Plano de reduzir emissão de gazes de efeito estufa em 43% é bom
Anunciadas
neste domingo (27) pela presidente Dilma Rousseff na ONU, as metas do
Brasil para tentar frear o aquecimento global são positivas, segundo
ambientalistas ouvidos pela BBC Brasil. Dilma apresentou em Nova
York o INDC do Brasil. A sigla designa os compromissos voluntários de
cada país a serem levados à conferência da ONU em Paris, em dezembro,
quando se buscará um acordo global contra as mudanças climáticas.
Entre
os principais objetivos divulgados está o de reduzir em 37% as emissões
de gases causadores do efeito estufa entre 2005 e 2025 e em 43% até
2030.
Roberto Stuckert Filho/Presidência da República - 27.9.15
Presidente Dilma Rousseff durante coletiva de imprensa na ONU
Para Carlos Rittl, secretário-executivo do
Observatório do Clima (rede que reúne ONGs ambientalistas), a meta
brasileira é uma das mais ambiciosas apresentadas até agora.
"O
Brasil deixou o discurso de que somos um país em
desenvolvimento e temos o direito de não poluir.." Segundo Rittl, o Brasil é a primeira grande economia
emergente a adotar uma meta absoluta de redução de emissões para toda a
economia. Ele diz, no entanto, que os números estão abaixo
das possibilidades do país e das necessidades do mundo para limitar o
aquecimento da atmosfera em até dois graus Celsius. Rittl também afirmou que o governo ainda precisa definir
o que a redução significa em toneladas de CO2.
Demandas antigas A
proposta brasileira para reduzir emissões no setor agropecuário também
foi bem recebida. Dilma anunciou que o Brasil recuperará 15 milhões de
hectares de pastagens degradadas e conciliará atividades de lavoura e
pecuária com a preservação florestal em 5 milhões de hectares.
Marina Piatto, da ONG Imaflora, diz que o compromisso
de restauração quase cumpre a demanda prevista pelo Código Florestal,
antiga bandeira dos ambientalistas.
Segundo ela, a
integração de lavoura, pecuária e florestas também é positiva e fixa
muito carbono que, de outra maneira, seria emitido na atmosfera.
Outros
itens da proposta brasileira geraram reações
entusiasmadas. Carlos Rittl diz que não houve novidades na meta de
restaurar 12 milhões de hectares de floresta e que o governo não deixou
claro se a recuperação se dará apenas com mata nativa ou poderá ser
feita com espécies exóticas, como eucalipto.
Embora
também absorvam carbono, plantações de eucalipto não são comparáveis a
matas nativas em termos de biodiversidade, afirma Rittl.
Ele
diz ainda que, mesmo que o governo recupere 12 milhões de hectares de
florestas, o número é a metade das áreas privadas ilegalmente desmatadas
que precisariam ser reflorestadas segundo o Código Florestal.
Outra
meta conservadora e que ainda precisa ser esclarecida, segundo Rittl, é
a de zerar o desmatamento ilegal. Dilma disse que a meta será atingida
até 2030, mas um documento divulgado pelo governo cita 2025 como prazo.
PR
Plano inclui ampliar para 23% a fatia da fontes renováveis (como a eólica) na produção de energia
Alinhamento com políticas públicas
A
proposta para reduzir emissões na geração elétrica também foi bem recebida por ambientalistas. Para Ricardo Baitelo, coordenador de
Clima e Energia do Greenpeace, as metas de ampliar o uso das energias
solar, eólica e de biomassa estão ao nível do ritmo de contratação deste
ano.
Para conseguir cumprir os objetivos
anunciados em Nova York, o governo terá de alinhá-los com as políticas
que regem os investimentos no setor energético, entre os quais o Plano
Decenal de Energia, que vigora até 2024. Hoje, diz Baitelo, o
plano decenal prevê um percentual menor de participação de fontes
renováveis e biocombustíveis na matriz energética que o anunciado por
Dilma. As políticas atuais para o etanol, segundo ele, também conflitam com os objetivos recém-apresentados. "Precisamos
não só de um alinhamento quanto aos números propostos, mas de políticas
públicas que permitam concretizar as ambições."
Nenhum comentário:
Postar um comentário