Rio -
Ter um espaço só seu, ao sair da casa dos pais, para cuidar da própria
vida é uma tendência que cada vez menos faz a cabeça de jovens
brasileiros. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), 61,7% da população entre 18 e 29 anos ainda moram com
os pais. A motivação para a permanência é que eles aproveitem ao máximo
as facilidades que as asas dos pais dão, para que juntem dinheiro e
possam investir mais na profissão. Só mais tarde é que alçam voo para
fora do ninho.
Outros fatores pesam para que a saída seja adiada. Dificuldades de comprar um imóvel ou pagar aluguel e condomínio, além de ter que arcar com o peso de contas fixas, como luz, gás, água e alimentação são determinantes. Segundo especialistas, incluir esses gastos no orçamento de universitários recém formados ou de quem ainda engatinha na profissão são pontos que assustam.
De acordo com o o professor de Finanças do Ibmec-Rio, Gilberto Braga, a geração de hoje não tem mais a necessidade de se libertar tão cedo da proteção dos pais, como a de anos anteriores. “Antes o desejo de sair de casa era relacionado à busca por liberdade e ao desejo de conquistar um espaço só seu. Isso acontecia, principalmente, devido às famílias serem numerosas. Hoje em dia o espaço não é mais problema, as famílias são menores, por isso a saída de casa é algo mais racional, é condicionada pelo lado financeiro. Os jovens que buscam sair de casa procuram ter o imóvel próprio ou financiado. Outro problema são as contas, que pesam no orçamento”, explica.
É o caso dos irmãos Davi, 22 anos, e Daniel Leão, 25, que esperam uma melhor condição de renda e de estabilidade no emprego para conseguirem morar sozinhos. Atualmente, os dois residem com a família, no bairro do Maracanã.
“Temos o plano de mudar em, no máximo, dois anos. Estou terminando meu curso técnico em Administração e pretendo me estabilizar no emprego antes de me mudar. Já começamos a procurar apartamentos na Tijuca e Vila Isabel, mas o os aluguéis estão muito caros”,conta Davi.
Geração tem medo de perder conforto
Representando a chamada Geração Canguru, os jovens que demoram a deixar a casa dos pais têm medo de perder o conforto e a segurança que usufruem enquanto estão sob a proteção do pai e da mãe. A avaliação é da psicóloga Thaís Macedo.
“O risco que a geração atual tem, em relação à quantidade de coisas que ela pode perder saindo de casa e buscando a independência, é muito maior que o da geração anterior”, afirma a especialista.
Despesas que assustam
ALUGUEL
O aluguel de um apartamento de um quarto na Tijuca custa, em média, R$ 1.426, no Méier sai a R$ 754 e no Leblon, R$ 3.703.
CONDOMÍNIO
O custo médio da cota de condomínio é de R$ 500.
ALIMENTAÇÃO
O gasto de um jovem morando sozinho com alimentação é em torno de R$ 303.
TRANSPORTE
Calculando o gasto de ida e volta do trabalho ou faculdade de ônibus, a despesa é de R$ 110.
LUZ E GÁS
Em torno de R$ 150 por mês.
FACULDADE
O preço médio de uma faculdade é de R$800.
LAZER
Duas vezes ao cinema por mês mais uma refeição em restaurante, pode ter um custo médio de R$ 150.
DIFICULDADE DE SAIR DE CASA
De acordo com a psicóloga Thaís Macedo, antes os jovens sempre tiveram o desejo de buscar a independência financeira e a liberdade para suas escolhas. Mas hoje em dia, eles têm receio de sair da casa dos pais pelo medo de não conseguir se adaptar à nova rotina . “A volta para a casa dos pais, quando o jovem não consegue viver sozinho, é muito frustrante. Hoje em dia a saída de casa é muito mais difícil”, explica Thaís Macedo.
FAMÍLIA MENOR FACILITA
“Atualmente as famílias são menores, diminuindo as dificuldades do convívio familiar e fazendo com que os jovens de hoje não têm a mesma necessidade de mais espaço. Antes eles saiam de casa por conta da limitação de horário imposta pelos pais, pela necessidade de ter um espaço particular”, afi
Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, é raro encontrar jovens em idade universitária morando na casa dos pais. O fim do colégio marca também o fim da mamata e o começo da busca pela independência. Por aqui as coisas são diferentes. Antes, só era permitido sair da casa dos pais depois de se casar. Mais recentemente, surgiu o fenômeno da "adolescência tardia" - em que os jovens se mantêm com a família pelo conforto financeiro que ela proporciona e aproveitam a liberdade dada por pais mais flexíveis (como poder levar alguém para dormir em casa, por exemplo).
Mas essa abertura relativa não se compara à liberdade de quando se é dona do próprio lar. No geral, as mulheres sentem essa necessidade mais cedo. "Os homens tendem a ficar mais tempo com os pais porque se desvencilham do controle deles com mais facilidade, mesmo dividindo a mesma casa", diz Ana Mercês Bahia Bock, professora de psicologia. "A mulher costuma enfrentar situações mais decisivamente e isso se reflete na coragem de sair de casa", completa Leila Tardivo, psicóloga. Quem decide colocar as manguinhas de fora tem um longo caminho de descobertas pela frente. Mas ele tem tudo para valer a pena.
Calma, mãe!
"O que vou fazer da vida agora?", é o que pensa a maioria das mães quando recebem a notícia que os filhos querem sair de casa. Lembre-se: você criou seu filho para o mundo. Ele tem de andar com as próprias pernas. Sair de casa é um passo rumo à independência. Seja parceira nessa escolha. Pode ser difícil para você, mas não está sendo fácil para ele também.
Chegou a hora?
Não é fácil trocar "casa, comida e roupa lavada" por contas de água, luz e condomínio no fim do mês. Ajude seu filho a avaliar se ele está preparado para dar esse passo (e depois se jogue!)
Seu filho está pronto para sair de casa se...
· O motivo que a faz querer se mudar não é transitório - como uma briga com os pais ou uma paixão pelo novo namorado.
· O desejo dele por autonomia é maior do que o apego que tem pelo conforto da casa da família.
· Os pais concordam com a decisão, ou, se não concordam, ele está pronto para explicar a escolha.
· A pessoa tem um mínimo senso de organização para administrar uma casa - ou está a fim de aprender a ter (afinal, se não pagar a conta de luz, vai ficar no escuro).
· Seu filho está preparada para lidar com a solidão de chegar em casa e não ter com quem conversar sobre o seu dia (se vai morar só).
· Seu filho está disposto a se adaptar ao jeito dos outros (se vai morar com namorado ou amigas). Quem diz "sou assim e não vou mudar" deve ficar mais tempo na casa dos pais até mudar de opinião.
· Tem dinheiro para pagar as contas (afinal, não adianta ter vontade e maturidade, mas não ter grana para o aluguel).
Dica para os pais
Não julgue a atitude de seu filho. Receber a notícia que o filho deseja sair de casa é sempre difícil. Se você não consegue dizer algo positivo, seja sincera e diga: Meu filho, se você tem certeza do que quer, eu fico muito feliz por você. Mas me dê um tempinho para me acostumar com a ideia, por favor. A sinceridade é sempre a melhor saída.
Outros fatores pesam para que a saída seja adiada. Dificuldades de comprar um imóvel ou pagar aluguel e condomínio, além de ter que arcar com o peso de contas fixas, como luz, gás, água e alimentação são determinantes. Segundo especialistas, incluir esses gastos no orçamento de universitários recém formados ou de quem ainda engatinha na profissão são pontos que assustam.
De acordo com o o professor de Finanças do Ibmec-Rio, Gilberto Braga, a geração de hoje não tem mais a necessidade de se libertar tão cedo da proteção dos pais, como a de anos anteriores. “Antes o desejo de sair de casa era relacionado à busca por liberdade e ao desejo de conquistar um espaço só seu. Isso acontecia, principalmente, devido às famílias serem numerosas. Hoje em dia o espaço não é mais problema, as famílias são menores, por isso a saída de casa é algo mais racional, é condicionada pelo lado financeiro. Os jovens que buscam sair de casa procuram ter o imóvel próprio ou financiado. Outro problema são as contas, que pesam no orçamento”, explica.
É o caso dos irmãos Davi, 22 anos, e Daniel Leão, 25, que esperam uma melhor condição de renda e de estabilidade no emprego para conseguirem morar sozinhos. Atualmente, os dois residem com a família, no bairro do Maracanã.
“Temos o plano de mudar em, no máximo, dois anos. Estou terminando meu curso técnico em Administração e pretendo me estabilizar no emprego antes de me mudar. Já começamos a procurar apartamentos na Tijuca e Vila Isabel, mas o os aluguéis estão muito caros”,conta Davi.
Geração tem medo de perder conforto
Representando a chamada Geração Canguru, os jovens que demoram a deixar a casa dos pais têm medo de perder o conforto e a segurança que usufruem enquanto estão sob a proteção do pai e da mãe. A avaliação é da psicóloga Thaís Macedo.
“O risco que a geração atual tem, em relação à quantidade de coisas que ela pode perder saindo de casa e buscando a independência, é muito maior que o da geração anterior”, afirma a especialista.
Despesas que assustam
ALUGUEL
O aluguel de um apartamento de um quarto na Tijuca custa, em média, R$ 1.426, no Méier sai a R$ 754 e no Leblon, R$ 3.703.
CONDOMÍNIO
O custo médio da cota de condomínio é de R$ 500.
ALIMENTAÇÃO
O gasto de um jovem morando sozinho com alimentação é em torno de R$ 303.
TRANSPORTE
Calculando o gasto de ida e volta do trabalho ou faculdade de ônibus, a despesa é de R$ 110.
LUZ E GÁS
Em torno de R$ 150 por mês.
FACULDADE
O preço médio de uma faculdade é de R$800.
LAZER
Duas vezes ao cinema por mês mais uma refeição em restaurante, pode ter um custo médio de R$ 150.
DIFICULDADE DE SAIR DE CASA
De acordo com a psicóloga Thaís Macedo, antes os jovens sempre tiveram o desejo de buscar a independência financeira e a liberdade para suas escolhas. Mas hoje em dia, eles têm receio de sair da casa dos pais pelo medo de não conseguir se adaptar à nova rotina . “A volta para a casa dos pais, quando o jovem não consegue viver sozinho, é muito frustrante. Hoje em dia a saída de casa é muito mais difícil”, explica Thaís Macedo.
FAMÍLIA MENOR FACILITA
“Atualmente as famílias são menores, diminuindo as dificuldades do convívio familiar e fazendo com que os jovens de hoje não têm a mesma necessidade de mais espaço. Antes eles saiam de casa por conta da limitação de horário imposta pelos pais, pela necessidade de ter um espaço particular”, afi
Quando os filhos devem sair da casa dos pais?
Fazer as contas, pensar se consegue viver sozinha e se preparar para os perrengues que virão. É isso que precisa fazer quem quer sair da casa dos pais para ter um canto só seu
Reportagem: Isabela Mena - Edição: MdeMulher
Texto
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images
Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, é raro encontrar jovens em idade universitária morando na casa dos pais. O fim do colégio marca também o fim da mamata e o começo da busca pela independência. Por aqui as coisas são diferentes. Antes, só era permitido sair da casa dos pais depois de se casar. Mais recentemente, surgiu o fenômeno da "adolescência tardia" - em que os jovens se mantêm com a família pelo conforto financeiro que ela proporciona e aproveitam a liberdade dada por pais mais flexíveis (como poder levar alguém para dormir em casa, por exemplo).
Mas essa abertura relativa não se compara à liberdade de quando se é dona do próprio lar. No geral, as mulheres sentem essa necessidade mais cedo. "Os homens tendem a ficar mais tempo com os pais porque se desvencilham do controle deles com mais facilidade, mesmo dividindo a mesma casa", diz Ana Mercês Bahia Bock, professora de psicologia. "A mulher costuma enfrentar situações mais decisivamente e isso se reflete na coragem de sair de casa", completa Leila Tardivo, psicóloga. Quem decide colocar as manguinhas de fora tem um longo caminho de descobertas pela frente. Mas ele tem tudo para valer a pena.
Calma, mãe!
"O que vou fazer da vida agora?", é o que pensa a maioria das mães quando recebem a notícia que os filhos querem sair de casa. Lembre-se: você criou seu filho para o mundo. Ele tem de andar com as próprias pernas. Sair de casa é um passo rumo à independência. Seja parceira nessa escolha. Pode ser difícil para você, mas não está sendo fácil para ele também.
Chegou a hora?
Não é fácil trocar "casa, comida e roupa lavada" por contas de água, luz e condomínio no fim do mês. Ajude seu filho a avaliar se ele está preparado para dar esse passo (e depois se jogue!)
Seu filho está pronto para sair de casa se...
· O motivo que a faz querer se mudar não é transitório - como uma briga com os pais ou uma paixão pelo novo namorado.
· O desejo dele por autonomia é maior do que o apego que tem pelo conforto da casa da família.
· Os pais concordam com a decisão, ou, se não concordam, ele está pronto para explicar a escolha.
· A pessoa tem um mínimo senso de organização para administrar uma casa - ou está a fim de aprender a ter (afinal, se não pagar a conta de luz, vai ficar no escuro).
· Seu filho está preparada para lidar com a solidão de chegar em casa e não ter com quem conversar sobre o seu dia (se vai morar só).
· Seu filho está disposto a se adaptar ao jeito dos outros (se vai morar com namorado ou amigas). Quem diz "sou assim e não vou mudar" deve ficar mais tempo na casa dos pais até mudar de opinião.
· Tem dinheiro para pagar as contas (afinal, não adianta ter vontade e maturidade, mas não ter grana para o aluguel).
Dica para os pais
Não julgue a atitude de seu filho. Receber a notícia que o filho deseja sair de casa é sempre difícil. Se você não consegue dizer algo positivo, seja sincera e diga: Meu filho, se você tem certeza do que quer, eu fico muito feliz por você. Mas me dê um tempinho para me acostumar com a ideia, por favor. A sinceridade é sempre a melhor saída.
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