A
felicidade é um conceito que evoluiu ao longo dos tempos.
Provavelmente, para os homens primitivos, a felicidade resumia-se a
sentirem-se bem, estarem protegidos dos animais selvagens e terem saúde e
comida. As doenças eram muitas e vivia-se poucos anos. A maioria das
crianças morria nos primeiros meses de vida. A felicidade, tal como a
concebemos hoje, era desconhecida, mesmo impensável.
No
tempo dos antigos Gregos antigos a ideia de felicidade já era mais
completa: "ter corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada".
Demócrito dizia que ela "era a medida do prazer e a proporção da vida"
que era, afinal, manter-se afastado dos defeitos e dos excessos.
Platão
entendia que a felicidade tinha mais a ver com a virtude do que com os
prazeres mundanos: "os felizes são felizes por possuirem a justiça e a
temperança; os infelizes são infelizes por possuirem a maldade" -
escreveu o filósofo. E que virtude era essa? A capacidade da alma para
dirigir o homem da melhor maneira!
Com o avançar dos
tempos, a felicidade voltou a estar relacionada com o prazer. Os
filósofos Locke e Leibniz estavam, nesse aspecto, de acordo: "o grau
ínfimo daquilo que pode ser chamado de felicidade é estar tão livre de
sofrimentos e ter tanto prazer presente que não é possível contentar-se
com menos" (Locke). Assim, a felicidade era o maior prazer de que somos
capazes e a infelicidade o maior sofrimento!
Actualmente,
com o consumismo exacerbado, a felicidade passou a incluir o prazer de
ter coisas, muitas coisas, desde objectos a ambições e riqueza material.
Talvez
por nos termos afastado da natureza inicialmente simples da felicidade
ela hoje parece ser mais difícil de alcançar. A culpa parece residir em
nós. O verbo TER passou a ser mais importante que o SER. E esquecemo-nos
que, segundo reza uma lenda indiana, a felicidade está alojada dentro
de nós. Entretanto, andamos à procura dela cá fora: nos outros e nas
muitas coisas que o mundo moderno tem para nos oferecer mas a que nem
sempre temos acesso.
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