Levantamento foi realizado em última Parada Gay de São Paulo.
Entre meninos, 3,3% nunca usam preservativo; 38,4% utilizam às vezes.
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Pesquisa com jovens da comunidade LGBT foi feita na Parada Gay deste ano. (Foto: Flavio Moraes/G1)
Apesar de 87% dos jovens homossexuais considerarem que o público de
lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) é mais vulnerável a
doenças sexualmente transmissíveis em comparação aos heterossexuais,
grande parte não usa preservativo em todas as relações.Os dados fazem parte de uma pesquisa com 108 jovens de 10 a 24 anos que participaram da Parada Gay de São Paulo deste ano. O levantamento foi feito por profissionais da Casa do Adolescente de Pinheiros, unidade da secretaria estadual da Saúde que oferece atendimento multidisciplinar a jovens da capital.
Entre os meninos, 3,3% afirmaram que nunca usam preservativo. Outros 38,4% disseram que aderem à camisinha algumas vezes, mas nem sempre. Para a médica Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do programa estadual de saúde do adolescente, os resultados surpreendem de maneira negativa. “Quase metade dos jovens até 24 anos nem sempre usa a camisinha. E o ‘nem sempre’ é fatal porque basta uma vez em que não se utilize para ter contaminação”, diz.
De acordo com a pesquisa, os homens afirmaram que o principal motivo para deixar de usar a camisinha é ter um parceiro fixo. “Para alguns desses jovens, um relacionamento de seis meses já é de muito tempo. Porém, o tempo da janela imunológica da Aids ou do HPV pode ser muito maior”, diz a médica.
“Mesmo um teste negativo para HIV hoje não assegura que, daqui um ano, esse jovem não estará com HIV positivo. Existe uma fantasia de que o parceiro que está bem por fora não tenha nenhuma DST”, completa.
Mulheres
Já entre as meninas a situação é ainda mais grave: 43,7% relataram nunca utilizarem preservativo. Outros 35,5% nem sempre fazem uso da proteção. O levantamento revelou que a baixa adesão à camisinha feminina deve-se ao fato de elas acreditaram que sexo entre mulheres não necessita de proteção.
“Não há fundamento nessa crença. A relação sexual entre mulheres, seja pelo sexo oral ou por manipulações, pode resultar em contaminações. Isso mostra uma desinformação das mulheres, que acreditam na mágica de que nada vai acontecer”, diz Albertina.
A médica acrescenta que em homens e mulheres do público LGBT, as motivações para não usar o preservativo são muito similares àquelas encontradas no público heterossexual: homens têm medo de falhar e mulheres têm medo de desagradar a parceira.
Albertina observa que o que impede os jovens de usarem preservativo não é a falta de conhecimento dos métodos. "Precisamos pensar que se nos anos 1990 os jovens já tinham informação sobre os métodos, hoje a informação está cada vez mais disponível. O que existe é dificuldade de ter uma atitude de autocuidado", diz.
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