Em que ponto estamos de nossa História ?
Nesta passagem de ano, somos 200 milhões de brasileiros, que, em sua
imensa maioria, trabalham, estudam, plantam, criam, empreendem,
realizam, todos os dias.
Nos últimos anos, voltamos a construir navios, hidrelétricas,
refinarias, aeroportos, ferrovias, portos, rodovias, hidrovias, e a
fazer coisas que nunca fizemos antes, como submarinos - até mesmo
atômicos - ou trens de levitação magnética.
Desde 2002, a safra agrícola duplicou - vai bater novo recorde este ano - e a produção de automóveis, triplicou.
Há 12 anos, com 500 bilhões de dólares de PIB, devíamos 40 bilhões de
dólares ao FMI, tínhamos uma dívida líquida de mais de 50%, e éramos a
décima-quarta economia do mundo.
Hoje, com 2 trilhões e 300 bilhões de dólares de PIB, e 370 bilhões de
dólares em reservas monetárias, somos a sétima maior economia do mundo.
Com menos de 6% de desemprego, temos uma dívida líquida de 33%, e um
salário mínimo, em dólares, mais de três vezes superior ao que tínhamos
naquele momento.
De onde vieram essas conquistas?
Do suor, da persistência, do talento e da criatividade de milhões de
brasileiros. E, sobretudo, da confiança que temos em nós mesmos, no
nosso trabalho e determinação, e no nosso país.
Não podemos nos iludir.
Não estamos sozinhos neste mundo. Competimos com outras grandes nações,
que conosco dividem as 10 primeiras posições da economia mundial, por
recursos, mercados, influência política e econômica, em escala global.
Não são poucos os países e lideranças externas, que torcem para que
nossa nação sucumba, esmoreça, perca o rumo e a confiança, e se
entregue, totalmente, a países e regiões do mundo que sempre nos
exploraram no passado - e ainda continuam a fazê-lo - e que adorariam
ver diminuída a projeção do Brasil sobre áreas em que temos forte
influência geopolítica, como a África e a América Latina.
Nosso espaço neste planeta, nosso lugar na História, foi conquistado com
suor e sangue, por antepassados conhecidos e anônimos, entre outras
muitas batalhas, nas lutas coloniais contra portugueses, holandeses,
espanhóis e franceses; na Inconfidência Mineira, e nas revoltas que a
precederam como a dos Beckman e a de Filipe dos Santos; nas Conjurações
Baiana e Carioca, na Revolução Pernambucana; na Revolta dos Malês e no
Quilombo de Palmares; na Guerra de Independência até a expulsão das
tropas lusitanas; nas Entradas e Bandeiras, com a Conquista do Oeste, da
qual tomaram parte também Rondon, Getúlio e Juscelino Kubitscheck; na
luta pela Liberdade e a Democracia nos campos de batalha da Europa, na
Segunda Guerra Mundial.
As passagens de um ano para outro, deveriam servir para isso: refletir
sobre o que somos, e reverenciar patriotas do passado e do presente.
Brasileiros como os que estão trabalhando, neste momento, na selva
amazônica, construindo algumas das maiores hidrelétricas do mundo, como
Belo Monte, Jirau e Santo Antônio; como os que vão passar o réveillon em
clareiras no meio da floresta, longe de suas famílias, instalando
torres de linhas de alta tensão de transmissão de eletricidade de
centenas de quilômetros de extensão; ou os que estão trabalhando, a
dezenas de metros de altura, em nossas praias e montanhas, montando ou
dando manutenção em geradores eólicos; ou os que estão construindo
gigantescas plataformas de petróleo com capacidade de exploração de
120.000 barris por dia, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, como
as 9 que foram instaladas este ano; ou os que estão construindo novas
refinarias e complexos petroquímicos, como a RENEST e o COMPERJ, em
Pernambuco e no Rio de Janeiro; ou os que estão trabalhando na ampliação
e reforma de portos, como os de Fortaleza, Natal, Salvador, Santos,
Recife, ou no término da construção do Super-porto do Açu, no Rio de
Janeiro; ou os técnicos, oficiais e engenheiros da iniciativa privada e
da Marinha que trabalham em estaleiros, siderúrgicas e fundições, para
construir nossos novos submarinos convencionais e atômicos, em Itaguaí;
os técnicos da AEB - Agência Espacial Brasileira, e do INPE - Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, que acabam de lançar, com colegas
chineses, o satélite CBERS-4, com 50% de conteúdo totalmente nacional;
os que trabalham nas bases de lançamento espacial de Alcântara e
Barreira do Inferno; os oficiais e técnicos da Aeronáutica e da Embraer,
que se empenham para que o primeiro teste de voo do cargueiro militar
KC-390, o maior avião já construído no Brasil, se dê com sucesso e
dentro dos prazos, até o início de 2015; os operários da linha de
montagem dos novos blindados do Exército, da família Guarani, em Sete
Lagoas, Minas Gerais, e os engenheiros do exército que os desenvolveram;
os que trabalham na linha de montagem dos novos helicópteros das Forças
Armadas, na Helibras, e os oficiais, técnicos e operários da IMBEL, que
estão montando nossos novos fuzis de assalto, da família IA-2, em
Itajubá; os que produzem novos cultivares de cana, feijão, soja e outros
alimentos, nos diferentes laboratórios da EMBRAPA; os que estão
produzindo navios com o comprimento de mais de dois campos de futebol, e
a altura da Torre de Pisa, como o João Candido, o Dragão do Mar, o
Celso Furtado, o Henrique Dias, o Quilombo de Palmares, o José Alencar,
em Pernambuco e no Rio de Janeiro; os que estão construindo
navios-patrulha para a Marinha do Brasil e para marinhas estrangeiras
como a da Namíbia, no Ceará; os engenheiros que desenvolvem mísseis de
cruzeiro e o Sistema Astros 2020 na AVIBRAS; os que estão na Suécia,
trabalhando, junto à Força Aérea daquele país e da SAAB, no
desenvolvimento do futuro caça supersônico da FAB, oGripen NG BR,
e na África do Sul, nas instalações da DENEL, e também no Brasil, na
Avibras, na Mectron, e na Opto Eletrônica, no projeto do míssil ar-ar
A-Darter, que irá equipá-los; os nossos soldados, marinheiros e
aviadores, que estão na selva, na caatinga, no mar territorial, ou
voando sobre nossas fronteiras, cumprindo o seu papel de defender o
país, que precisam dessas novas armas; os pesquisadores brasileiros das
nossas universidades, institutos tecnológicos e empresas privadas, como
os que trabalham ITA e no IME, no Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron, ou no projeto de construção e instalação do nosso novo
Acelerador Nacional de Partículas, no Projeto Sirius, em São Paulo; os
técnicos e engenheiros da COPPE, que trabalham com a construção do
ônibus brasileiro a hidrogênio, com tubinas projetadas para aproveitar
as ondas do mar na geração de energia, com a construção da primeira
linha nacional de trem a levitação magnética, com o MAGLEV COBRA; nossos
estudantes e professores da área de robótica, do Rio de Janeiro, São
Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, várias vezes campeões da Robogames, nos Estados Unidos.
Neste momento, é preciso homenagear esses milhões de compatriotas,
afirmando, mostrando e lembrando - e eles sabem e sentem profundamente
isso - que o Brasil é muito, mas muito, muitíssimo maior que a
corrupção.
É esse sentimento, que eles têm e dividem entre si e suas famílias, que
faz com que saíam para trabalhar, com garra e determinação, todos os
dias, cheios de orgulho pelo que fazem e pelo nosso país.
E é por causa dessa certeza, que esses brasileiros estão se unindo e vão
se mobilizar, ainda mais, em 2015, para proteger e defender as obras,
os projetos e programas em que estão trabalhando, lutando, no Congresso,
na Justiça, e junto à opinião pública, para que eles não sejam
descontinuados, destruídos, interrompidos, colocando em risco seus
empregos, sua carreira, e a sobrevivência de suas famílias.
Eles não têm tempo para ficar teclando na internet, mas sabem que não
são bandidos, que não cometeram nenhum crime e que não merecem ser
punidos, direta ou indiretamente, por atos dos quais não participaram,
assim como a Nação não pode ser punida pelos mesmos motivos.
Eles têm a mais absoluta certeza de que a verdadeira face do Brasil pode
ser vista nesses projetos e empresas - e no trabalho de cada um deles -
e não na corrupção, que se perpetua há anos, praticada por uma ínfima e
sedenta minoria. E intuem que, às vezes, na História, a Pátria consegue
estabelecer seus próprios objetivos, e estes conseguem se sobrepor aos
interesses de grupos e segmentos daquele momento, estejam estes na
oposição ou no governo.
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