6.01.2014

Excesso de tecnologia pode atrapalhar desenvolvimento de crianças

Pais e especialistas dão dicas para lidar com o uso de aparelhos eletrônicos. Em alguns casos, é possível estreitar laços usando a tecnologia.

Especialistas e pais discutem se o uso excessivo de aparelhos eletrônicos atrapalha o desenvolvimento das crianças.
Como puxar uma conversa quando as crianças - e muitas vezes os pais também - estão distraídos com tablets ou celulares?
Não é difícil ver essa cena por aí. O Felipe e a madrasta estavam tão conectados que demoraram a se dar conta que estavam sendo filmados.
“A gente deveria estar ali há uns 20 minutos ou 30 minutos, eu acho”, confessa Renata Fernandes.
“Tudo que tem para fazer está na internet. É mais legal. Tem jogos, redes sociais e tem como se comunicar com os amigos”, diz Felipe Rhammuti.
“A gente fica em último plano, né”, diz a madrasta.
“Eu acho que isso faz parte da nova geração. Eles já nascem assim. Principalmente essas crianças de agora já estão vindo com essa habilidade de lidar melhor com tecnologias do que a gente lidava um tempo atrás. Atrapalha quando é demais. Não só a internet, mas tudo que é demais acaba atrapalhando no desenvolvimento da criança para ser um adulto sociável”, comenta Alexandre Bandeira, pai de Felipe.
Sabedoria de pai, a ciência concorda. “Na medida em que elas ficam voltadas para a tecnologia, elas deixam de exercitar uma coisa importante, que é aprender a lidar com a frustração. São coisas que você vai aprendendo e vai desenvolvendo o que a gente chama popularmente de inteligência emocional. Um indivíduo, uma criança, um jovem se torna dependente exatamente no momento onde ele começa a negligenciar atividades do seu cotidiano para preferir estar conectado ou interagindo com a tecnologia”, explica Cristiano Nabuco de Abreu, psicólogo e coordenador do grupo de dependência tecnológica do Hospital das Clínicas/SP.
Tem que saber dosar. “Da mesma maneira que você não deixaria um pacote de chocolate aberto para essa criança comer o dia inteiro, ou um pacotinho de batatinha frita. Vale lembrar: as crianças imitam os mais velhos. Então, a dica que a gente dá é: seja um bom exemplo a ser seguido”, diz o psicólogo.
Mas, se não pode vencê-los, junte-se a eles! Essa foi a saída para o pai do Felipe.
“Eu fico na internet também, inclusive com ele, a gente joga videogame juntos pela internet. Isso estreita mais esse tipo de convívio. A conectividade já é uma realidade. Não tem como fugir, a gente tem que se adaptar e não deixar perder alguns valores”, comenta Alexandre
Por isso, é bom estabelecer certas regrinhas. “Lá em casa não pode acessar nenhuma dessas tecnologias após as 10 da noite. Então, tem essa regra”, diz Aline Borges, mãe do Felipe.
Fantástico: Se você pudesse, você ficava quanto tempo conectado?
Felipe: O dia inteiro.

“É importante que ele passe a se desconectar da tecnologia para que ele volte a se conectar com a sua própria vida. A dica que eu vou dar para essa mãe que está, por exemplo, no interior desse Brasil é: não tenha medo de exercer a sua maternidade de uma forma correta. Mesmo privar o seu filho, em alguns momentos, de algo que ele gosta muito pode ser muito mais interessante do que ser permissiva e deixar com que ele fique se ocupando” aconselha Cristiano Nabuco de Abreu.

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