Bastidores das Denúncias contra Gabriel Chalita expõem uma ação desastrada da campanha do PSDBdurante a eleição paulistana. acusações atingem o governador Alckmin
Pedro Marcondes de MouraOS ALOPRADOS
O deputado Walter Feldman (à esq.) e o assessor político do PSDB
Ivo Patarra (à dir.)incentivaram as denúncias contra Chalita para ajudar José Serra
Em troca, segundo o delator, Chalita teria recebido benefícios financeiros, entre os quais o pagamento de US$ 600 mil para a reforma de sua cobertura no bairro de Higienópolis.
A desastrada operação de campanha, contudo, não produziu o efeito desejado. Se viessem à tona na época, aquelas acusações colocariam nas cordas um dos mais importantes aliados de Haddad e poderiam ter sido decisivas para alterar o resultado da eleição, desfavorável aos tucanos. A prudência dos promotores, porém, em aguardar o desfecho das eleições e só na semana passada dar publicidade ao caso acabou se transformando num tiro no pé do próprio PSDB. A denúncia expôs uma vulnerabilidade já conhecida do governo do tucano Geraldo Alckmin: a área da Educação. Além do governador ter sido o responsável por nomear Chalita, e as denúncias compreenderem o período em que ele era filiado ao PSDB e secretário da Educação de Alckmin, não é a primeira vez que o governador de São Paulo é alvejado por acusações nesse setor. Em agosto do ano passado, ISTOÉ revelou casos de superfaturamento e pagamento de propina na compra de uniformes pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). Na ocasião, o governador preferiu calar-se sobre a denúncia. Agora, como tudo leva a crer que a corrupção no FDE é sistêmica, não restou alternativa a Alckmin senão a de se pronunciar. Na semana passada, o tucano saiu em defesa do antigo aliado. “Tenho absoluta confiança (em Chalita), é uma pessoa correta, séria, tem espírito público”, declarou Alckmin. “Acho estranho denúncia dez anos depois. Por que dez anos depois?”, complementou.]
Antes de serem levadas ao MP, as acusações já eram de conhecimento do staff tucano. O deputado Walter Feldman, um dos coordenadores da campanha, admite que orientou Ivo Patarra a acompanhar Grobman. “Essa informação nos chegou na campanha. O Chalita candidato, nós na campanha do Serra... Nós colocamos que eram denúncias que nos pareciam que deveriam ser investigadas, então eu sugeri, juntamente com o Ivo, que fizesse o encaminhamento ao MP”, admitiu Feldman ao jornal “O Estado de S. Paulo”. O parlamentar se defendeu, no entanto, dizendo que as informações não foram repassadas para o comando da campanha e nem teria havido o intuito de usá-las durante a disputa municipal. “Não queríamos entrar nessa linha de fazer denúncias. Não cabe isso em campanha, como o PT fez contra nós, com os chamados aloprados”, declarou.
No entanto, a versão pretensamente antialoprada de Feldman de que o PSDB não se interessou em usar politicamente as denúncias contra Chalita, em meio à campanha eleitoral de 2012, acabou derrubada na quarta-feira 27. Ex-diretor da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) de São Paulo no período em que Chalita era secretário estadual, o empresário Milton Leme disse ter recebido oferta de dinheiro para confirmar as acusações contra o deputado federal do PMDB e um dos principais apoiadores de Fernando Haddad. Em outubro, ele teria participado de um encontro, a convite de Grobman, num shopping na capital paulista. Lá, segundo Leme, estava presente também Walter Feldman. Durante a conversa, o empresário disse que foi surpreendido inclusive por um aceno a distância do então candidato à Prefeitura e ex-governador de São Paulo, José Serra. Milton Leme também relatou ter recebido dias depois um telefonema de Roberto Leandro Grobman com uma oferta de R$ 500 mil a serem pagos pela campanha tucana em troca da confirmação das denúncias contra Gabriel Chalita.
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