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Um dia sem sol uma eternidadee vivida,
A sua ausência presente,A distância perdida,
Quando aqui está, não há Sol, não há Lua, que brilhe tanto quanto o seu olhar tanto quanto seu sorriso e esta presença enche meu coração de alegria
Apesar de eu ainda estar a sentir uma leve tristeza porque sei que em breve, novamente só estarei, pois terás que partir, e meu dia voltará a ser frio e escuro como uma noite de inverno
Aqueça-me enquanto presente estiver e
amorne-me enquanto longe ficar
pois no tempo presente é o que me vitaliza pra suportar a distância e a espera de um novo amanhecer a seu lado.
Tomara
que os olhos de inverno das circunstâncias mais doídas não sejam
capazes de encobrir por muito tempo os nossos olhos de sol. Que toda vez
que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera
demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho
todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos
reste sempre uma brecha qualquer, ínfima, tímida, para ver também um
bocadinho de céu. Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos
roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés
feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a
coragem de sentir confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da
gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da
nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha
tamanho para ceifar o nosso amor. Tomara que a gente não desista de ser
quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder
do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as
nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam
impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor
mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista
nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos,
dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não
abrir mão de se sentir feliz.
Tomara.
O tempo se perde em devaneios no ar,
Que carrega para todo o lugar o perfume,Das folhas das cascas dos troncos
Enquanto se diluem; é o ciúme
De um sonho que se impõe;
O inverno não existe mais, me deito nesse outono,
Não tenho mais o sentido, e me decepciono,
E se não houver mais estações no ano?
A lembrança é o espaço da idéia,
O silêncio enquanto transpõe a cerca de arame
Seduz a pele e um canto alegre decompõe.
Chega de primavera, de ouvir o canto dos pássaros
Quero o frio etéreo de seus lábios
Que me faz tremer os ossos. Temos
a força de suportar um inverno abaixo de zero que pode ser frio, úmido,
molhado, muitas vezes intercalado por dias de muito calor e noites
indefinidas. Temos a força de suportar o frio que dói na ponta dos
dedos, que treme a voz, que atrofia as extremidades do corpo…
Temos a força de suportar o vento gelado que traz a sensação de vivermos no limite cortante do frio que não cessa, senão quando cumpre o tempo da estação.
Temos a força de suportar o sol acanhado que permite, com timidez, que o frio realize o seu trajeto, que engravide a terra, hiberne as sementes e delicadamente se afaste para que brote a vida do chão…
Temos a força de suportar o gelo que a natureza nos presenteia todo ano, repetidamente, com a mesma elegância e sabedoria.
Só não suportamos o frieza dos sorrisos, das almas insensíveis, o gelo da indiferença e a neve enrustida, que forma um tapete nos sentimentos, capaz de matar a vida que brota do coração.
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