A meta é que no 1º de Maio, em meio às comemorações do dia internacional do trabalho, o governo já anuncie mudanças após estudar cada uma das reivindicações entregues pela Marcha. “Nós vamos ocupar Brasília, ir até o parlamento, procurar as lideranças partidárias, vamos ao governo Executivo. Queremos chamar a atenção para a pauta dos trabalhadores para obtermos conquistas importantes”, afirma Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O líder cutista conta que neste 06.03 a pauta será enxuta. “Esperamos que o governo responda positivamente a nossa expectativa para que os trabalhadores tenham mais reconhecimento". Para ele, é bem possível que o governo aceite a revogação do fator previdenciário, criado pelo governo FHC; a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salário; e o direito de negociação de salário no setor público. “Tratam-se de negociações mais bem acabadas”, avalia.
Freitas lembra que “as bandeiras da Marcha dialogam com o conjunto da sociedade”. O objetivo agora é ampliar a pressão sobre o governo federal e o Congresso Nacional “pela retomada dos investimentos públicos, em defesa da produção, dos direitos, dos salários e empregos de qualidade, garantindo contrapartidas sociais e combatendo a especulação e os abusos do sistema financeiro”. Segundo o sindicalista, “é hora de fazer frente à desnacionalização e à desindustrialização para potencializar o crescimento do país”, ampliando a convocação e mobilização com toda a sociedade.
Além da redução da jornada, do fim do fator previdenciários e da negociação coletiva no setor público, a marcha tem como bandeiras a reforma agrária, a destinação de 10% do PIB para a educação e de 10% do orçamento da União para a Saúde, a valorização das aposentadorias e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, com salário igual para trabalho igual; correção da tabela do Imposto de Renda; a Ratificação da Convenção 158 da OIT – que impede a demissão imotivada; e a ampliação do investimento público.
Pautas comuns
Na avaliação do secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, o país precisa continuar crescendo 4% pelos próximos anos e o caminho do desenvolvimento passa por mais investimentos públicos, pela inclusão social, por empregos de qualidade, com ampliação da renda. “Assim se consome mais, temos mais produção e mais empregos. Para isso precisamos de juros baixos, para fortalecer a política de distribuição de renda”, pondera Nobre. Ele também frisa a necessidade de se estreitar relações com os movimentos sociais, como a UNE e o MST. “O movimento só tem futuro quando dialoga com a sociedade e para isso tem que estar nas ruas”.
Dentre as pautas comuns - movimentos e trabalhadores - Nobre destaca que apenas “10% dos fazendeiros possuem áreas acima de 200 hectares no Brasil. Eles controlam 85% de todo o valor da produção agropecuária, destinada à exportação, sem agregar valor, e encarecendo o preço dos alimentos que chegam à mesa do trabalhador. "Defendemos o fortalecimento da agricultura familiar – responsável pela produção de mais de 70% dos alimentos em nosso país – e a ampliação e aceleração dos processos de desapropriação para fins de reforma agrária, atendendo emergencialmente as áreas reivindicadas para assentamento das famílias acampadas, com uma meta, a curto prazo, de 200 mil famílias (...)”
O sindicalista também aponta que a Marcha acontecerá às vésperas do 8 de março e contempla a luta por igualdade de gênero, salário igual para trabalho igual e fim da violência doméstica. “Erradicar toda e qualquer forma de discriminação é avançar rumo a uma sociedade justa, livre da pobreza e com igualdade de oportunidades entre homens e mulheres”.
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