RIO - Moradores da Rocinha, que protestam na noite desta quinta-feira
contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, se reuniram na
Avenida Delfim Moreira, no Leblon, com os integrantes do movimento Ocupa
Cabral. A via continua interditada nos dois sentidos há cerca de duas
horas, na altura da Rua Aristides Espínola, onde mora o governador.
Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo
Cerca de 300 pessoas iniciaram uma caminhada por volta das
21h40m, e seguiram pela Avenida Bartolomeu Mitre. No local, ônibus e
carros tiveram de passar por dentro de um posto de gasolina para acessar
a Avenida General San Martin. Na Rua Dias Ferreira, um cliente de um
bar jogou um copo de cerveja nos manifestantes, gerando um princípio de
tumulto. Por volta das 22h45m, os manifestantes retornaram à Delfim
Moreira. Não há registro de confronto até o momento.
Antes, por
volta das 20h40m, na Rocinha, cerca de 200 pessoas, com crianças à
frente e escoltadas por aproximadamente 40 policiais militares,
atravessaram o Túnel Zuzu Angel, seguiram pela Avenida Visconde de
Albuquerque, que ficou temporariamente interditada no sentido praia, e
chegaram à Delfim Moreira, por volta das 21h10m.
Foto: Marcelo Piu / Agência O Globo
A Autoestrada Lagoa-Barra foi liberada por volta das 21h30m,
após ficar cerca de duas horas e meia interditada na altura da Rocinha.
Equipes da CET-Rio e da Guarda Municipal atuaram no trecho, orientando
os motoristas. O trânsito ficou muito lento na região. Related content 'Tragédia anunciada'
Para moradores da Rocinha, o desparecimento de Amarildo era uma tragédia anunciada.
-
A gente já vinha denunciando esse policial desde fevereiro, quando
recebemos a comissão de Direitos Humanos da Alerj. Esse caso do Amarildo
foi uma tragédia anunciada. O Amarildo era o vinte centavos que
faltava. A políccia na Rocinha não se preocupa em policiar, é pé na
porta, é porrada. A associação de moradores é ameaçada e tem policial na
porta para reprimir os moradores que querem denunciar - disse Eduardo
Sousa, da associação de moradores da Rocinha e diretor de esporte da
comunidade.
Pelo menos 60 policiais da UPP da Rocinha faziam a
segurança na concentração, e seis deles ficaram no alto da passarela,
observando a movimentação. Entre os presentes, muitas mães que perderam
seus filhos em episódios parecidos com o sumiço de Amarildo. Uma delas
era Deize Carvalho, do Conselho de Direitos Humanos do estado do Rio,
que teve o filho, Andreu Luiz da Silva de Carvalho, morto por seis
policiais em janeiro deste ano:
- Ele foi preso por furto no
Degase, no dia seguinte foi torturado e morto por seis agentes que
continuam trabalhando. Quebraram a mandíbula dele e todos os ossos.
Depois prenderam quem furtou de verdade, não foi o meu filho. Eu luto
para que os mortos também tenham voz, sou a porta-voz do meu filho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário