SIGA: milhares protestam na França após ataque; presidente promete resposta
Homens abriram fogo na redação da
revista 'Charlie Hebdo', em Paris, e mataram 12. Polícia procura 3
suspeitos, e promotor diz que há 11 feridos. País terá luto de 3 dias.
perguntas e respostas
O que se sabe e o que ainda não foi esclarecido sobre o atentado; VEJA
religião ≠ violência
Associações muçulmanas repudiam ataque terrorista em Paris
entenda a 'Charlie Hebdo'
Cartunista brasileiro lamenta ataque a revista francesa; para Laerte, episódio pode virar "pretexto para novos ataques ao mundo árabe”
Foto: Divulgação
A notícia do ataque à sede da revista francesa ‘Charlie
Hebdo’, que resultou na morte de 12 pessoas nesta quarta-feira, foi
recebida com horror por cartunistas brasileiros. Para Adão Iturrusgarai,
o atentado representa um ataque à liberdade de expressão. "Ainda estou
paralisado, congelado com o que aconteceu. Foi como uma adaga cortando a
minha carne. Hoje todos os cartunistas morreram um pouquinho”, disse.
Adão, que está de férias na Patagônia, conta que o
cartunista Georges Wolinski, um dos mortos no atentado, era sua “maior
influência”. Por coincidência, os três livros que colocou na mala de
viagem são do cartunista francês. “Wolinski era minha maior influência
nos quadrinhos. Um cara que amava a vida, as mulheres, um senhor doce”,
afirmou.
Para Adão, estamos vivendo uma época em que os
extremistas – tanto os fundamentalistas islâmicos quanto os
representantes da ultradireita – estão ganhando cada vez mais terreno, o
que é preocupante. “O mundo está ficando cada vez pior. Vou repetir uma
frase que escrevi há algum tempo (em uma tirinha): ‘o mundo já acabou faz tempo. A gente só está forçando a barra”.
Foto: Facebook / Reprodução
Ainda não se sabe quem são os autores do atentado, mas a
revista já sofreu ataques por publicar caricaturas de líderes
muçulmanos e do profeta Maomé. Em 2011, a redação chegou a ser alvo de
um incêndio criminoso.
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Onda de intolerância
Para a cartunista brasileira Laerte, agora é o momento de defender a revista e impedir que o episódio cause uma nova onda de intolerância e seja “usado como pretexto para novos ataques ao mundo árabe”.
Para a cartunista brasileira Laerte, agora é o momento de defender a revista e impedir que o episódio cause uma nova onda de intolerância e seja “usado como pretexto para novos ataques ao mundo árabe”.
“O ‘Charlie Hebdo’ é um patrimônio da humanidade que
precisa ser defendido tanto do irracionalismo fundamentalista quanto do
apoio da direita, que provavelmente vai vir”, afirmou Laerte. “(O ataque à revista)
certamente vai ser usado para avanços da ultradireita no cerceamento
das liberdades de cidadãos de origem estrangeira e imigrantes”.
Laerte disse que Georges Wolinski, um dos cartunistas
mortos, era seu “mestre”. “Tive a oportunidade de encontrá-lo
pessoalmente na década de 1990, na Colômbia, e a única coisa que eu
consegui dizer em francês a ele foi: ‘Você mudou minha vida’”.
Apesar do atentado à liberdade de expressão, a
cartunista afirmou não acreditar em intimidação. “O trabalho do
cartunista se insere no campo do jornalismo, reconhecidamente uma das
profissões mais perigosas que existem. E a história da sátira política é
muito longa e cheia de ameaças e violências, o que não impediu que a
linguagem evoluísse e se desenvolvesse”.
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