É muito importante que os pais incentivem os filhos a estudar
Participar da vida escolar dos filhos é um dos principais "deveres de
casa" de todos os pais. Não vale apenas perguntar se a criança já fez as
tarefas ou repassar toda a responsabilidade para a escola. Aos
responsáveis, cabe incentivar os pequenos e tentar mostrar o quão
importante e interessante os estudos podem ser.
O assunto chegou até ao Senado Federal. O senador Cristovam Buarque
(PDT) criou um Projeto de Lei (PL) que exige que os pais compareçam às
escolas dos filhos ao menos uma vez por bimestre. Caso isso não ocorra,
os responsáveis seriam multados em um valor entre 3% e 10% do
salário-mínimo regional. Ainda em tramitação, o PL considera como
atividade participativa o comparecimento a reuniões escolares e
conversas com professores.
"Os pais precisam despertar a curiosidade das crianças". Segundo a
psicóloga e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal
Fluminense (UFF), Sandra Baron, a conversa com os filhos sobre diversos
assuntos ajuda a despertar o interesse pelo estudo. A tarefa dos pais
não é ensinar o conteúdo passado em aula, mas complementar. Isso pode
ser empregado por meio de perguntas sobre atividades recentes, como
questionar à criança sobre o que ela está aprendendo e o que ela acha
sobre o tema.
Em complemento, é importante despertar novos interesses, como mostrar
livros, filmes e brinquedos lúdicos. Assim como é interessante levar os
pequenos a atividades e locais educativos, como museus e exposições. De
acordo com Sandra, isso é importante porque os estudos não devem ser
vistos como uma tarefa árdua, mas como algo rico e divertido. Portanto,
não é válido negociar ou chantagear. Propor um presente ou dar um
castigo só vai precipitar a criança, fazendo com que a tarefa seja
executada o mais rápido possível e sem a atenção desejável, além de
cultivar valores negativos.
Rotina de estudos é importante para a aprendizagem
"É fundamental que os pais conheçam o ambiente escolar do filho",
afirma a professora de Pedagogia Viviane Klaus, que escreveu uma
dissertação de mestrado sobre o assunto e atualmente leciona na
Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul. Isso
significa ir às reuniões de pais, comparecer aos eventos da escola,
conhecer a metodologia da instituição e estar a par da rotina de estudos
do filho.
Na tentativa de incentivar a criança, Viviane destaca a necessidade de
criar uma rotina, com horários para revisar o conteúdo visto em aula e
realizar os deveres de casa. Para que a fixação das matérias seja
completa, a tarefa não pode ser vista como algo extenuante. Portanto,
não basta apenas cobrar, mas compartilhar o momento e dar atenção sempre
que necessário. Por isso, é legal que o pai elogie os pequenos sucessos
do filho, cole um desenho na geladeira, comente de forma positiva com
outras pessoas.
Para Sandra, os elogios não devem ocorrer exclusivamente por causa de
boas notas. O mais importante é valorizar a finalização de uma tarefa,
isto é, mostrar ao pequeno que o esforço foi recompensado mesmo que
naquele momento não tenha sido totalmente bem-sucedido. Da mesma forma, o
ideal é não supervalorizar os erros. Afinal, os pequenos estão em fase
de aprendizagem e, nesse momento, não se deve focar somente no êxito.
Não vale também comparar com amigos e parentes. É preciso entender as
características individuais do filho, ter consciência de que cada
criança se desenvolve de uma forma diferente.
A especialista da Unisinos ressalta que o pai não deve ser um segundo
professor. Não cabe a ele, por exemplo, corrigir as atividades. Não há
problema, no entanto, em sanar algumas dúvidas eventuais, desde que não
se resolva o exercício pelo filho. A tarefa de mostrar e explicar os
erros deve ser reservada ao professor. Não só porque se trata de um
profissional preparado para tanto, mas também porque não é indicado
misturar a visão que a criança tem a respeito das tarefas de cada um.
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