1.07.2015

Corticoides





FOTOS: DREAMSTIME / SHUTTERSTOCK
 Uso de cortisona
O medicamento anti-inflamatório chega a oferecer um efeito protetor à saúde do coração, pois sabe-se que a desestabilização das placas de gordura nos vasos também está intimamente relacionada a fenômenos inflamatórios. Por outro lado, o uso frequente de medicamentos à base desse ativo deixa a pessoa exposta a efeitos colaterais muito mais importantes, capazes de neutralizar completamente os benefícios. "Sabemos que a cortisona ajuda a aumentar os níveis de pressão arterial e de açúcar circulante no sangue, dois fatores diretamente relacionados aos riscos de problemas coronários. Por essa razão, não se recomenda o uso desse tipo de medicamento para pacientes com complicações cardiovasculares", indica Ricardo Pavanello. Pacientes que não apresentam disfunções coronárias, venção, mas que fazem uso constante da cortisona, devem se submeter a exames regulares, para avaliação do perfil cardiológico.


Corticoide ou corticosteróide (popularmente chamado de cortisona) é um medicamento usado no tratamento das doenças alérgicas e que é sintetizado a partir de um hormônio produzido por uma pequena glândula chamada supra-renal, pois se localiza logo acima do rim.


Este hormônio – chamado de cortisol - é essencial para a vida, contribuindo

para manter o equilíbrio no organismo humano. Atua como um potente antinflamatório natural, além de influir em diversas funções do organismo como no metabolismo ósseo, de açucares, sais minerais, gorduras, proteínas, exercendo também ação estimuladora no cérebro. Estas ações são muito importantes para gerar energia necessária para manutenção das atividades diárias e em especial nas situações de estresse tanto físico como emocional. Por exemplo, no momento de uma infecção o organismo precisa de reservas de energia para se defender e o cortisol atua provendo condições para a recuperação.

A produção de cortisol obedece a um ritmo diário (“ritmo circadiano”), com um nível máximo do hormônio pela manhã, ao acordar. O nível de cortisol vai caindo lentamente até que à noite há um nível mais baixo no sangue, coincidindo com a sensação de cansaço e necessidade de repouso. Durante o sono, a glândula volta a produzir o hormônio a fim de que o organismo esteja apto para suas atividades diárias ao acordar, pela manhã. Este ritmo de produção do cortisol pela supra-renal é regulado por uma outra glândula; a hipófise ou pineal, localizada no cérebro, sob a influência de outras estruturas reguladoras cerebrais.

Mas o corpo humano é harmonioso: para produzir o cortisol, a glândula supra-renal obedece às ordens da hipófise e do hipotálamo. A regulação do cortisol é portanto o resultado da participação harmoniosa do eixo hipotálamo – hipófise – adrenal. Assim, quando o nível sérico do cortisol, o eixo reduz sua atividade vice versa – se o nível está elevado, automaticamente o eixo estimula sua atividade.

Por isso, quando uma pessoa utiliza um medicamento contendo corticoide, poderá ocorrer uma interferência no eixo regulador/produtor e resultar em alteração de produção do cortisol pelo organismo. No uso curto por poucos dias, não há problema: uma vez suspenso o medicamento, a glândula supra-renal retoma a sua produção diária normal. Entretanto, se a terapia for prolongada (acima de 30 dias) a retomada da atividade da glândula pode ser lenta ou até mesmo permanente, acarretando sérios problemas de saúde.

Os corticoides são utilizados de forma sintética em medicamentos usados em muitas doenças e na Alergia, por sua estupenda ação antinflamatória. O uso deste medicamento acarreta melhora quase imediata de crises agudas de asma, rinite, urticária, eczemas, farmacodermias e da anafilaxia.

Conhecendo as ações dos hormônios corticosteróides, fica mais fácil compreender seus principais efeitos colaterais, em especial quando utilizados de forma sistêmica por via oral (comprimidos e xaropes) ou injetável.

Medicamentos contendo corticoides:
Os remédios contendo corticoides sintéticos (chamados popularmente de “cortisona”),

são utilizados no tratamento de diversas doenças alérgicas, como a asma, rinite,

alergias na pele e no choque anafilático.


• Via oral: xaropes e comprimidos;
• Para uso injetável;
• Para uso inalado: nebulizações, sprays ou inaladores de pó seco;
• Uso na pele: pomadas e cremes;
• Uso oftálmico –colírios.

CORTICOIDES POR VIA ORAL

Usados sob forma de comprimidos ou como xaropes estão indicados nas crises de asma, rinite e em outras formas de alergia (urticária, angioedema, etc). O ideal é o uso por poucos dias, a fim de corrigir o problema sem que haja interferência na produção do cortisol pela glândula adrenal, sendo uma medicação valiosa e segura.
Os efeitos colaterais são variáveis de pessoa a pessoa, dependendo da dose e do tempo de uso. Os mais comuns são aumento do apetite e alterações do sistema nervoso: algumas pessoas sentem-se com mais energia, outros se queixam de tristeza, irritabilidade e insônia.
No caso da asma, é importante chamar a atenção sobre o medo do corticóide por causa dos efeitos colaterais, mas o retardo no início do uso pode acarretar piora da doença e levar à internação hospitalar (às vezes até em CTI), sendo necessário o uso de doses muito mais altas da cortisona.

Ressalta-se que este medicamento só deve ser feito sob orientação do médico e em hipótese nenhuma por conta própria ou por conselhos de balconistas ou amigos pois o uso abusivo da cortisona pode provocar danos muitas vezes irreparáveis à saúde. Quem nunca ouviu dizer que a cortisona é faca de dois gumes? E é verdade. Mas, cabe ao médico utilizar o “gume certo” e usufruir o benefício do medicamento com o mínimo de efeitos colaterais indesejáveis.

CORTICOIDES INJETÁVEIS:

Os corticoides podem ser utilizados por via venosa ou intramuscular nas crises agudas de asma e em situações de emergência, como no choque anafilático. Atuam promovendo a diminuição do processo inflamatório e do edema, diminuindo a chegada das células e de fatores chamados mediadores da inflamação.
Entretanto, existem no mercado algumas formas para uso intramuscular e que têm liberação lenta (formas de depósito), permanecendo na circulação por cerca de 20 a 30 dias após uma única aplicação. Esta liberação lenta tende a provocar efeitos colaterais mais graves e intensos e por isso não são recomendadas no tratamento de doenças alérgicas.

Os principais efeitos colaterais dos corticoides sistêmicos – em comprimidos, xaropes ou injetáveis são:
• Aumento de peso com deposição central de gordura (giba de búfalo).
• Tendência a aumentar a pressão arterial.
• Retenção de água (edema).
• Tendência ao aumento do açúcar no sangue (diabetes).
• Aumento da acidez estomacal (azia, gastrite).
• Perda de cálcio ósseo (Tendência à osteoporose).
• Insônia, agitação.
• Aparecimento de cãimbras.
• Acne, surgimento de pelos na face.

CORTICOIDES INALADOS

O uso inalado é considerado padrão ouro no tratamento de controle da asma e da rinite alérgica, atuando no processo inflamatório das vias respiratórias e resultando no controle da doença, devendo ser mantido de forma contínua e por tempo prolongado.
Ressalta-se que os corticoides inalados não são indicados para uso nas crises, mas sim na prevenção e controle da asma.
Apesar de seguros, os corticoides inalados também podem causar efeitos colaterais, mas em geral de forma localizada, como a rouquidão (disfonia) e candidíase oral (“sapinho”). Os efeitos colaterais sistêmicos são raros e de pequena intensidade.
Os corticoides inalados podem ser usados sob forma se nebulização, como “sprays” ou aerossóis (popularmente conhecidos como "bombinhas”) ou ainda em forma de inaladores de pó. É imprescindível lavar a boca após o uso. No caso dos aerossóis ou sprays, recomenda-se também o uso de espaçadores, a fim de reduzir possíveis efeitos colaterais locais.

Vantagens do uso inalado:


- A medicação atua mais rápido;
- As doses são menores (microgramas);
- Os efeitos colaterais sistêmicos são mínimos;
- Pode-se utilizar por tempo prolongado sem alterar o equilíbrio do eixo hipófise - renal.

CORTICOIDES USADOS SOB FORMA DE CREMES E POMADAS
Usados no tratamento de doenças alérgicas da pele como a dermatite atópica e o eczema de contato.


Em resumo:

USO ADEQUADO:
• Para tratar crises fortes ou moderadas nas doenças alérgicas.
• Utilização deve ser de preferência por via oral (comprimido ou xarope), em doses adequadas e por período curto (5 a 7dias).
• Utilizar com orientação e supervisão do médico.

USO INADEQUADO:
• Uso por conta própria e sem orientação médica.
• Utilização repetida de injeções de depósito (ação prolongada).
• Evitar corticoides a todo o custo e só usar quando a crise já for muito grave.
• Usar baixas doses por tempo longo ou modificar a prescrição do médico por medo de efeitos colaterais.

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Corticoides usados de maneira adequada
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BLOG DA ALERGIA

Saiba mais

O que medicamentos contendo ''corticoides'' podem provocar?

2 anos atrás site do uol

Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta foi a resposta de  Antonio Celso da Costa Brandão em: Sex 05/05/2006 [17:51] (1464 leituras)


Medicamentos
O efeito colateral de remédios de uso livre

Quando foram desenvolvidos, em 1952, os medicamentos à base de corticoides ou corticosteróides - hormônios produzidos quimicamente - ganharam o status de grande descoberta, por causa de suas propriedades antiinflamatórias. Eficazes, eles são capazes de curar alergias e dermatites em questão de dias. Três anos após sua criação, os primeiros efeitos colaterais começaram a ser catalogados.

De acordo com um estudo publicado recentemente pelo "Journal American Academy of Dermatology", nos EUA, o mesmo mecanismo de ação dos remédios à base de corticóides responsável pela cura é também responsável pelos efeitos colaterais que surgem pelo uso indevido, dentre eles acne, osteoporose, glaucoma e hipertensão.

O pior da história é que estes remédios podem ser obtidos sem receita médica em muitas farmácias brasileiras. Com isso, fica fácil abusar deles. Uma vez indicado, a pessoa poderá recorrer a ele toda vez que o problema reincidir. As crianças, que respondem por 30% da população mundial vítima de alergias e dermatites, acabam sendo as maiores vítimas. "Como a pele delas é mais fina e delicada, estão mais sujeitas aos efeitos colaterais dos corticoides", explica a professora de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Zilda Najjar.

Existem vários tipos de corticosteróides e, com o tempo, novos são sintetizados. "O intuito é conseguir remédios mais potentes e com menos efeitos colaterais", explica Zilda. Eles são divididos em dois tipos: tópicos (de aplicação local, como pomadas, cremes e loções) e sistêmicos (como os inalatorios e orais). Outra classificação é quanto à eficiência: há os superpotentes, os potentes, os de média potência e os de baixa potência.

Quanto mais potentes, maior a penetração na pele do paciente e maior a possibilidade de efeitos colaterais. Para áreas afetadas cuja pele é fina ou crianças, por exemplo, o melhor são os de baixa potência.

Em caso de abuso (por automedicação) ou uso por tempo prolongado, os corticoides sistêmicos podem interferir no crescimento dos pequenos. Absorvidos em grandes quantidades pela pele, eles interferem na produção do corticoide natural pelas glândulas supra-renais.

Nos adultos, a mesma medicação pode causar osteoporose, aumento de glicose no sangue, hipertensão e Síndrome de Cushing. Caracterizada por excesso de pelos no corpo, pressão alta e estrias, a disfunção tem tratamento específico, mas nem sempre as complicações têm cura.

A dona de casa Maria Lúcia (sobrenome não revelado), de 59 anos, começou a desenvolver alguns dos sintomas da síndrome há dois anos, graças ao uso indiscriminado de um comprimido à base de corticoides. "Uma amiga me indicou para a minha dor de cabeça, mas eu tomava o tempo todo. Com o tempo, comecei a engordar, mas nem desconfiava que era por causa do remédio", diz ela, que comprava o medicamento de vendedores que se abasteciam no Paraguai. Hoje ela faz tratamento com um endocrinologista para controlar os sintomas da disfunção.

Graças à má fama dos corticosteróides, muita gente deixa de usá-los. Zilda, no entanto, acha que essa fama de vilão é injusta. "Bem utilizados, eles são seguros", diz a dermatologista. O ideal, quando os sintomas da doença retornam, é procurar orientação médica.

Colírios - O uso exagerado de colírios à base de corticoides constitui um capítulo extra nesta história. Indicados para casos graves de inflamação ocular - como a conjuntivite viral - eles podem provocar dependência física, intoxicação, infecções, glaucoma e, nos piores e não raros casos, perda parcial ou total da visão.

"São poucos os casos de inflamação que realmente necessitam de colírios à base de corticóides", explica o oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês? de São Paulo Newton Kara Júnior. Eles dão conforto para os olhos irritados e agem inibindo a chegada de células de defesa até os olhos. Com as defesas naturais deprimidas, os olhos ficam muito mais suscetíveis a infecções. Na maioria dos casos, não têm seu uso prescrito pelos oftalmologistas por mais de duas semanas.

Segundo Kara, são três os grandes males que estes colírios podem provocar. O primeiro é a suscetibilidade às infecções. "Se a pessoa usou o colírio por causa de um desconforto, por exemplo, ela pode ficar com uma infecção", diz Kara.

O segundo é a dependência física. "Os colírios à base de corticoides produzem um bem-estar artificial porque se a pessoa pára de usá-lo, os sintomas voltam ainda piores. É o que chamamos de efeito rebote", diz Kara.

O terceiro, e mais grave, é o glaucoma, ou aumento da pressão intra-ocular. Ele acontece quando o colírio de corticoide é usado por muito tempo e também pode levar à perda da visão. Total ou parcial, a cegueira ocorre com mais frequência em pessoas que já apresentavam alguma infecção por fungos ou herpes.

Apesar de causarem sensação de bem-estar em olhos irritados, os colírios à base de corticoides não são insubstituíveis. O ideal, diz Kara, é tentar descobrir a causa do incômodo. Após feito o diagnóstico, o oftalmologista indicará um tipo específico de colírio.

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