A reação do vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) à nova proposta do governo sobre a residência médica é uma prova do caráter de oposição pura e simples e do movimento de resistência a qualquer mudança no status quo da categoria.
Ontem, o governo anunciou que, em lugar de ampliar o curso de medicina de seis para oito anos, os dois anos a mais serão aproveitados como residência médica, que hoje não é obrigatória.
No primeiro ano, a atuação será necessariamente no setor de urgência e emergência de uma unidade do SUS. No segundo ano, o recém-formado escolhe em que área atuar.
O vice-presidente do CFM, Carlos Vital, disse temer que a residência médica se torne um “disfarce” para um serviço civil obrigatório. Para ele, “residência em posto de saúde para atenção básica sem supervisão não é residência, é serviço civil apresentado de outra forma”.
É um sinal do nível de elitismo e corporativismo da entidade, que espero não seja compartilhado pela maioria dos médicos.
Recusar-se a fazer residência médica em unidades do SUS é um atestado de total insensibilidade social e uma prova cabal dos objetivos da entidade: a defesa exclusiva do interesse corporativo dos médicos que representa.
A cada nova proposta, um novo pretexto. Agora, é a de que a residência no posto de saúde não terá supervisão. Quem disse isso a ele? Se é residência, é evidente que terá.
Em busca de soluções
Quando se quer resolver um problema grave como o da saúde, buscam-se soluções, como fizeram os diretores de faculdades de medicina, a Associação Brasileira de Educação Médica e o grupo de especialistas que chegaram a um acordo com o governo, ao contrário da posição sectária do CFM, lamentável.
Registro aqui também a mudança de comportamento da mídia, mais uma, totalmente contrária a greves dos servidores públicos da saúde durante todos estes anos, e agora entusiasta no apoio à greve dos médicos. Uma greve puramente corporativa e elitista.
Só um pequeno detalhe: o serviço civil obrigatório é um ato patriótico e aceito socialmente e quase consenso político, quase uma imposição da consciência cidadã e uma imposição moral, em todas as democracias. Mas nossa classe médica parece viver segregada da maioria da população carente de serviços médicos que diz defender.
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