A criação de 826 mil vagas neste ano mostra uma economia que cresce menos, mas continua pujante. Conheça as 30 cidades que mais contratam no País
Por Fernando TEIXEIRA e Paulo JUSTUS
Todos os dias, 34 mil das 125 mil pessoas que circulam
diariamente pelo Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, usam crachá e batem
cartão de ponto dentro do próprio terminal. Três mil delas estão ainda
em fase de experiência, contratadas nos últimos 60 dias para trabalhar
nas obras de ampliação, controle de bagagens, segurança e diversos
outros departamentos. Essa onda de admissões no terminal de Guarulhos
contribuiu para que a cidade se destacasse no ranking de geração de
empregos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do
Ministério do Trabalho. O município ficou na nona posição entre as
cidades que mais contrataram neste ano, com a criação de 9,5 mil vagas.
Mãos à obra: operário trabalha na ampliação e modernização do Aeroporto
de Cumbica, em Guarulhos, na quinta-feira 25. Ele é um dos três
mil funcionários contratados nos últimos 60 dias
E o grande empregador da cidade foi o aeroporto. “Os novos
trabalhadores são fundamentais para fazer com que o terminal atenda à
crescente demanda de passageiros e carga”, diz Carlos Silveira, gerente
de relações institucionais do aeroporto. O contingente dos “com crachá”
deve aumentar ainda mais nos próximos meses, quando outros 1,5 mil
funcionários serão admitidos para as obras de expansão do Terminal 3 e
dos dois edifícios-garagem. “Ao todo, teremos seis mil operários na
obra”, diz Silveira. Até o final da concessão, daqui 20 anos, o
aeroporto deve demandar investimentos de R$ 6 bilhões, com a construção
de dois hotéis e um shopping center. Mas os investimentos não param por
aí.
Guarulhos também deve receber, nos próximos anos, uma linha de trem
ligando o aeroporto ao centro de São Paulo. “Vamos precisar de, pelo
menos, 25 mil trabalhadores nos próximos dez anos”, diz Silveira. Do
total de 9,5 mil vagas, segundo o Caged, Guarulhos abriu 1,2 mil na
construção civil e 6 mil no setor de serviços nos últimos seis meses. Em
todo o País, 826 mil novas vagas foram abertas no primeiro semestre –
das quais mais de um terço, ou 295 mil, foram concentradas em apenas 30
cidades. O balanço final da primeira metade do ano é menor do que no
mesmo período de 2012, quando foram criadas 1,04 milhão, mas ainda
indica um mercado de trabalho robusto e dinâmico.
A taxa de desemprego, que subiu de 5,8% para 6% da força de
trabalho, ainda está em patamares historicamente baixos. “Devemos criar
1,4 milhão de vagas até o fim do ano”, afirma o ministro do Trabalho,
Manoel Dias. Do total de postos abertos até agora, 361 mil foram no
setor de serviços, onde o emprego aumentou 2,2% em relação ao mesmo
período do ano passado. “A ampliação da classe média e o aumento de 43%
nos salários médios de admissão nos últimos dez anos elevaram a demanda
por serviços e mantiveram o mercado de trabalho aquecido”, afirmou Dias.
Pelo tamanho, evidentemente, as capitais figuram no topo da listas das
que mais contrataram, mas algumas cidades relativamente pequenas também
ganharam destaque no mercado de trabalho e se tornaram uma espécie de
oásis do emprego.
Manoel Dias, ministro do Trabalho: "Devemos criar 1,4 milhão
de vagas até o fim deste ano"
É o caso de Altamira, município no sul do Pará, que tem passado por
uma grande transformação desde o início da construção da usina de Belo
Monte, em junho de 2011. Nesse período, a população saltou de 98 mil
habitantes para 150 mil, graças ao imenso canteiro de obras que se criou
no município com a construção da usina. Só que, ao contrário de cidades
que incham sem oferecer perspectivas aos seus moradores, Altamira
cresce justamente em função da oferta de emprego. Dos 8,4 mil postos
abertos nos primeiros seis meses do ano, 7,9 mil foram oferecidos na
construção civil. “A obra atraiu empresas e trouxe investimentos”, diz
Fabiano Bernardes, secretário municipal de Administração da Prefeitura
de Altamira.
Embora a indústria ainda tenha sofrido com a concorrência
da China e de alguns setores, como o metalúrgico e o de material
elétrico, e perdido vagas em junho, o desempenho geral no semestre foi
positivo, com a criação de 187 mil postos de trabalho – 2,3%
mais do que em 2012. O setor de calçados está entre os destaques, com a
contratação de 18,5 mil pessoas, o maior número dos últimos três anos.
Boa parte dessas admissões ocorreu em Franca, tradicional polo
calçadista no interior paulista. Lá, os empregos começaram a reagir no
ano passado, a partir da desoneração da folha de pagamento. Neste ano, o
processo se intensificou: das 8,4 mil vagas criadas na cidade no
primeiro semestre, 80% foram na indústria.
“O setor calçadista, com a alta do dólar, ganhou competitividade”,
afirma José Carlos Brigagão, presidente do Sindicato da Indústria de
Calçados de Franca (Sindifranca). A produção industrial também manteve a
contratação em Manaus, capital que mais abriu vagas neste setor em
2013. Ao todo, a Zona Franca contratou 3,3 mil trabalhadores na primeira
metade do ano, mesmo montante do setor de serviços. “Os fabricantes de
eletrônicos continuaram contratando, e assim devem se manter, graças à
procura por smartphones, produtos de informática e televisores”, diz
Wilson Périco, vice-presidente do Sistema Federação das Indústrias do
Estado do Amazonas. Assim como Manaus, Guarulhos, Altamira e Franca,
várias cidades do País estão em busca de mão de obra qualificada.
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