Você provavelmente já deve ter ouvido
falar na “irracionalidade racional” proposta por Bryan Caplan. A ideia é
que se o custo de manter crenças irracionais for baixo o suficiente,
haverá mais demanda por irracionalidade. De fato, manter uma visão
irracional faz uma pessoa se sentir melhor sobre si mesma ou pode
mantê-la inclusa em algum grupo, além de manter a visão não prejudicá-la
diretamente, pelo contrário, ela pode até ficar muito bem com esse
ponto de vista.
Caplan contrasta isso com a ideia de
“ignorância racional”, a qual é mais familiar para os nossos
leitores. Ela diz basicamente que o custo de aquisição de informação
suficiente para se ter uma opinião verdadeiramente informada sobre algum
problema é geralmente elevada, logo as pessoas permanecem ignorantes.
Ambos os comportamentos certamente desempenham um papel na predominância
de políticas estúpidas e pontos de vista estúpidos. Mas existem
corolários em táticas de debate? Nos dias de hoje as redes sociais estão
oferencendo um espaço livre para debate. Lá as pessoas estão
descobrindo não só novas pessoas em quem testam suas ideias, eles estão
encontrando novas respostas falaciosas. E às vezes essas falácias
funcionam, apesar de serem falaciosas, e é provavelmente por isso que
elas são tão comuns. Isto é especialmente verdadeiro em redes sociais,
onde se pode aprender rapidamente que o verdadeiro objetivo desses
debates é jogar para a plateia, proporcionando-lhes uma desculpa para
fugirem de qualquer viés que já possuem. Ainda assim, talvez seja
possível aumentar os custos de empregar essas falácias, pelo menos um
pouco.
Nós decidimos reproduzir uma lista
divertida delas, a qual você pode usar como um guia prático ao
engajar-se num civilizado processo de discussão online.
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Espantalho
Você desvirtuou um argumento para torná-lo mais fácil de atacar.
Ao exagerar, desvirtuar ou simplesmente
inventar um argumento de alguém, fica bem mais fácil apresentar a sua
posição como razoável ou válida. Este tipo de desonestidade não apenas
prejudica o discurso racional, como também prejudica a própria posição
de alguém que o usa, por colocar em questão a sua credibilidade – se
você está disposto a desvirtuar negativamente o argumento do seu
oponente, será que você também não desvirtuaria os seus positivamente?
Exemplo: Depois de
Felipe dizer que o governo deveria investir mais em saúde e educação,
Jader respondeu dizendo estar surpreso que Felipe odeie tanto o Brasil, a
ponto de querer deixar o nosso país completamente indefeso, sem verba
militar.
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Causa Falsa
Você supôs que uma relação real ou percebida entre duas coisas significa que uma é a causa da outra.
Uma variação dessa falácia é a “cum hoc ergo propter hoc”
(com isto, logo por causa disto), na qual alguém supõe que, pelo fato
de duas coisas estarem acontecendo juntas, uma é a causa da outra. Este
erro consiste em ignorar a possibilidade de que possa haver uma causa em
comum para ambas, ou, como mostrado no exemplo abaixo, que as duas
coisas em questão não tenham absolutamente nenhuma relação de causa, e a
sua aparente conexão é só uma coincidência.
Outra variação comum é a falácia “post hoc ergo propter hoc”
(depois disto, logo por causa disto), na qual uma relação causal é
presumida porque uma coisa acontece antes de outra coisa, logo, a
segunda coisa só pode ter sido causada pela primeira.
Exemplo: Apontando
para um gráfico metido a besta, Rogério mostra como as temperaturas têm
aumentado nos últimos séculos, ao mesmo tempo em que o número de piratas
têm caído; sendo assim, obviamente, os piratas é que ajudavam a
resfriar as águas, e o aquecimento global é uma farsa.
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Apelo à emoção
Você tentou manipular uma resposta emocional no lugar de um argumento válido ou convincente.
Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre outros.
É importante dizer que às vezes um
argumento logicamente coerente pode inspirar emoção, ou ter um aspecto
emocional, mas o problema e a falácia acontecem quando a emoção é usada
no lugar de um argumento lógico. Ou, para tornar menos claro o fato de
que não existe nenhuma relação racional e convincente para justificar a
posição de alguém.
Exceto os sociopatas, todos são afetados
pela emoção, por isso apelos à emoção são uma tática de argumentação
muito comum e eficiente. Mas eles são falhos e desonestos, com tendência
a deixar o oponente de alguém justificadamente emocional.
Exemplo: Lucas não
queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado picado, mas seu
pai o lembrou de todas as crianças famintas de algum país de terceiro
mundo que não tinham a sorte de ter qualquer tipo de comida.
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A falácia da falácia
Supor que uma afirmação está necessariamente errada só porque ela não foi bem construída ou porque uma falácia foi cometida.
Há poucas coisas mais frustrantes do que
ver alguém argumentar de maneira fraca alguma posição. Na maioria dos
casos um debate é vencido pelo melhor debatedor, e não necessariamente
pela pessoa com a posição mais correta. Se formos ser honestos e
racionais, temos que ter em mente que só porque alguém cometeu um erro
na sua defesa do argumento, isso não necessariamente significa que o
argumento em si esteja errado.
Exemplo: Percebendo
que Amanda cometeu uma falácia ao defender que devemos comer alimentos
saudáveis porque eles são populares, Alice resolveu ignorar a posição de
Amanda por completo e comer Whopper Duplo com Queijo no Burger King
todos os dias.
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Ladeira Escorregadia
Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça A fará com que aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.
O problema com essa linha de raciocínio é
que ela evita que se lide com a questão real, jogando a atenção em
hipóteses extremas. Como não se apresenta nenhuma prova de que tais
hipóteses extremas realmente ocorrerão, esta falácia toma a forma de um
apelo à emoção do medo.
Exemplo: Armando
afirma que, se permitirmos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, logo
veremos pessoas se casando com seus pais, seus carros e seus macacos
Bonobo de estimação.
Exemplo 2: a explicação feita após o terceiro subtítulo – “O voto divergente do ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira escorregadia” – deste texto sobre aborto. Vale a leitura.
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Ad hominem
Você ataca o caráter ou traços pessoais do seu oponente em vez de refutar o argumento dele.
Ataques ad hominem podem assumir a forma
de golpes pessoais e diretos contra alguém, ou mais sutilmente jogar
dúvida no seu caráter ou atributos pessoais. O resultado desejado de um
ataquead hominem é prejudicar o oponente de alguém sem precisar de fato se engajar no argumento dele ou apresentar um próprio.
Exemplo: Depois de
Salma apresentar de maneira eloquente e convincente uma possível reforma
do sistema de cobrança do condomínio, Samuel pergunta aos presentes se
eles deveriam mesmo acreditar em qualquer coisa dita por uma mulher que
não é casada, já foi presa e, pra ser sincero, tem um cheiro meio
estranho.
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Tu quoque (você também)
Você evitar ter que se engajar em críticas virando as próprias críticas contra o acusador – você responde críticas com críticas.
Esta falácia, cuja tradução do latim é
literalmente “você também”, é geralmente empregada como um mecanismo de
defesa, por tirar a atenção do acusado ter que se defender e mudar o
foco para o acusador.
A implicação é que, se o oponente de
alguém também faz aquilo de que acusa o outro, ele é um hipócrita.
Independente da veracidade da contra-acusação, o fato é que esta é
efetivamente uma tática para evitar ter que reconhecer e responder a uma
acusação contida em um argumento – ao devolver ao acusador, o acusado
não precisa responder à acusação.
Exemplo: Nicole
identificou que Ana cometeu uma falácia lógica, mas, em vez de retificar
o seu argumento, Ana acusou Nicole de ter cometido uma falácia
anteriormente no debate.
Exemplo 2: O
político Aníbal Zé das Couves foi acusado pelo seu oponente de ter
desviado dinheiro público na construção de um hospital. Aníbal não
responde a acusação diretamente e devolve insinuando que seu oponente
também já aprovou licitações irregulares em seu mandato.
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Incredulidade pessoal
Você considera algo difícil de entender, ou não sabe como funciona, por isso você dá a entender que não seja verdade.
Assuntos complexos como evolução
biológica através de seleção natural exigem alguma medida de
entendimento sobre como elas funcionam antes que alguém possa
entendê-los adequadamente; esta falácia é geralmente usada no lugar
desse entendimento.
Exemplo: Henrique
desenhou um peixe e um humano em um papel e, com desdém efusivo,
perguntou a Ricardo se ele realmente pensava que nós somos babacas o
bastante para acreditar que um peixe acabou evoluindo até a forma humana
através de, sei lá, um monte de coisas aleatórias acontecendo com o
passar dos tempos.
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Alegação especial
Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a estarem errados.
Em vez de aproveitar os benefícios de
poder mudar de ideia graças a um novo entendimento, muitos inventarão
modos de se agarrar a velhas crenças. Uma das maneiras mais comuns que
as pessoas fazem isso é pós-racionalizar um motivo explicando o porque
aquilo no qual elas acreditavam ser verdade deve continuar sendo
verdade.
É geralmente bem fácil encontrar um
motivo para acreditar em algo que nos favorece, e é necessária uma boa
dose de integridade e honestidade genuína consigo mesmo para examinar
nossas próprias crenças e motivações sem cair na armadilha da
auto-justificação.
Exemplo: Eduardo
afirma ser vidente, mas quando as suas “habilidades” foram testadas em
condições científicas apropriadas, elas magicamente desapareceram. Ele
explicou, então, que elas só funcionam para quem tem fé nelas.
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Pergunta carregada
Você faz uma pergunta que tem uma afirmação embutida, de modo que ela não pode ser respondida sem uma certa admissão de culpa.
Falácias desse tipo são particularmente
eficientes em descarrilar discussões racionais, graças à sua natureza
inflamatória – o receptor da pergunta carregada é compelido a se
justificar e pode parecer abalado ou na defensiva. Esta falácia não
apenas é um apelo à emoção, mas também reformata a discussão de forma
enganosa.
Exemplo: Graça e
Helena estavam interessadas no mesmo homem. Um dia, enquanto ele estava
sentado próximo suficiente a elas para ouvir, Graça pergunta em tom de
acusação: “como anda a sua rehabilitação das drogas, Helena?”
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Ônus da prova
Você espera que outra pessoa prove que você está errado, em vez de você mesmo provar que está certo.
O ônus (obrigação) da prova está sempre
com quem faz uma afirmação, nunca com quem refuta a afirmação. A
impossibilidade, ou falta de intenção, de provar errada uma afirmação
não a torna válida, nem dá a ela nenhuma credibilidade.
No entanto, é importante estabelecer que
nunca podemos ter certeza de qualquer coisa, portanto devemos valorizar
cada afirmação de acordo com as provas disponíveis. Tirar a importância
de um argumento só porque ele apresenta um fato que não foi provado sem
sombra de dúvidas também é um argumento falacioso.
Exemplo: Beltrano
declara que uma chaleira está, nesse exato momento, orbitando o Sol
entre a Terra e Marte e que, como ninguém pode provar que ele está
errado, a sua afirmação é verdadeira.
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Ambiguidade
Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade de modo enganoso.
Políticos frequentemente são culpados de
usar ambiguidade em seus discursos, para depois, se forem questionados,
poderem dizer que não estavam tecnicamente mentindo. Isso é qualificado
como uma falácia, pois é intrinsecamente enganoso.
Exemplo: Em um
julgamento, o advogado concorda que o crime foi desumano. Logo, tenta
convencer o júri de que o seu cliente não é humano por ter cometido tal
crime, e não deve ser julgado como um humano normal.
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Falácia do apostador
Você diz que “sequências”
acontecem em fenômenos estatisticamente independentes, como rolagem de
dados ou números que caem em uma roleta.
Esta falácia de aceitação comum é
provavelmente o motivo da criação da grande e luminosa cidade no meio de
um deserto americano chamada Las Vegas.
Apesar da probabilidade geral de uma
grande sequência do resultado desejado ser realmente baixa, cada lance
do dado é, em si mesmo, inteiramente independente do anterior. Apesar de
haver uma chance baixíssima de um cara-ou-coroa dar cara 20 vezes
seguidas, a chance de dar cara em cada uma das vezes é e sempre será de
50%, independente de todos os lances anteriores ou futuros.
Exemplo: Uma roleta
deu número vermelho seis vezes em sequência, então Gregório teve quase
certeza que o próximo número seria preto. Sofrendo uma forma econômica
de seleção natural, ele logo foi separado de suas economias.
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Ad populum
Você apela para a popularidade
de um fato, no sentido de que muitas pessoas fazem/concordam com aquilo,
como uma tentativa de validação dele.
A falha nesse argumento é que a
popularidade de uma ideia não tem absolutamente nenhuma relação com a
sua validade. Se houvesse, a Terra teria se feito plana por muitos
séculos, pelo simples fato de que todos acreditavam que ela era assim.
Exemplo: Luciano,
bêbado, apontou um dedo para Jão e perguntou como é que tantas pessoas
acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba. Jão,
por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e afirmou que
já que tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato
existirem é grande.
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Apelo à autoridade
Você usa a sua posição como figura ou instituição de autoridade no lugar de um argumento válido. (A popular “carteirada”.)
É importante mencionar que, no que diz
respeito a esta falácia, as autoridades de cada campo podem muito bem
ter argumentos válidos, e que não se deve desconsiderar a experiência e
expertise do outro.
Para formar um argumento, no entanto,
deve-se defender seus próprios méritos, ou seja, deve-se saber por que a
pessoa em posição de autoridade tem aquela posição. No entanto, é
claro, é perfeitamente possível que a opinião de uma pessoa ou
instituição de autoridade esteja errada; assim sendo, a autoridade de
que tal pessoa ou instituição goza não tem nenhuma relação intrínseca
com a veracidade e validade das suas colocações.
Exemplo: Impossibilitado
de defender a sua posição de que a teoria evolutiva “não é real”,
Roberto diz que ele conhece pessoalmente um cientista que também
questiona a Evolução e cita uma de suas famosas falas.
Exemplo 2: Um
professor de matemática se vê questionado de maneira insistente por um
aluno especialmente chato. Lá pelas tantas, irritado após cometer um
deslize em sua fala, o professor argumenta que tem mestrado
pós-doutorado e isso é mais do que suficiente para o aluno confiar nele.
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Composição/Divisão
Você implica que uma parte de algo deve ser aplicada a todas, ou outras, partes daquilo.
Muitas vezes, quando algo é verdadeiro
em parte, isso também se aplica ao todo, mas é crucial saber se existe
evidência de que este é mesmo o caso.
Já que observamos consistência nas
coisas, o nosso pensamento pode se tornar enviesado de modo que
presumimos consistência e padrões onde eles não existem.
Exemplo: Daniel era
uma criança precoce com uma predileção por pensamento lógico. Ele sabia
que átomos são invisíveis, então logo concluiu que ele, por ser feito
de átomos, também era invisível. Nunca foi vitorioso em uma partida de
esconde-esconde.
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Nenhum escocês de verdade…
Você faz o que pode ser chamado de apelo à pureza como forma de rejeitar críticas relevantes ou falhas no seu argumento.
Nesta forma de argumentação falha, a
crença de alguém é tornada infalsificável porque, independente de quão
convincente seja a evidência apresentada, a pessoa simplesmente move a
situação de modo que a evidência supostamente não se aplique a um
suposto “verdadeiro” exemplo. Esse tipo de pós-racionalização é um modo
de evitar críticas válidas ao argumento de alguém.
Exemplo: Angus
declara que escoceses não colocam açúcar no mingau, ao que Lachlan
aponta que ele é um escocês e põe açúcar no mingau. Furioso, como um
“escocês de verdade”, Angus berra que nenhum escocês de verdade põe
açúcar no seu mingau.
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Genética
Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua origem.
Esta falácia evita o argumento ao levar o foco às origens de algo ou alguém. É similar à falácia ad hominem no
sentido de que ela usa percepções negativas já existentes para fazer
com que o argumento de alguém pareça ruim, sem de fato dissecar a falta
de mérito do argumento em si.
Exemplo: Acusado no
Jornal Nacional de corrupção e aceitação de propina, o senador disse
que devemos ter muito cuidado com o que ouvimos na mídia, já que todos
sabemos como ela pode não ser confiável.
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Preto-ou-branco
Você apresenta dois estados alternativos como sendo as únicas possibilidades, quando de fato existem outras.
Também conhecida como falso dilema,
esta tática aparenta estar formando um argumento lógico, mas sob
análise mais cuidadosa fica evidente que há mais possibilidades além das
duas apresentadas.
O pensamento binário da falácia
preto-ou-branco não leva em conta as múltiplas variáveis, condições e
contextos em que existiriam mais do que as duas possibilidades
apresentadas. Ele molda o argumento de forma enganosa e obscurece o
debate racional e honesto.
Exemplo: Ao
discursar sobre o seu plano para fundamentalmente prejudicar os direitos
do cidadão, o Líder Supremo falou ao povo que ou eles estão do lado dos
direitos do cidadão ou contra os direitos.
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Tornando a questão supostamente óbvia
Você apresenta um argumento circular no qual a conclusão foi incluída na premissa.
Este argumento logicamente incoerente
geralmente surge em situações onde as pessoas têm crenças bastante
enraizadas, e por isso consideradas verdades absolutas em suas mentes.
Racionalizações circulares são ruins principalmente porque não são muito
boas.
Exemplo: A Palavra
do Grande Zorbo é perfeita e infalível. Nós sabemos disso porque diz
aqui no Grande e Infalível Livro das Melhores e Mais Infalíveis Coisas
do Zorbo Que São Definitivamente Verdadeiras e Não Devem Nunca Serem
Questionadas.
Exemplo 2: O plano estratégico de marketing é o melhor possível, foi assinado pelo Diretor Bam-bam-bam.
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Apelo à natureza
Você argumenta que só porque algo é “natural”, aquilo é válido, justificado, inevitável ou ideal.
Só porque algo é natural, não significa
que é bom. Assassinato, por exemplo, é bem natural, e mesmo assim a
maioria de nós concorda que não é lá uma coisa muito legal de você sair
fazendo por aí. A sua “naturalidade” não constitui nenhum tipo de
justificativa.
Exemplo: O
curandeiro chegou ao vilarejo com a sua carroça cheia de remédios
completamente naturais, incluindo garrafas de água pura muito especial.
Ele disse que é natural as pessoas terem cuidado e desconfiarem de
remédios “artificiais”, como antibióticos.
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Anedótica
Você usa uma experiência pessoal ou um exemplo isolado em vez de um argumento sólido ou prova convincente.
Geralmente é bem mais fácil para as
pessoas simplesmente acreditarem no testemunho de alguém do que entender
dados complexos e variações dentro de um continuum.
Medidas quantitativas científicas são
quase sempre mais precisas do que percepções e experiências pessoais,
mas a nossa inclinação é acreditar naquilo que nos é tangível, e/ou na
palavra de alguém em quem confiamos, em vez de em uma realidade
estatística mais “abstrata”.
Exemplo: José disse
que o seu avô fumava, tipo, 30 cigarros por dia e viveu até os 97 anos —
então não acredite nessas meta análises que você lê sobre estudos
metodicamente corretos provando relações causais entre cigarros e
expectativa de vida.
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O atirador do Texas
Você escolhe muito bem um padrão
ou grupo específico de dados que sirva para provar o seu argumento sem
ser representativo do todo.
Esta falácia de “falsa causa” ganha seu
nome partindo do exemplo de um atirador disparando aleatoriamente contra
a parede de um galpão, e, na sequência, pintando um alvo ao redor da
área com o maior número de buracos, fazendo parecer que ele tem ótima
pontaria.
Grupos específicos de dados como esse
aparecem naturalmente, e de maneira imprevisível, mas não
necessariamente indicam que há uma relação causal.
Exemplo: Os
fabricantes do bebida gaseificada Cocaçúcar apontam pesquisas que
mostram que, dos cinco países onde a Cocaçúcar é mais vendida, três
estão na lista dos dez países mais saudáveis do mundo, logo, Cocaçúcar é
saudável.
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Meio-termo
Você declara que uma posição central entre duas extremas deve ser a verdadeira.
Em muitos casos, a verdade realmente se
encontra entre dois pontos extremos, mas isso pode enviezar nosso
pensamento: às vezes uma coisa simplesmente não é verdadeira, e um meio
termo dela também não é verdadeiro. O meio do caminho entre uma verdade e
uma mentira continua sendo uma mentira.
Exemplo: Mariana
disse que a vacinação causou autismo em algumas crianças, mas o seu
estudado amigo Calebe disse que essa afirmação já foi derrubada como
falsa, com provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu um meio-termo:
talvez as vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.
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Apelo ao ridículo
Ridicularizar um argumento como forma de derrubá-lo.
Exemplo: Se a teoria da evolução fosse verdadeira, significaria que o seu tataravô seria um gorila
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Apelo à força
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Exemplo: Acredite no que eu digo, não se esqueça de quem é que paga o seu salário.
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Apelo à riqueza
Essa falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Exemplo: O Barão é um homem vivido e conhece como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de ser.
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Argumentum ad lapidem:
Desqualificar uma afirmação como absurda, mas sem provas.
Exemplo: João, ministro da educação, é acusado de corrupção e defende-se dizendo: ‘Esta acusação é um disparate’.
Baseado em quê?
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Repetição nauseante
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que, quanto mais se diz algo, mais correto está.
Exemplo: Se Joãozinho diz tanto que sua ex-namorada é uma mentirosa, então ela é.
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Causa diminuta
Apontar uma causa irrelevante.
Exemplo: Vocês discutem quem tem direito ao título de “doutor”, enquanto tem gente passando fome.
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BÔNUS: Teoria irrefutável
Informar um argumento com uma hipótese que não pode ser testada.
Exemplo 1: Ganhei na loteria porque estava escrito no livro do destino.
Exemplo 2: Tal teoria científica não pode estar errada porque já foi comprovada, logo, não pode ser mais testada.
VIA: AnonFUEL
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