8.03.2013

Cheques falsos, clonados ou adulterados


Estes são alguns dos mais comuns sistemas de clonagem, falsificação e adulteração de cheques:


  • Clonagem pura: utilizando dados extraídos de um cheque roubado ou simplesmente os dados bancários "roubados" de alguém, os golpistas podem clonar (fazer cópias de boa qualidade ou, às vezes, redesenhar) talões inteiros de cheques imprimindo-os com uma impressora a jato de tinta ou laser de boa qualidade.
  • Folhas Brancas: os golpistas adquirem folhas originais de cheques em branco (sem os dados de agência, conta etc...), normalmente roubadas de gráficas, agências ou caixas automáticos. Usando uma impressora a jato ou laser, completam as folhas com dados obtidos através de cheques ou documentos roubados e depois as utilizam em conjunto com documentos falsos ou roubados.
  • Raspadinha: com uma lamina de barbear são raspados alguns números de série do cheque roubado e são colocado no lugar outros números, normalmente utilizando "caracteres removíveis adesivos".
  • Caneta que Apaga: na hora de preencher o cheque o golpista oferece uma caneta hidrográfica do tipo que apaga facilmente com uma simples borracha (à venda em papelarias), como se fosse lápis. Depois é só ele apagar e trocar o valor original por um maior, deixando a assinatura.
  • Lavagem: usando um cotonete e cândida (ou outro produto químico) os golpistas apagam o valor escrito no cheque e depois escrevem o novo valor (procedimento quase impossível hoje, por causa das medidas de segurança no papel do cheque).
  • Cirurgia de cheque: usando um bisturi os golpistas retiram uma lâmina do papel do cheque com os números de série de cheques roubados e depois colam partes de outra folha de cheque do mesmo banco, modificando assim os números de série. Desta maneira o cheque não será bloqueado automaticamente.
  • Aproveitamento de espaço: o golpista aproveita espaços deixados no preenchimento do cheque para alterar o valor. Assim um cheque de 50 R$ pode virar um cheque de 150 R$ ou de 500 R$. O nome do beneficiário também pode ser alterado da mesma forma, para aproveitar cheques roubados de malotes. Tem casos nos quais estas alterações são muito grosseiras.
  • Maquina de escrever: cheques preenchidos com maquina de escrever que utiliza fita plástica são fáceis de adulterar pois os caracteres e valores podem ser facilmente apagados e substituídos.
  • Recorte: usando um bisturi ou lâmina de barbear é recortado o cheque de maneira que possa ser aproveitada a parte onde tem a assinatura (e às vezes a parte com os números de série). Depois é recortada de uma outra folha a parte que falta e assim o golpista terá um cheque assinado em branco.




A seguir um exemplo de cheques clonados, depois de remontagem e redesenho (os primeiros dois), comparados com um cheque verdadeiro do mesmo banco (o terceiro). Vale mencionar que o logotipo do banco (removido por solicitação do mesmo) nos cheques clonados é sensivelmente diferente do original, assim como vários outro detalhes, e, sobretudo, a linha de segurança é igual nos dois primeiros cheques (os clonados), mesmo tendo numeração diferente.


Algumas outras informações úteis sobre cheques:

Em relação a fraudes com lavagem do cheque, vale notar que hoje a maioria dos cheques tem uma característica de segurança contra lavagem com produtos a base de hipoclorito de sódio (cândida) ou álcool. Quando em contato com estas substâncias, aparece a escrita "ANULADO" ou "NULO" (chamada de "Fundo Nulo").

Existe determinação do Banco Central que diz que todos os cheques devem ter tintas reagentes a solventes orgânicos e inorgânicos (cloro, acetona, benzina, éter, álcool ...). A utilização destas substâncias, para tentar apagar dados contidos no cheque, provoca manchas e borrões que não podem ser eliminados ou consertados, invalidando o cheque de forma definitiva.

Normalmente os cheques de melhor qualidade, de um ponto de vista da segurança, são aqueles que tem duas linhas de segurança, uma em correspondência a onde se escrevem os valores em números e outra aproximadamente na metade do espaço onde se escreve o valor em letras.

Alguns cheques, sobretudo de bancos ou divisões "de elite", já vem com marcas d'água no papel para limitar mais ainda possíveis clonagens e outras adulterações.

Os bancos, em sua maioria, investem constantemente e consistentemente no desenvolvimento dos sistemas de segurança usados nos próprios meios de pagamento, entre os quais os cheques. Quase sempre além das determinações do BC. Existe um interesse explícito dos bancos em reduzir ao máximo a possibilidade de fraudes, que afetam suas operações e imagem, além de gerar desgaste com os clientes.



Agora algumas precauções gerais a serem tomadas com cheques para evitar problemas:

Precauções para quem emite o cheque:
  • Use somente a sua caneta e nunca aceite a de estranhos.
  • Sempre que possível emita cheques nominais e cruzados.
  • Evite emitir cheques de valor pequeno.
  • Atrás de cada folha de cheque emitido escreva para o que é o pagamento e assine de novo.
  • Ao preencher o cheque, deixe o menor espaço possível entre um palavra e outra.
  • Faça um risco no espaço que sobra no preenchimento do cheque e nunca deixe espaços em branco.
  • Faça letras grandes, ultrapassando os limites das linhas de preenchimento.
  • Escreva tanto o valor numérico quanto o por extenso o mais próximo possível do canto esquerdo de cada linha.
  • Nunca deixe outras pessoas preencherem o seu cheque, sempre o faça sozinho e com sua caneta.
  • Evite quanto mais possível passar cheques a taxistas, postos de gasolina, vendedores de zona azul, guardadores de carro e ambulantes em geral.
  • Sempre que possível evite dar cheques pré-datados pois estes podem ser repassados a terceiros.
  • Não use maquinas de escrever com fita plástica para preencher os cheques.
Precauções para quem recebe o cheque:
  • Tente raspar com a unha qualquer parte escrita em preto no cheque (por exemplo o nome do cliente ou o numero do cheque). Se ficar tinta preta na unha é sinal de possível cheque adulterado.
  • Não aceite cheques rasurados, borrados ou com manchas.
  • Confira sempre os dados pessoais e a assinatura solicitando a identidade e o cartão do banco do cliente que apresenta o cheque.
  • Coloque o cheque contra a luz para verificar se houve colagem de partes. Também pode tentar dobrar o cheque e depois faça escorrer as laterais ... se for colado provavelmente descolará. Também repare na linha lateral de segurança (ou "linha louca"), se for interrompida ou com descontinuidade é sinal de colagem.
  • Verifique contra a luz a existência do "registro coincidente", uma imagem ou desenho impressa em ambas as faces do cheque e que deve se sobrepor perfeitamente olhando contra luz.
  • Repare se o papel do lado esquerdo do cheque é micro-serrilhado (indicando que foi destacado do talão). Se não for é sinal que o cheque é provavelmente falso ou clonado.
  • Repare nos pequenos detalhes impressos na folha (nome do banco na "linha louca", números e caracteres pequenos etc...). As impressoras e copiadoras raramente os reproduzem fielmente.
  • Não aceite cheques com aparência muito velha, amarelados ou desgastados. Pode ser um sinal de contas inativas.
Enfim uma lista das medidas que são aconselhadas para o comércio e varejo em relação a aceitação de pagamentos com cheques:
  • Criação de normas para recebimento de cheques, inserindo cláusulas que despertem a atenção dos funcionários para documentos falsificados grosseiramente bem como para a necessidade de coibir-se a ação dos funcionários desonestos ou pouco atentos.
  • Consultar sempre o SPC ou serviço equivalente de proteção ao crédito.
  • É de extrema utilidade manter um cadastro completo de todos os clientes, também para venda com cheques.
  • Exigir comprovante de endereço e checar a veracidade.
  • Se possível verificar "passagens" de cheques do CPF do cliente junto aos órgãos de proteção ao crédito. Muitas passagens em curto período de tempo são sinal de perigo.
  • Exigir comprovante de renda e checar a veracidade (ligar para a empresa e se necessário fazer consulta jurídica para confirmar a idoneidade da empresa).
  • Checar a autenticidade dos documentos (CPF e RG). Há milhões de documentos falsos circulando no País. Se o comerciante tiver dúvidas, ligue para um serviço de identificação ou validação de documentos falsos.
  • Cuidado com cheques clonados ou adulterados que não aparecem nas consultas. Se houver suspeita, ligue para o próprio banco emissor.
  • Desconfie de folhas de cheque soltas, sem o talão. Quando a folha for retirada do talão tente verificar se a "linha louca" não seja repetida igual em outras folhas (sinal de clonagem). A "linha louca" ou "linha de segurança" é aquela série de desenhos lineares verticais, com o nome do banco impresso em letras pequenas, que se encontra no lado direito de cada cheque, cada folha deve ter uma combinação de linhas diferente.
  • Tenha cuidado redobrado com cheques de contas recentes. O risco é ainda maior se a venda for com cheques pré-datados.
  • Desconfie quando a pessoa der apenas o telefone celular.
  • Verifique se o endereço da pessoa confere com o endereço de seu telefone fixo (lista telefônica ou o 102 podem ser úteis).
  • Evite cheques de terceiros, trocar cheques por dinheiro ou devolver troco de cheques.
  • Não conceda crédito ou aceite cheque em valor incompatível com a renda do cliente.
  • Observe a reação do cliente quando estiver realizando consultas ou checando documentos. Se a pessoa se mostrar inquieta ou nervosa, faça perguntas adicionais e verifique tudo melhor.
  • Cuidado dobrado em feriados e finais de semana. São as datas preferidas para golpes com cheques roubados.
  • Ninguém é obrigado a conceder crédito ou aceitar cheques de quem não lhe pareça confiável. Trate muito bem seu cliente, respeite seus direitos de consumidor e nunca coloque-o em situação constrangedora, mas reserve-se o direito de só realizar vendas seguras.

Nenhum comentário: