmente, de tempos a tempos.
Não obstante ser o lítio utilizado
principalmente no tratamento de doença Bipolar, os investigadores
continuam a estudar novas utilizações para o medicamento. Mostra-se uma
promessa para o tratamento de uma diversidade de doenças, incluindo
situações de depressão não associadas com a doença Bipolar.
Qual a frequência da mania e da depressão?
Esta calculado que, pelo
menos, cinco em cada 1000 pessoas ( 0.5 por cento) sofrem de qualquer
forma de doença Bipolar durante a vida.
Mas visto que a depressão também ocorre em situações distintas da
doença Bipolar, calcula-se que sejam de 150 em cada 1000 pessoas ( 15
por cento ) aquelas que sofrem pelo menos uma Depressão grave durante a
sua existência.
A doença Bipolar é hereditária?
Estudos
relacionados com a família, gémeos e casos de adopção, mostram que a
genética e os factores hereditários desempenham um papel importante nas
perturbações Bipolares. Por exemplo, parentes de alguém sofrendo da
doença têm maior propensão para contraírem a mesma do que qualquer outra
pessoa.
Os factores hereditários não são, contudo, evidenciados nas famílias
de todas as pessoas que sofrem da doença e, mesmo quando presentes, os
tipos de transmissão genética não estão bem definidos. Concluindo, não é
possível prever-se, com exactidão, qual o risco de contrair a doença
para um indivíduo que tenha um parente sofrendo de doença Bipolar.
O lítio cura a perturbação Bipolar?
Não existe presentemente cura para a perturbação Bipolar, e as suas causas permanecem ainda um mistério.
Para as pessoas que sofrem alterações frequentes do humor motivadas
pela doença Bipolar, o lítio pode ser uma ajuda, e de duas maneiras:
- Interromper uma crise aguda.
O lítio pode auxiliar uma pessoa a sair do estado de mania e voltar ao seu estado normal. (O lítio pode, do mesmo modo, ser eficaz em alguns casos de depressão aguda)
- Prevenir novas crises
O lítio pode contribuir para a prevenção de episódios de mania e de depressão, impedindo a sua recorrência.
O facto de o lítio actuar mais como controlo
do que como cura da doença Bipolar é importante. Significa que, se as
pessoas deixarem de tomar o lítio, os episódios maníacos e depressivos
podem voltar a surgir com uma significativa probabilidade. Controlar
uma doença com um medicamento especifico é, no presente, uma prática
comum na medicina. Um exemplo bem conhecido é o da insulina para o
controlo de certas formas de diabetes. A insulina não cura a doença
existente, a diabetes, mas ajuda a controlar os sintomas, fazendo com
que o diabético seja capaz de viver uma vida normal. Se parar a
insulina, os sintomas da doença voltam a aparecer. Não obstante a
insulina ajudar a controlar muitos dos sintomas e efeitos nocivos da
doença, a diabetes, em si, continua presente.
Outros exemplos de doenças que se podem controlar através de
medicamentos são a tensão arterial elevada, a insuficiência cardíaca e o
reumatismo.
Muitas pessoas com a doença Bipolar apresentam episódios frequentes de mania e depressão
antes de iniciarem o tratamento com lítio. Se pararem de tomar o
lítio, quase com toda a certeza, voltam a ter, de novo, frequentes
episódios. A doença Bipolar já não estará controlada.
Contudo algumas pessoas com doença Bipolar têm episódios raros de mania e/ou depressão,
algumas vezes com anos de intervalo. Outras têm um só ou alguns
episódios sem mais recorrências. A razão de isto assim acontecer é tão
misteriosa como a causa da própria doença.
Quando as crises são raras, o uso contínuo de lítio é desnecessário.
No entanto, visto que a evolução da doença é difícil de prever, é
muito importante que os doentes discutam a possibilidade de futuras
crises maníacas ou depressivas com o seu Médico antes de se decidirem a
parar com o tratamento de lítio.
O lítio contribui para voltar a ter uma vida normal?
Embora o lítio ajude a
evitar os sintomas da perturbação Bipolar, não é uma cura total. Não
obstante poder prevenir futuras oscilações de humor, os problemas
pessoais de anteriores crises podem continuar a existir.
Os problemas da vida relacionados com a perturbação Bipolar não serão
obviamente resolvidos com a ajuda do lítio. A psicoterapia bem como
outras formas de aconselhamento podem ser úteis para a solução de tais
dificuldades.
Como se pode saber se o lítio está a actuar adequadamente?
O lítio está a actuar adequadamente se controlar efectivamente as
oscilações do humor, produzindo poucos ou nenhuns efeitos colaterais.
Se alguém a tomar o lítio tiver uma nova crise maníaca ou depressiva, quer isso dizer que o lítio não está a actuar?
Não necessariamente. A finalidade do lítio é prevenir cabalmente a
ocorrência de oscilações de humor. No entanto, uma resposta parcial ao
lítio não é rara. Os episódios recorrem, mas passam a ser habitualmente
menos graves, menos frequentes, e podem desaparecer por completo com o
uso continuado do lítio. Em alguns casos, pode levar-se até dois anos
para a terapia com base no lítio conseguir controlar as oscilações de
humor. Embora nem todos respondam ao lítio, dada a demora na resposta
positiva, é essencial que o tratamento não seja interrompido antes de o
medicamento ter tido oportunidade para actuar convenientemente.
Se ocorrer uma crise enquanto se estiver a tomar lítio, o Médico
assistente deve ser imediatamente contactado. Por vezes, um ajustamento
temporário na dose do lítio é tudo o que é necessário. Noutros casos, a
utilização de um medicamento adicional pode ser necessária
temporariamente ou de modo continuado.
O que se sente ao ser-se tratado com o lítio para uma perturbação Bipolar?
Para a maioria dos doentes, o tratamento da perturbação Bipolar leva a
uma vida menos caótica e mais agradável. Alguns, no entanto, podem
achar que o tratamento causa sentimentos confusos. Por vezes os doentes
sentem dificuldade em aceitar que têm uma doença crónica a qual pode
tornar necessário um tratamento para toda a vida.
Outros doentes acham que deveriam usar a sua «força de vontade» para
ser como toda a gente. Por vezes sentem que o facto de serem tratados
vai fazer com que outras pessoas os estigmatizem, como sendo «maluco»
ou «doentes mentais crónicos» (e, infelizmente, isso é verdade por
vezes). É difícil, muitas vezes, para os doentes explicar ás pessoas
que o seu problema é uma doença como as outras, e não o resultado da
culpa de alguém.
Alguns doentes sentem a falta de alguns fenómenos agradáveis, dos
seus episódios maníacos, não gostam de tomar medicamentos quando se
sentem saudáveis, ou suportam mal tomar medicamentos por causa dos
efeitos colaterais.
A discussão de ideias e vivências como estas, com os familiares, os
amigos e com o Médico, é importante. Tal como o que se passa com
qualquer doença , o tratamento bem sucedido de uma perturbação Bipolar
é algo mais do que tomar apenas um comprimido. Os doentes devem ser
encorajados a aprender o mais que puderem acerca da sua doença e do
tratamento, para que possam ter uma vida mais produtiva e satisfatória.
Como é que o lítio actua?
Supõe-se estarem na base da perturbação
Bipolar desequilíbrios químicos em certas células cerebrais
relacionadas com as emoções e o comportamento. Os peritos pensam que o
lítio pode actuar como um meio de corrigir estes desequilíbrios e,
portanto, estabilizar o humor.
Visto que o lítio se apresenta em
pequenas quantidades no corpo humano, as pessoas pensam por vezes que o
lítio funcionaria repondo os níveis normais nas pessoas que, de algum
modo, estivessem «esvaziados» do lítio. Embora atraente esta explicação
é incorrecta e a perturbação Bipolar não é causada pela de lítio. De
facto, durante o tratamento, os níveis de lítio são muitas centenas de
vezes mais elevadas, do que ocorre naturalmente no corpo. A experiência
tem demonstrado que a cuidadosa utilização do lítio pode prevenir
futuros episódios de alteração do humor em muitas pessoas que sofrem de
perturbações Bipolar. Se porventura ocorrem enquanto o lítio está a ser
tomado, tendem a ser menos graves.
Embora o lítio estabilize o humor numa
perturbação Bipolar, os doentes continuam a ter reacções emocionais
normais e experimentam pouca ou nenhuma interferência na Atividade
mental e física.
Por causa destas características, o
lítio é frequentemente mais bem tolerado do que os outros medicamentos
destinados ao tratamento da mania e da depressão.
Como é que o lítio se comporta no corpo?
Quando tomado por via
oral, o lítio é bem absorvido, entrando na corrente sanguínea que o
transporta a todos os tecidos do corpo incluindo o cérebro. O lítio é
eliminado do corpo quase inteiramente pelos rins e excretado pela
urina. O sódio, que faz parte da mesma família química do lítio, é
excretado pelos rins duma maneira que afecta a eliminação do lítio. Por
causa desta correlação, a certeza de que o corpo tem um nível de sódio
correcto ajudará a termos a garantia de que o nível certo do lítio é do
mesmo modo conseguido. Como o sal na comida é a maior fonte de sódio,
uma pessoa que tome o lítio tem que ter a certeza de tomar uma
quantidade adequada, mas não excessiva de sal.
Qual a rapidez com que o lítio actua?
É importante saber-se que
o lítio pode não fazer efeito imediatamente. Não obstante algumas
pessoas se sentirem melhores logo que começam a tomar o lítio, muitas
melhoram mais gradualmente.
Pode levar de uma a várias semanas antes de se verificarem as
melhoras e a sua consolidação ocorre gradual e progressivamente.
É prática corrente o Médico prescrever medicamentos adicionais para uma
terapia imediata, até o lítio se tornar eficaz. Uma vez que o lítio
demora a actuar, é importante ter-se paciência quando se inicia o
tratamento à base de lítio. O conhecimento deste atraso deve ajudar a
evitar o desencorajamento e «o desistir demasiado cedo».
O INÍCIO DO TRATAMENTO COM LÍTIO
O que é que o seu Médico precisa de saber antes de lhe prescrever o lítio?
Alguma da informação que o seu Médico vai necessitar inclui:
A sua história clínica
Tem algum outro problema
de saúde? Por exemplo, podem-lhe perguntar se sofre de alguma doença
cardíaca, da tiróide, doença renal ou epilepsia. Qualquer outra doença
de que sofra pode ser importante, deste modo certifique-se que está a
dar ao Médico uma lista pormenorizada. Há história de doença
psiquiátrica na sua família, em especial mania ou depressão? Qualquer
medicamento que esteja a tomar pode ser importante por exemplo, está a
tomar medicamentos para a asma, a hipertensão, ou a retenção de
líquidos (edema)? Qualquer outro medicamento que tome pode ter
importância. Informe o seu Médico de todos os que utiliza (incluindo
aqueles que não necessitam de receita médica).
A sua alimentação habitual
Bebe grandes quantidades
de café ou chá? Que quantidade de bebidas alcoólicas normalmente
consome? Está a fazer alguma dieta com redução de sal? Pensa iniciar
qualquer tipo de alimentação especial no futuro?
O seu trabalho e Atividades
É necessário para a
execução do seu trabalho realizar tarefas delicadas com as mãos? (Por
vezes, o lítio causa tremores.) Necessita de lidar com máquinas
perigosas ou conduz um automóvel? (Por vezes, o lítio prejudica a
coordenação.)
Uma nota especial para as senhoras
Está grávida? Há
possibilidade de engravidar enquanto estiver a tomar o lítio? Está ou
pensa vir a dar o peito ao seu bebé? (O lítio pode ser prejudicial para
o recém-nascido ou para crianças amamentadas ao peito.)
Os itens acima descritos
NÃO SÃO completos, apenas servem para dar uma ideia acerca daquilo que o
seu Médico quererá ter conhecimento antes de iniciar a terapêutica.
O factor principal é informar o seu Médico de tudo o que se passa com
a sua saúde, que medicamentos toma, Tc..., mesmo no caso de se estar a
tratar com diversos Médicos. Caso não tenha a certeza se determinadas
questões devem ser referidas, faça menção delas e deixe ao seu Médico a
decisão da sua importância em relação ao tratamento. Sem esta
informação o seu Médico poderá ter dificuldades em tratá-lo com
eficiência e segurança.
O lítio é prejudicial durante a gravidez?
A experiência demonstra
que as mulheres que tomam o lítio nos primeiros três meses de gravidez
podem ter um risco aumentado de darem à luz bebés com certas
anormalidades (especialmente relacionados com o coração e artérias).
Embora este risco se afigure bastante pequeno, é ainda suficientemente
grave para o lítio ser retirado durante pelo menos os primeiros três
meses de gravidez. Visto que os factores individuais variam, os futuros
pais devem discutir os aspectos referentes ao lítio e gravidez
com o seu Médico, antes de decidirem a concepção. Não há efeitos
prejudiciais conhecidos produzidos pelo lítio em cujos pais estavam a
tomar lítio na altura da concepção ou em crianças cujas mães estivessem
a tomá-lo antes, mas não durante a gravidez. No caso de o lítio ser
tomado durante a gravidez, uma atenção muito especial deve prestar-se
em relação à does tomada e aos níveis de lítio no sangue, uma vez que a
maneira como o corpo assimila o lítio pode variar consideravelmente
durante esse período.
Deve interromper-se, temporariamente, a toma de lítio, imediatamente
antes do parto para que se possam minimizar os efeitos colaterais no
recém-nascido, reiniciando o tratamento o mais rapidamente possível a
fim de reduzir o risco de mania ou depressão na mãe. Uma vez que o
lítio é excretado no leite, a amamentação deve ser desaconselhada no
caso da mãe estar a tomar o lítio
São necessários testes laboratoriais antes de se iniciar o tratamento com o lítio?
Certos testes
laboratoriais são necessários antes de se começar o lítio, de modo que
nos certifiquemos que é seguro e fornecer-nos as linhas básicas de como
estão a ser afectados os sistemas sobre os quais o lítio actua. O tipo
e o número de testes variam em função da situação clínica do doente e
da preferência do Médico, sendo a avaliação da função renal essencial.
Isto, porque o lítio é eliminado através da urina e também porque o
lítio pode causar alterações ao funcionamento dos rins. Um teste à
tiróide é também importante, visto que a hiperAtividade ou
hipoAtividade da glândula podem causar sintomas psiquiátricos
semelhantes à mania ou à depressão, e também porque o lítio pode produzir perturbações no funcionamento da glândula tiroideia.
Como é que se deve tomar o lítio?
Um Médico familiarizado
com o uso do lítio é a ajuda essencial para se determinar qual a
quantidade e qual a frequência de tomas do lítio. Uma vez que a dosagem
correcta varia de indivíduo para indivíduo, é aconselhável aos doentes
seguirem as indicações da prescrição. Não devem nunca hesitar em
perguntar ao seu Médico qualquer questão relacionada com as indicações
das doses.
O lítio é normalmente tomado em doses repartidas durante o dia,
habitualmente duas ou três vezes ao dia. Embora possa haver razões
especiais para uma dosagem mais frequente, normalmente não é necessário.
Tomar-se uma dose de lítio uma vez por dia pode ser possível ou
desaconselhável em certas circunstâncias.
Tomar o lítio com a regularidade prescrita é importante, e devem
encontrar-se maneiras para evitar o esquecimento das tomas e/ou dosagens
extras. Tomar menos que o receitado pode não ser suficiente, enquanto
que tomar mais pode ter efeitos colaterais.
Um doseador de comprimidos concebido para contar a dose da semana, dividido por dias, ajudará a resolver estes problemas.
De modo a precaver-se de qualquer interrupção no tratamento, deve-se
contactar o Médico para arranjar uma receita de reserva para dar
continuidade, antes que se esgote o medicamento.
A experiência tem demonstrado que os doentes podem esquecer o seu
tratamento com lítio sempre que se sentem melhores e, frequentemente,
não conseguem o tratamento ou param simplesmente de tomar o lítio.
Procedendo deste modo privam-se do «seguro protector», que o lítio
proporciona contra futuros casos graves de transtornos do humor.
Muitos preferem tomar o medicamento às refeições, o que não só os faz
lembrar como também os ajuda a evitar o enjoo que pode surgir se ele
for tomado com o estômago vazio. Não é contudo necessário que o lítio
seja tomado com a comida. É também importante manter-se uma quantidade
suficiente de sal na alimentação, enquanto se tomar lítio. Para a
maioria das pessoas isto não corresponde a uma alteração dos hábitos
alimentares uma vez que a alimentação normal contém em média o sal
suficiente. Embora não haja necessidade de usar sal em excesso, a
restrição ao sal deve ser evitada a não ser que cuidadosamente
controlada pelo Médico (a intoxicação pelo lítio pode ocorrer).
Finalmente, e uma vez que o equilíbrio do sal e da água andam de mãos
dadas, é uma boa norma para aqueles que tomam lítio beberem pelo menos
de 1 a 1,5 litros de água ou outros líquidos por dia (a não ser que
indicações em contrário tenham sido dadas pelo Médico).
Porque é que são necessárias as análises de lítio ao sangue?
Um teste de lítio no
sangue pode também chamar-se em «nível de lítio» ou «nível de lítio no
plasma». Este teste é importante porque permite ao Médico controlar a
quantidade de lítio existente na corrente sanguínea, o que é um bom
indicador da quantidade de lítio presente em todos os tecidos do corpo.
Pouco lítio não se torna eficaz na estabilização das oscilações de
humor, enquanto que demasiado lítio pode conduzir a efeitos indesejáveis
e, por vezes sérios efeitos colaterais.
Deste modo um teste do lítio no sangue ajuda de duas formas:
assegurara que dose de lítio é eficaz, e assegurar que a dose de lítio é
segura.
Um nível de lítio que é, ao mesmo tempo, seguro e eficaz é chamado
«nível terapêutico». Níveis terapêuticos mais elevados podem ser
necessários para tratar casos críticos. Este nível varia de pessoa para
pessoa mas, normalmente, situa-se entre 0,8-1,2 milequivalentes por
litro (mEq/L) para situações graves e 0,6 mEq/L em utilização
preventiva. Muitas pessoas sentem-se bem com níveis entre 0,6-0,8 mEq/L
e outras entre 0,4-0,6 mEq/L. Em níveis mais elevados do que os
terapêuticos, é pouco provável que o lítio seja mais eficaz, mas pode
começar a causar mais efeitos colaterais. Aqueles que tomam o lítio
deverão perguntar aos seus Médicos quais são os
seus níveis de lítio e a maneira com interpretá-los. É bom que se
recorde que o nível de lítio no sangue não é o único indicados usado
pelo Médico para determinar a dose correcta de lítio. O guia mais
importante para a dose correcta é saber-se como é que a pessoa que
toma o lítio se sente e reage. Por vezes as pessoas admiram-se com o
facto de a terapia com lítio requerer exames de sangue, enquanto o
tratamento com outros medicamentos (aspirina, penicilina, comprimidos
para a gripe, por exemplo) não requerem. Existem diversas razões para
tal. A primeira, é o facto do lítio ser um dos poucos medicamentos que
pode ser medido no sangue de maneira correcta, simples e a baixo custo;
a segunda é o facto do organismo das pessoas reagir para a corrente
sanguínea, distribuição nos tecidos dos corpos, e eliminação pelo rins.
Deste modo, a mesmo dose oral de lítio pode produzir distintos níveis
sanguíneos em diferentes pessoas.
Finalmente, o lítio difere de muitos outros medicamentos, pois a
quantidade necessária para ser eficaz é próxima daquela que pode
produzir intoxicação.
Com que frequência é necessário fazer-se uma análise ao sangue?
As análises de sangue são
mais necessárias quando se inicia uma terapia com lítio ou quando a
dose estiver a ser ajustada, do que quando as condições já estiverem
estabilizadas.
Quando se inicia o tratamento, fazem-se análises com bastante
frequência, pelo menos uma vez por semana. Uma vez que os níveis de
sangue estejam estabilizados a medição pode ser necessária apenas
mensalmente ou ainda com menor frequência, conforme for determinado
pelo Médico.
Como complemento aos exames de ajuste iniciais e regulares de
manutenção, um médico pode requerer uma análise sempre que um doente
mostre indícios de que a quantidade de lítio no sangue possa desviar
dos limites terapêuticos. Estes compreendem:
- Um regresso dos sinais da perturbação Bipolar indicando que o nível de lítio pode estar demasiado baixo ou,
- Um aumento dos efeitos colaterais, indicando o nível pode estar demasiado alto.
Conforme a situação, o Médico pode alterar a dose de lítio sem esperar que a análise ao sangue seja realizada.
Se a dose for alterada, uma nova análise será feita, poucos dias
depois, com o fim de assegurar que se está dentro dos níveis
terapêuticos. Embora estes testes possam parecer uma inconveniência
eles ajudam a garantir que o tratamento com lítio não é prejudicial e é
eficaz. Assim, quem toma o lítio não deverá perder nenhuma
oportunidade de verificar os seus níveis sanguíneos.
Que preparação é necessária antes da análise de lítio no sangue?
Antes de fazer a análise de lítio ao sangue:
1 - certifique-se que não se esqueceu de tomar as doses de lítio nos últimos dias,
2 - certifique-se que a análise ao
sangue é feita de manhã tanto quanto possível nas doze horas
imediatamente após a última dose de lítio.
Desde que estes dois pontos sejam
seguidos, as análises de lítio no sangue fornecerão ao Médico elementos
precisos para o estabelecimento e ajuste das doses.
Nos trabalhos científicos que
estabeleceram os níveis terapêuticos e tóxicos do lítio, as colheitas
foram feitas doze horas após a última dose de lítio.
Uma colheita efectuada apenas umas horas
após uma dose poderá dar uma falsa leitura alta antes do lítio se
distribuir pelos tecidos. Uma análise feita muito além das doze horas
poderá ser falsamente baixa, devido às quantidades adicionais de lítio
que poderão ter sido eliminadas do corpo. Uma análise ao sangue é feita
normalmente de manhã, sendo a primeira dose de lítio tomada depois da
colheita de sangue. A última dose de lítio relacionada com a noite
anterior é tomada de modo a respeitarem-se as necessárias 12 horas
entre a dose e a análise. Pode-se tomar o pequeno-almoço no dia da
análise, uma vez que a comida não vai interferir com os resultados
desta. No caso de pessoas marcadas para análises ao sangue, que:
- Se esqueçam de tomar a dose normal durante vários dias antes da análise ou,
- Se esqueçam de adiar a ingestão da dose matinal para depois da análise,
O Médico deve ser avisado e a análise ser marcada de novo. Caso contrário, o resultado pode ser falseado e levar a alterações de dose prejudiciais.
Porque é que o sal e a água são tão importantes para quem toma o lítio?
Sal
Se o corpo de vir privado de sal, os rins eliminarão o lítio de um modo mais lento e o seu nível no sangue aumentará.
Um regime alimentar com redução de sódio ou sal ( sal é cloreto de
sódio) pode ser aconselhável como fazendo parte de um programa para
perder peso ou no tratamento da hipertensão ou da insuficiência
cardíaca. Se isto acontecer, sem um correcto reajustamento da dose de
lítio, este pode elevar-se para níveis perigosos. Se o sal desaparecer
do corpo e não for reposto, os níveis de lítio aumentarão. Isto pode
acontecer pelo uso de diuréticos ou por uma sudação excessiva.
Água
Se o corpo tiver falta de água (desidratação), o lítio tornar-se-á mais concentrado e os rins eliminam-no mais lentamente.
Qualquer destes factores pode acusar aumentos perigosos no nível de
lítio. A desidratação pode ser provocada pela diminuição dos líquidos
ingeridos ou pela perda excessiva (aumento de urina, suor, diarreia ou
vómitos).
Uma vez que o aumento de urina (o que resulta num aumento de sede) é
um efeito colateral frequente no tratamento com o lítio , alguns
doentes entendem incorrectamente que o aumento de urina é causado pelo
aumento de líquidos que tomam, tentando alguns «tratar» o aumento da
urina, limitando a ingestão de líquidos. Isto é incorrecto e perigoso. Realmente,
o lítio causa o aumento de fluxo de urina devido aos seus efeitos nos
rins. O aumento da sede é a protecção natural contra a perda excessiva
de líquidos (desidratação).
Fornecer ao organismo os montantes correctos de sal e água é um
aspecto muito importante no tratamento do lítio. Seguidamente
forneceremos algumas normas a ter em conta:
Para se manter o equilíbrio em água
Beba pelo menos 1 litro
de líquidos por dia. No caso do lítio ocasionar um aumento elevado de
quantidade/volumetria de urina, deve por isso a ingestão de líquidos
ser suficiente a fim de se repor tudo o que perde. Evite quantidades
excessivas de8 café, chá ou bebidas com cola que contêm cafeína. A
cafeína estimula a perda de água ( e agrava também o tremor causado pelo
lítio)
Para se manter o equilíbrio em sal.
Coma a comida que contenha uma quantidade média de sal.
Para se evitar uma alimentação muito pobre em sal ou em água. Informe o seu Médico antes de iniciar qualquer novo tipo de alimentação (especialmente quando contenha pouco sal).
Para se evitar perda quer de sal quer de água.
Tenha bastante cuidado com situações que possam causar sudação
excessiva tais como tempo quente, sauna, exercícios pesados, febre,
etc.
Para se evitar combinações perigosas de medicamentos.
Diga ao seu Médico todo e qualquer medicamento que esteja a tomar,
especialmente diuréticos (comprimidos usados para a hipertensão e
libertar o corpo de excesso de líquidos).
Para se evitar excessiva perda de sal e água. Informe o seu Médico de casos de vómitos e diarreia.
Contacte o seu Médico imediatamente no caso de suspeitar que o seu nível de lítio possa estar elevado.
Os efeitos colaterais do Lítio
Pode haver efeitos secundários devidos ao lítio?
Como todos os medicamentos, o lítio pode causar efeitos secundários. É
importante reconhecer estes efeitos secundários e saber como
controlá-los. Alguns são incomodativos mas desaparecem com o tempo;
outros são potencialmente sérios de tal modo que o Médico deverá ser
devidamente consultado.
Que efeitos secundários podem ocorrer quando alguém está a começar a terapia de lítio?
Durante o período inicial de ajustamento, o qual pode durar várias
semanas, os efeitos secundários que podem aparecer incluem:
- Aumento da sede
- Aumento da excreção urinária
- Sensação de enjoo ou náusea
- Dores ligeiras do estômago
- Ligeiro tremor das mãos
- Sonolência ligeira
- Enfraquecimento muscular ligeiro
- Diminuição da capacidade ou interesse sexual
- Ligeira tontura
- Fezes moles (na realidade não diarreia)
- Aumento de peso
- Sabor metálico
- Boca seca
- Predisposição para acne ou psoríase
Apesar desta lista parecer grande, a maioria das pessoas experimentam poucos ou nenhuns destes efeitos secundários.
Felizmente estes efeitos secundários não são medicamentos perigosos.
Eles reflectem a resposta inicial do organismo ao lítio e a maioria
deles diminuem ou desaparecem em poucas semanas.
Alguns, no entanto, podem persistir em certas pessoas. Os que mais
persistem são o aumento da excreção urinária ou o aumento de peso e um
ligeiro tremor das mãos.
Informar o Médico sobre os efeitos colaterais é importante. Na parte
das vezes só é preciso mencioná-los na consulta seguinte, que já
estiver marcada. Contudo, se forem muito incómodos, origem de
preocupações ou interferirem com as Atividades diárias, não se deve
hesitar em contactar imediatamente o Médico.
É conveniente ser prudente quando se trabalha com máquinas ou a
conduzir carros, até ser bem conhecido o modo como o lítio altera o
funcionamento da mente. Apesar de não ser vulgar, pode ocorrer no inicio
da terapêutica sonolência ou tonturas. Tomar o lítio com os alimentos
pode minimizar o mal-estar gástrico e outros efeitos secundários.
Há efeitos colaterais que possam não ocorrer imediatamente?
Alguns efeitos
secundários do lítio podem surgir ou ser descobertos em qualquer altura
durante o curso do tratamento. Incluem alterações de testes
laboratoriais, do peso e das funções renais e da glândula tiroideia.
Análises laboratoriais. O
lítio pode causar ligeiras alterações em certos testes, tais como o
electrocardiograma (ECG) ou a contagem dos glóbulos brancos. Estas
alterações são efeitos colaterais que o doente nunca nota e
habitualmente não têm importância médica.
Aumento de peso.
Muitos indivíduos podem notar um ligeiro aumento de peso quando tomam
lítio, em especial no início do tratamento. Geralmente estabiliza ou
regressa ao normal quando passa algum tempo. Contudo, em algumas
pessoas, torna-se excessivo. Nesse caso o Médico deve ser contactado
para consulta.
Diurese excessiva.
Muitos indivíduos notam um aumento de volume da urina durante a
terapêutica pelo lítio, mas que não é motivo de preocupações. Se a
diurese se torna excessiva e interfere com as Atividades quotidianas
e/ou com o sono, o Médico deve ser contactado no sentido de serem
tomadas medidas correctivas.
Lesão renal.
O lítio, principalmente quando tomado por longos períodos e em doses
altas, pode causar em pequeno número de pessoas lesões permanentes do
tecido renal. Se bem que bastante raro, este risco obriga a testes
periódicos da função renal como parte necessária da terapêutica pelo
lítio.
Alterações da tiróide.
Num pequeno número de pessoas o lítio pode provocar aumento da
glândula tiroideia e/ou provocar hipotiroidismo. Quando a glândula
aumenta pode mostrar-se na parte anterior da frente do pescoço como
tumefacção ou bócio. O hipofuncionamento da tiroideia pode estar
associado com alguns ou todos os sintomas seguintes:
- sonolência
- aumento de peso
- fadiga
- alterações menstruais
- obstipação ( prisão de ventre )
- sensação de frio
- dor de cabeça
- dedos da mãos e dos pés frios
- dores musculares
- pele seca e inchada
Se bem que estes sintomas
possam ter outras causas, o seu aparecimento durante o tratamento com o
lítio deve alertar o Médico para a avaliação da função tiroideia. Se a
tiróide aumentou de volume e /ou é hipoactiva é fácil tratar com
medicação tiroideia suplementar e, assim, o tratamento pelo lítio não
precisa de ser interrompido.
Há efeitos colaterais pelos quais o Médico deva ser contactado imediatamente?
Sim!
Intoxicação pelo lítio (toxicidade ou sobredosagem).
Um doente em tratamento com lítio deve parar de o tomar, suspender e
contactar o Médico imediatamente, se surgirem alguns dos seguintes
sintomas:
- Diarreia persistente
- Vómitos ou náuseas acentuadas
- Tremor grosseiro das mãos ou pernas
- Fasciculações musculares frequentes ( tais como espasmos/esticões dos braços e das pernas )
- Visão turva confusão
- Grande desconforto/mal-estar
- Fraqueza generalizada
- Marcadas tonturas/vertigens
- Fala indistinta/entaramelada
- Pulso irregular
- Edema dos pés e tornozelos
- Tudo o que faça a pessoa sentir-se muito doente ou apresentar um comportamento anormal.
Apesar de haver outras
causas para os sintomas mencionados, todavia podem ser sinais de que o
nível de lítio no sangue está perigosamente alto. A intoxicação pelo
lítio é um problema grave e se não se reconhece/diagnostica e não se
trata, pode ter graves consequências que podem ir até ao coma, lesão
cerebral e mesmo morte. Por causa da gravidade potencial da intoxicação
pelo lítio, o Médico deve ser avisado imediatamente se sintomas, como
os mencionados atrás, ocorrerem. Se os doentes e os seus familiares
estiverem a par destes sintomas e os reconhecerem logo, situações
potencialmente graves podem ser resolvidas com segurança e rapidamente.
Alergia ao lítio.
Se numa pessoa a tomar o lítio aparece uma erupção cutânea ou
comichão generalizada, pode isso ser sinal de reacção alérgica à
preparação do lítio. Nem todas as reacções de pele indicam alergia, mas
o Médico deve ser informado.
Gravidez.
Se uma mulher julga estar grávida, o Médico deve ser avisado imediatamente, pois o lítio pode ser prejudicial ao feto.
Como é que os efeitos colaterais devem ser tratados?
Se bem que a maior parte
dos efeitos secundários diminuam ou desapareçam depois das primeiras
semanas de tratamento com o lítio, alguns podem persistir. Aprender a
viver e tolerar melhor os aborrecidos mas não perigosos efeitos
colaterais, permite aos doentes continuar a beneficiar da terapêutica
pelo lítio.
Aumento da sede e da diurese.
Habituar-se a beber vários copos de água extra, diariamente. Evitar
bebidas de alto valor calórico, tais como sodas, bebidas efervescentes,
para evitar o desnecessário aumento de peso. Se for preciso, dizer ao
seu «chefe» que a medicação que toma o obriga a frequentes idas aos
lavabos, mas que não interfere com a capacidade para executar o
trabalho. Contactar o Médico se a sede ou a vontade de urinar é
excessiva pois o ajustamento da dosagem ou tratamento com outros
medicamentos pode ser necessário.
Tremor persistente das mãos.
Tomar o lítio com as refeições ou mais vezes em doses mais pequenas,
pode ajudar. A cafeína pode agravar o tremor, assim devem evitar-se
bebidas e medicamentos contendo cafeína (café, chá, cola). Se o tremor
continua a ser um problema, o seu Médico pode querer ajustar a dose do
lítio ou juntar outro medicamento.
Aumento excessivo de peso.
O controlo de peso enquanto mantém o tratamento com o lítio será o
equilíbrio entre as calorias ingeridas e as calorias queimadas. Uma
dieta equilibrada e o exercício regular são as chaves para o controlo do
peso. Embora o lítio facilite o aumento de peso, não deixe que isso
venha a ser uma desculpa para comer demais ou para a falta de
exercício. Evite dietas drásticas ou restrições de fluidos, pois isso
aumenta o risco de toxicidade pelo lítio.
Durante quanto tempo tenho de tomar o lítio?
A duração da terapêutica varia entre os diferentes indivíduos. É determinada pela frequência dos episódios de mania e depressão e
pela maneira como o lítio se mostra eficaz e bem tolerado no indivíduo
em questão. Enquanto algumas pessoas beneficiam de uma terapia de longa
duração, para outros isso não é necessário. O curso do tratamento para
cada pessoa deve ser estabelecido com o Médico.
O que devo fazer se sigo uma dieta especial?
Em geral, as dietas que
não restringem muito o sal e a ingestão de líquidos não vão interferir
com o tratamento com o lítio. Por exemplo, as dietas vegetarianas
equilibradas são aceitáveis. Qualquer dieta para redução de peso deverá
ser discutida com o Médico que prescreveu a medicação com o lítio,
antes de tal dieta ter início.
Pode fazer-se exercício enquanto se segue a medicação pelo lítio?
Sem dúvida! O exercício é
importante na saúde de todas as pessoas. Beber líquidos suficientes e
ingerir uma quantidade normal de sal (nunca são necessários comprimidos
de sal). É uma boa ideia calcular a hora da sua dose de lítio de modo a
que não seja tomada imediatamente antes de um exercício mais violente.
Moderação se for o seu hábito.
Pode beber-se álcool enquanto se toma o lítio?
É melhor perguntar ao
Médico assistente para uma recomendação específica. A maior parte das
pessoas pode consumir bebidas alcoólicas com moderação se estiverem
habituadas.
É perigoso tomar outros medicamentos enquanto se toma o lítio?
A maior parte das medicações podem ser tomadas com o lítio. Algumas,
no entanto, podem reagir com o lítio de tal modo que causam efeitos
secundários graves. Antes de tomar qualquer medicação (prescrita ou
não) pergunte ao seu Médico ou a um farmacêutico se pode haver reacções
secundárias prejudiciais com o lítio.
Exemplos de algumas medicações que se sabe reagirem desfavoravelmente
com o lítio, em alguns doentes: alguns medicamentos anti-inflamatórios
não esteroides, vulgarmente usados para tratar dores, febre, artrites,
como a indometacina (Indocid, Dolovin, Azadol), a fenilbutazona
(Fenibutol, Basireuma), ibuprofeno (Brufen), piroxicam (Felden),
naproxen (Naprosyn, Reuxen), ácido mefenámico (Ponstan), e outros;
alguns diuréticos, que aumentam a produção de urina, medicações muitas
vezes usadas para aliviar a retenção de fluidos ou tratar a hipertensão
arterial (tensão arterial elevada) e que incluem a hidroclorotiazida
(Dichlotride), clorotiazida, e outros; alguns inibidores de enzimas
conversores da angiotensina – ECA – usados também para tratar a tensão
arterial elevada, como o captopril (Capoten, Hipertil) enalapril
(Renitec), lisinopril (Zestrul). Não é uma listagem exaustiva.
Exemplos de algumas medicações que não interferem na medicação pelo
lítio, são: pílulas de controlo da gravidez, pastilhas para a tosse e
medicações para resfriados, anti-gripais, antibióticos, laxativos, a
aspirina e o paracetamol.
O lítio pode causar dependência?
Não!
O que acontece se adoecermos enquanto tomamos o lítio?
Como pode haver alterações no organismo que interferem com o lítio,
as doenças, em especial aquelas em que houver febre, náuseas, vómitos
ou diarreia, devem ser comunicadas ao seu Médico. Também alguns
sintomas de doenças são idênticos aos sintomas da intoxicação pelo
lítio, e assim, por uma questão de segurança, deve informar o seu
Médico se adoecer.
E se necessitar de consultar outro Médico ou uma operação?
Quando falar com outros Médicos ou quando se sujeitar a qualquer
procedimento médico ou cirúrgico, avise sempre as pessoas que estejam
envolvidas que você toma o lítio. Isto poderá ajudar a assegurar que o
lítio é controlado segura e efectivamente. Não pensar que tomando o
lítio este é importante somente que o Médico que o prescreveu.
O lítio é o melhor tratamento para a doença Bipolar?
Para muita gente sim. O lítio parece ser mais específico para a
doença Bipolar do que outras medicações disponíveis. No entanto, nem
todas as pessoas podem tolerar o lítio e nem todas as pessoas são
ajudadas pelo lítio. Há tratamentos alternativos para ajudar esses
doentes. Apesar disso o lítio tem sido um benefício para muitos milhares
de pessoas. Só você e o seu Médico podem determinar se lítio será a
melhor escolha para si.
Posso tomar menos lítio e permanecer «levemente maníaco» (eufórico)?
Tomar o lítio em quantidades inferiores às prescritas não está
provado que torne possível um estado «levemente maníaco» sem falta de
controlo. Além disso, a maioria dos doentes uma vez que comecem a
mostrar alguns sinais de mania, o risco de progressão para um episódio
maníaco completo é grandemente aumentado. As consequências
desagradáveis dos episódios maníacos não valem o risco da alteração do
tratamento. Alterar a dosagem numa tentativa de conseguir um estado
«levemente maníaco» (eufórico) faz correr o risco de perder a protecção
pelo lítio em relação a episódios, quer maníacos quer depressivos.
E acerca de vitaminas e minerais?
Não há uma certeza de que as vitaminas ou suplementos minerais sejam
muito úteis ao tratamento de doença Bipolar. No entanto, se uma pessoa
resolver tomar vitaminas ou suplementos dietéticos não são de esperar
reacções adversas com o lítio.
Pode alguém aprender tudo o que é importante acerca do lítio e da doença Bipolar?
Um pequeno livro deste tamanho não pode dar respostas a todas as
questões que possam ser colocadas sobre o lítio. O material aqui
incluído foi seleccionado porque os médicos e aqueles que tomam lítio
pensaram que ele era especialmente importante.
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Um comentário:
Adorei o texto, muito completo mesmo, me ajudou a entender mais ainda sobre o lítio. Eu vou começar a tomar o Carbonato de Lítio, recomendado pelo meu médico. Li neste website aqui umas coisas a respeito também. Tenho um pouco de medo de remédio, mas estou confiante com o tratamento.
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