Muitas vezes, a escolha
da pessoa em seguir uma dieta saudável não está relacionada à questão
estética, mas, sim, diz respeito a um cuidado maior com a sua saúde em
geral.
Luciana Kotaka,
psicóloga especialista em Obesidade e Transtornos Alimentares, coautora
dos livros “Comportamento Magro com Saúde e Prazer” e “Estômago Magro
versus Pensamento Gordo”, explica que hoje temos uma maior
conscientização dos benefícios de uma alimentação saudável e
equilibrada, sabemos o quanto os alimentos servem para prevenir doenças e
proporcionar saúde.
“Recentemente, uma
pesquisa comprovou que, em pessoas acima do peso, mesmo apresentando
exames médicos bons, o risco cardíaco ainda é grande. Desta forma, só
vem reforçar a necessidade de manter o corpo no IMC normal. Mas, isso
não quer dizer que devemos cultuar o corpo magro e, sim, o corpo
saudável”, destaca a psicóloga.
Porém, é fato, também,
que algumas pessoas adotam uma alimentação saudável, aliada à prática de
atividade física, pensando, em primeiro lugar, numa melhora física. E,
claro, essa não é uma medida negativa, muito pelo contrário: a pessoa
que percebe que está acima do peso e se incomoda com isso, por exemplo,
deve mesmo seguir uma dieta de emagrecimento – que, com certeza, só
trará resultados positivos à sua vida e sua saúde.
Mas, a partir do momento
que a preocupação em emagrecer ou, simplesmente, “manter o corpo em
forma”, começa a atrapalhar a vida da pessoa – interferindo, por
exemplo, em suas relações sociais – a situação muda completamente.
Algumas atitudes, como deixar de ir a eventos sociais para não comer
nada diferente do que está estabelecido na dieta, pensar o tempo todo em
medidas para perder peso, conversar somente sobre alimentação e
atividades físicas, entre outras, podem estar demonstrando que a pessoa
está exagerando na dieta.
Se você se identificou
com algum desses exemplos, fique atento: será que não está exagerando na
preocupação com a sua dieta? Confira abaixo outras atitudes que podem
estar mostrando isso.
1. Você se tornou muito rígido com a escolha dos alimentos
É claro que prezar por
uma alimentação saudável é importante, e um hábito totalmente positivo.
“A questão começa a ser preocupante a partir do momento que a pessoa só
come o que passa pelo seu crivo como alimento correto. Os alimentos
passam a ser escolhidos de forma rigorosa, por exemplo, tudo deve ser
sem agrotóxicos, ela precisa saber sempre a procedência dos produtos,
todos os rótulos são lidos de forma criteriosa etc.”, diz Luciana.
“Muitos desses
comportamentos, claro, são importantes, porém, o diferencial é que essas
pessoas não se permitem comer em um evento social e acabam se afastando
até da família, pois não consomem nada que não esteja pré-programado e
avaliado. Dessa forma, quando o comportamento passa a ser impeditivo e
limitante é chamado de Ortorexia”, explica a psicóloga especialista em
transtornos alimentares.
2. Você se tornou obcecado pela balança
Algumas pessoas sobem na
balança todos os dias, com a ideia de que não “podem perder o controle
sobre o seu peso”. Muitas, inclusive, compram uma balança para poderem
se pesar com mais frequência em casa. Será que esse é um hábito
importante ou pode ser, também, um sinal de que a pessoa está exagerando
na preocupação com sua dieta?
Luciana Kotaka explica
que a questão de se pesar todos os dias é muito particular. “Algumas
pessoas utilizam esse método como forma de controlar o peso, pois temem
perder o foco de sua dieta. Na minha concepção, pode se tornar um
comportamento compulsivo, pois o ideal é pesar-se somente nas visitas ao
médico e ao nutricionista. Até porque sabemos que, se comemos de forma
equilibrada, estamos perdendo ou mantendo o peso; e se perdemos, as
roupas irão denunciar”, diz.
“O caminho adequado não é
tornar-se escravo da balança, mas, sim, ter um ‘comportamento magro’ e
escolher o que se come no dia a dia focando em qualidade”, acrescenta a
profissional.
3. Você está se afastando dos seus amigos
Você tem recusado
convites para sair com seus amigos para não comer e nem beber nada
diferente do que está estabelecido no seu cardápio?! Evita ir a festas
de aniversários para não “precisar” comer um pedaço de bolo? Tem dado
preferência a conversar somente com seus colegas da academia ou com
outras pessoas que também se preocupam com a alimentação?
Esses são alguns sinais importantes de que você está exagerando na preocupação com a dieta!
A busca excessiva por
emagrecer, ou seguir uma dieta totalmente saudável, faz, muitas vezes,
com que a pessoa se afaste do seu círculo de amizades e até de pessoas
da sua família.
“Essa situação é bem
frequente, pois essas pessoas começam a ser ‘pressionadas’ pelos amigos,
família, sendo mais fácil se afastar do que mudar a crença
desenvolvida. Os próprios amigos também se afastam, pois, além de
acharem estranhas tais escolhas, se cansam das exigências e das
negativas frente a convites oferecidos”, destaca Luciana Kotaka.
4. Você mantém segredo sobre a sua dieta
Cansado de ouvir
críticas em relação à sua preocupação em emagrecer – ou, simplesmente,
manter uma alimentação saudável –, você evita comentar com seus amigos e
familiares que está seguindo determinada dieta, tomando algum
suplemento ou até medicamento?!
Esse é mais um sinal de
que você está exagerando na preocupação com a dieta! Afinal, seus amigos
e familiares, provavelmente, só dão conselhos porque se preocupam e
querem o seu bem. Se você “esconde” esse tipo de informação deles, é
porque, no fundo, sabe que está fazendo “algo errado” a si mesmo.
Então, quando algum
deles disser que você, de fato, está exagerando nas atitudes que toma em
função da dieta, que tal refletir melhor sobre isso?
5. Você pensa praticamente o dia todo na dieta
Soa até estranho, mas,
de fato, existem pessoas que passam praticamente o dia todo pensando em
assuntos relacionados à sua alimentação e/ou à perda de peso. Acordam e
vão dormir planejando o que vão comer na próxima refeição, que tipo de
atividade física vão praticar para queimar as calorias ingeridas, quais
medidas podem tomar para não “boicotar” a dieta etc.
Por isso, se você se identifica com esse tipo de atitude, reconheça que está exagerando na preocupação com a dieta!
Planejar a sua
alimentação diariamente para não “escapar” da dieta, se esforçar para
praticar atividades físicas todos os dias, tentar seguir à risca tudo o
que está no cardápio, entre outros pontos, são hábitos muito positivos,
mas, como tudo nessa vida, devem ter um limite.
6. Sua felicidade está totalmente relacionada com o seu peso e/ou sua alimentação
Sentir-se feliz por ter
perdido alguns quilinhos após algum tempo do início da dieta não é
pecado. Muito pelo contrário: é consequência dos bons resultados
conquistados, provavelmente, por meio de uma alimentação balanceada e da
prática de atividades físicas.
A questão passa a ser
preocupante a partir do momento que a perda ou a manutenção do peso
transforma-se no seu maior objetivo de vida, e qualquer “probleminha”
com o andamento da sua dieta gera desanimo e sofrimento.
“Quando estar magro se
torna a única meta e ‘alegria’ na vida de alguém, a situação é realmente
preocupante e acaba trazendo uma série de problemas pela não aceitação
corporal. As relações entre casais, por exemplo, ficam afetadas… É
frequente mulheres relatarem que se esquivam de ficarem nuas na frente
do esposo ou até mesmo de ter relações sexuais, pois se sentem péssimas
quando estes tocam seu abdômen e costas, por exemplo”, explica Luciana
Kotaka.
A psicóloga destaca que,
se você se identifica com essa situação, é importante procurar um
psicólogo especialista em transtornos alimentares e obesidade, “para
que, com ajuda profissional, você possa restabelecer um vínculo com seu
corpo, um olhar com afeto e aceitação corporal”.
A possível relação entre a preocupação excessiva com o emagrecimento e os transtornos alimentares
Se a pessoa está
buscando emagrecer de maneira correta, ou seja, seguindo uma alimentação
saudável e completa, praticando atividades físicas e, de preferência,
sendo orientada por profissionais habilitados para isso (como
nutricionistas e educadores físicos), a dieta tende a trazer somente
bons resultados (além do emagrecimento em si, mais saúde e qualidade de
vida).
Porém, quando a
preocupação com o emagrecimento torna-se excessiva, em alguns casos, a
pessoa pode buscar “caminhos alternativos” para alcançar seus objetivos
mais rapidamente: planos alimentares totalmente restritivos, o uso
inadequado de medicamentos, as chamadas dietas da moda etc. – o que,
possivelmente, trará prejuízos à sua saúde.
Um bom exemplo disso é a possibilidade de a pessoa desencadear algum transtorno alimentar.
“Os transtornos
alimentares podem ser desencadeados por dietas restritivas e
desequilibradas. Claro que a percepção da imagem corporal também está
muito prejudicada, pois, muitas vezes, eles ocorrem em pessoas com peso
normal e dentro do esperado para altura e estrutura óssea”, explica
Luciana Kotaka.
De acordo com a
especialista, um dos transtornos mais comuns é a Anorexia Nervosa, onde a
pessoa desenvolve um controle sobre sua alimentação, passando a fazer
jejuns prolongados e/ou refeições muito restritivas, perdendo peso de
forma assustadora e patológica.
“A Bulimia é outro
transtorno, onde se come em excesso e a pessoa recorre a vômitos
autoinduzidos para tentar eliminar o excesso cometido. Ela pode-se
utilizar também de laxantes, diuréticos e enemas. Na Bulimia, se
estabelece um ciclo de compulsão, onde se come e vomita”, explica
Luciana.
A psicóloga cita ainda o
Transtorno da Compulsão Alimentar Periódicas (TCAP), “onde essas crises
de perdas de controle devem acontecer pelo menos duas vezes na semana
por um período de três meses”.
A Ortorexia, já citada
acima pela especialista, surge quando a pessoa se torna obsessiva quanto
aos padrões daquilo que come, permitindo-se consumir apenas alimentos
considerados saudáveis.
Quando procurar ajuda?
Se você se identificou com todos ou com a maioria dos sinais citados acima, é interessante buscar ajuda profissional.
“Em todas as áreas de
nossa vida devemos procurar ter equilíbrio. E com a alimentação também
funciona assim. Comer em demasia, comer de forma restritiva ou mesmo com
excesso de critérios em suas escolhas pode ser patológico e, para tudo
que foge do controle e causa outros problemas orgânicos, deve-se
procurar tratamento”, finaliza a psicóloga Luciana Kotaka.
Dessa forma, lembre-se:
seguir uma alimentação saudável e praticar atividades físicas com
frequência são hábitos totalmente positivos, porém, estes não devem ser
seus maiores objetivos de vida e, sim, algumas das medidas que você toma
para ter mais qualidade de vida.
Fonte: Dicas de Mulhe
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